Apesar de pensarmos no tornozelo como uma única articulação, ele é na verdade constituído por duas articulações.
Uma superior, em que articulam o perónio pela parte
externa do tornozelo, a
tíbia na parte interna do tornozelo
e o talus
(astrágalo) debaixo deles. E outra inferior, constituída pelo tálus acima e pelo calcâneo (osso do calcanhar) abaixo. Em conjunto são responsáveis pelos movimentos de flexão/extensão e inclinação para fora/dentro do pé, respectivamente.
Existem vários tipos de fractura do tornozelo, que variam em gravidade,
localização e tipo de tratamento:
Weber Tipo A: fracturas localizadas abaixo da linha
média do tornozelo.
Weber tipo A1
- fractura isolada do maléolo lateral (perónio)
Weber tipo A2
- há também uma fractura do maléolo medial (tíbia)
Weber tipo A3
- há também uma fractura posteromedial (astrágalo)
O mecanismo de
lesão é a rotação interna (inversão) e adução. Se se tratar de uma fractura por
avulsão do perónio, sem lesão medial, em que se manteve o alinhamento entre os
topos ósseos poderá ser tratada apenas com imobilização gessada (4-8 semanas). Fracturas
com deslocamento ósseo ou com lesão medial têm indicação cirúrgica, para
aplicação de material de fixação.
Weber Tipo B: fracturas localizadas na linha média do
tornozelo
Weber tipo B1
- fractura isolada do maléolo lateral
Weber tipo B2
- há também uma lesão medial (fractura do maléolo medial ou lesão do ligamento
deltóide)
Weber tipo B3
- há também uma lesão medial e uma fractura posterolateral da tíbia
O mecanismo de
lesão é a rotação externa (eversão) com um pé virado para fora. Estas fracturas
podem ser instáveis. Fracturas Weber tipo B estáveis podem ter indicação para o
tratamento conservador, no entanto a maioria tem indicação cirúrgica.
Weber Tipo C: fracturas localizadas acima da linha
média do tornozelo
Weber Tipo C1
- há uma fractura simples da diáfise do perónio
Weber Tipo C2
- há uma fractura complexa diafisária do perónio
Weber tipo C3
- há uma fractura proximal do perónio
Mecanismo de
lesão é a adução ou abdução do pé combinada com rotação externa (eversão).
Estas fracturas são geralmente instáveis, exigindo intervenção cirúrgica.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
- A dor intensa no local da fractura, que em alguns casos, pode estender-se até ao joelho
- Significativo edema, que se pode estender pela perna ou ser mais localizado
- Flictenas (bolhas com liquido seroso ou sanguíneo) podem ocorrer no local da fractura
- Hematoma desenvolve-se logo após a lesão
- Incapacidade para caminhar. No entanto, é possível caminhar com fracturas menos graves, pelo que não se deve confiar na capacidade em andar para descartar uma fractura
- Osso saliente sob a pele é um sinal de que é necessário atendimento médico imediato.
É essencial uma boa avaliação clínica do pé e tornozelo
para ajudar no diagnóstico de uma fractura do tornozelo. Um raio-X é
geralmente necessário para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da
lesão.
Tratamento
O
tratamento em fisioterapia, imediatamente após a lesão e enquanto o diagnóstico
não está confirmado, consiste e controlar os sinais inflamatórios, através de:
Descanso: Evite caminhar ou
estar muito tempo de pé. Se tiver de o fazer utilize canadianas. Andar a pé pode significar um agravamento da sua lesão.
Gelo: Aplique uma
compressa de gelo na área lesada,
colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
Compressão: um pé elástico pode ser usado para controlar o inchaço.
Elevação: O pé deve ser elevado um pouco acima do nível do seu coração para reduzir o inchaço.
No período após a imobilização
gessada deve ser iniciado um programa de fisioterapia para recuperação da
mobilidade e força muscular. As técnicas que revelam maior eficácia nesta
condição:
- Exercícios para melhorar a flexibilidade, força e equilíbrio (progredindo na quantidade de carga suportada pelo tornozelo afectado)
- Electroestimulação neuromuscular (ENM) e neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS)
- A aplicação de calor antes dos exercícios para aumentar a irrigação sanguínea e de gelo no final para prevenir sinais inflamatórios.
- Mobilização articular.
- Educação do paciente e plano de retorno gradual à actividade.
Exercícios terapêuticos para as fracturas do tornozelo
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos
após a confirmação de que as fracturas estão
consolidadas. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Flexão/extensão do pé
Deitado, com o
calcanhar fora da cama, puxe a ponta do pé e dedos para si, depois empurre pé e
dedos para baixo.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Extensão resistida do pé
Sentado com
a perna esticada e o elástico na ponta do pé. Empurre o elástico para a frente,
depois deixe o pé regressar lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 e 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Eversão resistida do pé
Puxe a ponta
do pé para si e rode a planta do pé para fora. Retorne lentamente à posição
inicial.
Repita entre
8 e 12 vezes, desde que não desperte os sintomas.
Antes de iniciar estes exercícios você deve
sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
Gorodetskyi IG, Gorodnichenko AI, Tursin
PS, Reshetnyak VK, Uskov ON. Use of noninvasive interactive neurostimulation to
improve short-term recovery in patients with surgically repaired bimalleolar
ankle fractures: a prospective, randomized clinical trial. J Foot Ankle Surg.
2010 Sep-Oct;49(5):432-7.
Lloyd JM, Martin R, Rajagopolan S, Zieneh N, Hartley R. An innovative
and cost-effective way of managing ankle fractures prior to surgery--home
therapy. Ann R Coll Surg Engl. 2010 Oct;92(7):615-8.
Small K. Ankle sprains and fractures in adults. Orthop Nurs. 2009
Nov-Dec;28(6):314-20.
5 comentários:
Dr boa noite
Sofri uma fratura bimaleolar e passei por cirurgia há 40 dias para colocação de pinos e parafuso sindesmose.Agora , esta semana tive retorno ao médico que autorizou usar robofoot e pisar de leve no chão com muleta.Acontece que não estou conseguindo encaixar meu tornozelo no fundo da bota , por que meu pé esta travado na posição equino. estou com medo de força-lo. Como fazet?
Dia 07/12/2015 fiz cirurgia de fratura bimaleolar do tornozelo direito. Ainda em repouso sinto dor intensa e peso enorme ao colocar a perna pra baixo pra levantar. Isso é normal ou será problema da circulação sanguínea.
Caro inhacel,
Como vê no artigo existem vários tipos de fraturas no tornozelo, pelo que só o cirurgião que o acompanhou saberá que tempos de repouso deve respeitar, e deve respeita-los criteriosamente. Relativamente a dores é frequente ter alguma dor nestas situações, mas se forem em intensidade que perturbe a sua normal vida diária (perturbe o sono p.ex.) ou venham acompanhadas de sintomas inflamatórios, como calor, inchaço, vermelhidão no local da lesão deve contactar o seu médico a fim de adequar a medicação que está a tomar.
Atentamente
João Maia
Caro inhacel,
Como vê no artigo existem vários tipos de fraturas no tornozelo, pelo que só o cirurgião que o acompanhou saberá que tempos de repouso deve respeitar, e deve respeita-los criteriosamente. Relativamente a dores é frequente ter alguma dor nestas situações, mas se forem em intensidade que perturbe a sua normal vida diária (perturbe o sono p.ex.) ou venham acompanhadas de sintomas inflamatórios, como calor, inchaço, vermelhidão no local da lesão deve contactar o seu médico a fim de adequar a medicação que está a tomar.
Atentamente
João Maia
Fraturei o fémur e estou com dificuldades de dobrar a perna, oque faço?
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