quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Doença de Osgood-Schlatter


A doença de Osgood-Schlatter é uma das causas mais comuns de dor no joelho do adolescente. Provoca dor e edema na inserção tibial do tendão rotuliano a doença de Osgood-Schlatter é geralmente benigna, e é causada pela tensão constante e repetida do tendão rotuliano sobre a sua inserção óssea na tibial (logo abaixo do joelho).
Esta lesão é mais frequente em jovens muito activos, e em atletas adolescentes, geralmente entre os 10 e os 15 anos. É comum em desportos como o futebol, o basquetebol e voleibol, e afecta mais os rapazes. Pensa-se que isto se deve aos microtraumas causados pelo excesso de uso e aplicados antes da zona de crescimento ósseo estar consolidada, o que provoca um crescimento anormal da tuberosidade tibial, a zona onde se insere o tendão rotuliano.
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Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor, inchaço e / ou sensibilidade abaixo do joelho, que geralmente piora durante a atividade física
  • Uma saliência sólida e dolorosa, logo abaixo do joelho, que é sensível ao toque

Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica detalhada e exame do joelho são geralmente suficientes para diagnosticar a doença de Osgood-Shlatter. Um raio-X pode ser pedido para confirmar o diagnóstico e descartar a hipótese de uma lesão mais grave.
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Tratamento

                O tratamento, numa fase inicial, em que existe dor e sinais inflamatórios, consiste em:
  • Descanso: Evitar fazer longas caminhadas e parar o desporto que provocou os sintomas durante 2 a 4 semanas. Poderá praticar desportos sem impacto ao solo, como natação ou ciclismo.
  • Gelo: Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente. Pode repetir 2 a 3 vezes por dia.
  • Analgésicos e anti-inflamatórios não-esteróides (AINEs) podem ser prescritos pelo médico para o alívio da dor e redução da inflamação local.

Nos casos mais graves pode ser indicado o uso de uma tala ou ligadura no joelho, que limite o movimento, durante algumas semanas, de forma a dar tempo para o osso recuperar.
Numa fase sub-aguda, em que já não se verificam sinais inflamatórios ou dor, deve ser retomada gradualmente a actividade desportiva. O tratamento em fisioterapia deve incluir:
Exercícios para melhorar a flexibilidade (principalmente do quadricípite e dos isquiotibiais) a força e o equilíbrio muscular entre os músculos da perna.
Reeducação do gesto desportivo. Pode ser aconselhada a massagem com um cubo de gelo sobre a zona da lesão (3 a 5 minutos) depois das primeiras sessões de treino.
Fortalecimento excêntrico dos músculos da coxa e treino proprioceptivo.
Na maioria dos casos o tratamento conservador é suficiente, mas para casos reincidentes o tratamento cirúrgico pode ser indicado. Na maior parte das vezes a cirurgia não resolve o problema na totalidade, mas pode melhorar significativamente os sintomas.

Exercícios terapêuticos para a doença de Osgood-Schlatter
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação da doença de Osgood-Schatter. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.


Fortalecimento isométrico do quadicipete
Sentado, com a perna estendida e um rolo sob o joelho. Esprema e o rolo e solte suavemente, enquanto sente a contracção imediatamente acima do joelho.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.






Alongamento do quadricípite
Em pé, apoiado. Agarre no pé da perna a alongar e aproxime-o o mais possível da bacia. Mantenha as costas alinhadas. Mantenha essa posição por 20 segundos.
Repita entre 5 e 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

Antich TJ, Brewster CE. Osgood-schlatter disease: review of literature and physical therapy management. J Orthop Sports Phys Ther. 1985;7(1):5-10.

Doença de Sever


A doença de Sever é uma inflamação da placa de crescimento ósseo do calcâneo, que provoca dor na inserção do tendão de Aquiles. Esta condição ocorre principalmente em crianças activas entre os 8 e os 15 anos, idade em que o osso do calcanhar está totalmente desenvolvido. Quando é aplicado stress repetitivo sobre a placa de crescimento do calcâneo, pode desenvolver-se uma inflamação, que provoca um crescimento anormal do osso (muito parecido com a doença de Osgood Schlatter do joelho). A doença de Sever é a causa mais comum de dor no calcanhar em crianças e é frequentemente associada a um episódio de crescimento rápido. Em 61% dos casos é bilateral, e normalmente a dor piora com a actividade.
O uso excessivo e o stress imposto sobre o osso do calcanhar, devido à prática desportiva intensiva são as principais causas da doença de Sever. Outras potenciais causas incluem a obesidade, uma retracção do tendão de Aquiles, e problemas biomecânicos, como pé plano ou um arco plantar elevado.
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Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor no calcanhar
  • Inicio gradual, insidioso, que piora com o exercício e alivia com o repouso.
  • Sensibilidade à palpação do calcanhar
  • Dificuldade em participar nas actividades usuais, poderá coxear ligeiramente ou usar mais a ponta do pé
  • Ligeiro inchaço do calcanhar
  • Ligeiro alargamento do calcâneo

É essencial uma boa avaliação clínica do pé e tornozelo para ajudar no diagnóstico da doença de Sever. Um raio-X é geralmente necessário para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da lesão.
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Tratamento

A base do tratamento consiste em reduzir as actividades que causam stress repetitivo do calcanhar, como o futebol, a corrida ou outros desportos que envolvam saltos. É importante explicar à criança e aos pais que esta é uma lesão de esforço, comum nas crianças em crescimento, que tem um bom prognóstico, mas que é necessário aliviar um pouco a intensidade dos treinos ou actividades até as estruturas terem tempo de recuperar. Cerca de 85% das crianças voltam ao seu nível normal de actividade ao final de 2 meses.
Gelo: Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente. Repita 2 a 3 vezes por dia, mesmo que não sinta muita dor.
Numa fase inicial pode ser benéfico o uso de uma calcanheira em ambos os sapatos (com cerca de 1 cm de espessura). Isto fará com que a pressão sobre o tendão de Aquiles diminua, no entanto a sua utilização não deve ser prolongada, para não correr o risco de um encurtamento adaptativo do tendão.
Fisioterapia:
  • Alongamento regular dos gémeos, desde que não provoque dor
  • Massagem de relaxamento dos músculos afectados
  • Progressivamente devem ser introduzidos exercícios de fortalecimento dos músculos da perna.
  • Nos primeiros treinos depois do tratamento é fundamental o aquecimento com uma caminhada, numa inferior a 10 minutos.

Apesar de ser relativamente fácil de resolver existe uma probabilidade considerável de a lesão reaparecer se a criança voltar a colocar o calcanhar sob demasiado stress, isto até aos 15-16 anos, em que o problema desaparece definitivamente devido ao final da fase de crescimento.

Exercícios terapêuticos para a doença de Sever

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação da doença de Sever. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.



Alongamento dos gémeos
De pé, com as mãos ao nível dos ombros apoiadas na parede. Colocar a perna a alongar esticada e atrás, dobrar à frente o joelho da outra perna, com as costas alinhadas. Mantenha essa posição por 20 segundos.
Repita entre 3 a 6 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



Reforço muscular dos gémeos
Em pé, apoiado numa cadeira, coloque-se em pontas dos pés. Desça lentamente até todo o pé apoiar no chão. Repita este movimentos entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.









Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
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Scharfbillig RW, Jones S, Scutter S. Sever's disease--does it effect quality of life? Foot (Edinb). 2009 Mar;19(1):36-43.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Bronquiolite


 A bronquiolite consiste na inflamação dos bronquíolos, as vias mais finas, localizadas no interior dos pulmões, imediatamente antes dos alvéolos pulmunares.
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A bronquiolite é uma doença infecciosa aguda do trato respiratório inferior que ocorre principalmente em crianças, geralmente entre 2 e 6 meses de idade. O diagnóstico clínico baseia-se nos sintomas:
  • Dificuldade em respirar
  • Tosse
  • Dificuldade em dar a alimentação
  • Irritabilidade
  • Sons semelhantes ao “ronronar” de um gato durante a respiração.

Geralmente esta condição deve-se a uma infecção viral dos bronquíolos. O vírus sincicial respiratório (VSR) é o patogénico mais comum, representando 50-90% dos casos. Uma combinação de aumento da produção de muco, restos celulares e edema produz estreitamento e obstrução das já pequenas vias aéreas profundas. É a causa mais comum de internamento hospitalar em bebés.
Outras causas comuns para esta condição são o metapneumovírus humano e o adenovírus. Os factores de risco ambientais e sociais incluem: ter irmãos mais velhos, recorrer a serviços hospitalares, serem fumadores passivos, ambientes com muita gente.
Pensa-se que o aleitamento materno constitui um factor protector para esta e outras condições, pelo que deve ser incentivado.

Sinais e sintomas/ Diagnóstico

Os sintomas iniciais são os de uma infecção viral do trato respiratório superior (ITRS), incluindo rinorreia leve, tosse e febre. Febre maior que 390C é comum. Muitas crianças não terão quaisquer outros sintomas.
Para 40% dos lactentes e crianças jovens que apresentam sintomas do tracto respiratório inferior, tosse e dispneia paroxística desenvolvem-se dentro de 1-2 dias.
Outros sintomas comuns incluem o seguinte: sibilos, cianose, vómitos, irritabilidade e má alimentação.
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Apneias podem ocorrer, especialmente em lactentes jovens.
O pediatra irá avaliar sinais como a taquipneia, taquicardia, febre, cianose e sinais de desidratação. Leve conjuntivite, faringite também devem ser pesquisados. Poderá avaliar também se há evidência de aumento do trabalho respiratório. Chiadeira inspiratória e sibilos agudos expiratórios são considerados duas das principais constatações para o diagnóstico.

Tratamento

Os cuidados primários:
  • A maioria dos lactentes com bronquiolite aguda terá sintomas leves, e a doença pode ser controlada em casa. As medidas de suporte são a base do tratamento, com atenção para a ingestão de bastantes líquidos, nutrição e controlo da temperatura.
  • Os factores de risco, como ambientes com pobre qualidade do ar, imobilização prolongada no leito devem ser reduzidos na medida do possível.
  • Sempre que a temperatura esteja controlada, exercícios respiratórios e de expansibilidade torácica poderão ser tentados de forma a mobilizar as secreções para vias respiratórias mais proximais.
  • A acção médica nesta fase é apenas de controlo dos sintomas e educação dos pais para sinais e sintomas a que devem estar atentos e que representam um agravamento dos sintomas.
  • Para a maioria das crianças, a bronquiolite dura 7-10 dias, com 50% dos casos totalmente assintomáticos ao final de duas semanas e apenas um pequeno subgrupo ainda sintomático ao final de 4 semanas.


Os cuidados secundários: 
  • Mesmo entre as crianças hospitalizadas, os cuidados de suporte primários são a base do tratamento. Geralmente a terapêutica inclui oxigénio e alimentação por sonda nasogástrica, se necessário.
  • Outros tratamentos, como os broncodilatadores, corticosteroides, a solução hipertónica de soro fisiológico e os antibióticos podem ser tentados, no entanto têm demonstrado poucas ou inconsistentes evidências sobre os seus benefícios.


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Exercícios terapêuticos para a bronquiolite
Os seguintes exercícios poderão ser prescritos durante a reabilitação da bronquiolite, dependendo da fase evolutiva em que o paciente se encontra. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.


 Extensão da coluna torácica

Com a criança sentada, procure mobilizar os braços como descrito na imagem.
Repita algumas vezes ao dia, desde que a criança não dê indícios de que lhe esteja a causar desconforto.
  
































Expansão da caixa torácica
Existem várias maneiras de aumentar os movimentos da caixa torácica, melhorando os volumes respiratórios, esta é uma delas. Deve tentar estimular a criança com algum tipo de jogo ou brincadeira, de forma a que ela seja mais participativa.


















Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.



Espinha Bífida


A espinha bífida é uma das malformações que podem ocorrer no tubo neural durante o desenvolvimento embrionário precoce.
Durante o primeiro mês de vida de um embrião, dá-se o crescimento de uma estrutura de tecido primitivo chamado tubo neural. À medida que o embrião se desenvolve, o tubo neural começa a diferenciar-se numa estrutura mais complexa de ossos, tecidos e nervos, que acabará por formar a coluna vertebral e o sistema nervoso.
No entanto, nos casos de espinha bífida, algo de errado acontece durante o desenvolvimento do tubo neural e da coluna vertebral (estrutura óssea que envolve e protege a espinal medula), fazendo com que esta não feche totalmente. Este problema pode ocorrer em qualquer nível da coluna, desde a base do crânio até ao sacro, mas é mais comum na região lombar.
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As espinhas bífidas podem ser classificadas com base no tipo de defeito na coluna em:
  • Espinha bífida oculta: A pele nas costas na zona da deformidade permanece intacta, há um defeito na região posterior do arco ósseo vertebral, mas sem formação de um saco sobrejacente visível. Não há protrusão da medula espinhal ou das suas membranas. Esta é a forma mais comum de espinha bífida e pode afectar até 10% da população. É mais comum na junção lombossacral.
  • Espinha bífida cística: Para além da malformação vertebral observa-se também uma massa cística visível na parte de trás das costas. Esta é uma forma "aberta" da espinha bífida que pode ser subdividida em:
    • Meningocele - há um inchamento cístico da dura-máter e aracnóide que se projecta através do arco vertebral defeituoso. No entanto nenhum tecido neural da coluna vertebral está presente no saco. Pode não haver sintomas/sinais neurológicos.
    • Mielomeningocele – o mesmo que o meningocelo, mas aqui o tecido neural espinhal (espinal medula) faz parte do saco. Excluindo-se espinha bífida oculta, esta é a forma mais comum de espinha bífida.
    • Raquisquise - esta é a forma mais grave de espinha bífida cística. A coluna vertebral está amplamente aberta e a placa neural encontra-se espalhada sobre a superfície. É frequentemente associada com anencefalia.
    • A síndrome de Arnold-Chiari é uma malformação frequentemente associada ao mielomeningocelo. Nesta malformação observa-se uma hipoplasia do cerebelo e deslocamento do cérebro posterior através de um foramen magnum ampliado. O fluxo de líquido cefalorraquidiano (LCR) pode ser interrompido, resultando em hidrocefalia.

As causas para a espinha bífida ainda não são totalmente conhecidas, mas pensa-se que se deve maioritariamente a uma conjugação de factores:
Parece haver uma combinação de susceptibilidade genética com precipitantes ambientais, particularmente a falta de ácido fólico na dieta da mãe num estágio crucial na embriogenese (dias 17-30, quando muitas mães não sabem que estão grávidas e quando o tubo neural se está a formar e a fechar. Aumentar a ingestão de ácido fólico em mães recém-grávidas tem demonstrado reduzir significativamente a incidência de defeitos do tubo neural.
Anormalidades cromossomicas, incluindo trissomia 13 (síndrome de Patau), 18 (síndrome de Edwards) e 21 (síndrome de Down) já foram associadas com defeitos do tubo neural.
Tem sido sugerida uma maior incidência em mães com diabetes e com a ingestão de álcool durante a gravidez.
Uso materno de fármacos para o tratamento da epilepsia.
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Sinais e sintomas/ Diagnóstico

Espinha bífida cística:
  • A hérnia anormal do saco dural e/ou tecido neural geralmente é evidente, quer durante a ecografia pré-natal quer no nascimento.
  • Classicamente, a interrupção da função da medula espinhal provoca disfunção sensorial, paralisia flácida e arreflexia abaixo do nível afectado. Em alternativa pode observar-se a preservação de alguns reflexos distais, que normalmente são exagerados.
  • Em casos de meningocele simples, a hérnia das meninges é muitas vezes coberta por pele de modo que a lesão pode ser mais difícil de detectar.
  • A malformação Arnold-Chiari pode afectar o equilíbrio, coordenação e a marcha, para além de complicações respiratórias. Hidrocefalia, convulsões e função cognitiva prejudicada pode estar presente nestes casos.

Espinha bífida oculta:
É comum e mais difícil de detectar. Normalmente não há consequências a longo prazo ou alterações neurológicas.
Pode não haver nenhum marcador cutâneo, ou pode haver uma anormalidade óbvia ao longo da coluna vertebral, incluindo:
  • Uma área de hiperpigmentação ou hipopigmentação.
  • Aplasia cutânea.
  • Hemangioma capilar/telangiectasia.
  • Hipertricose (um tufo piloso na região da deformação).
  • Uma fenda glútea assimétrica.
  • Assimetria das pernas/pés pode estar presente.
  • Escoliose ou outras deformidades da coluna vertebral podem desenvolver-se.
  • Podem observar-se deficits sensoriais e dificuldades no controlo da função da bexiga e intestinos.
  • Pode haver dor lombar à medida que a criança cresce.


Diagnóstico pré-natal:

Níveis elevados de alfa-fetoproteína (AFP) no soro materno às 16-18 semanas de gestação estão associados a defeitos do tubo neural.
Ecografia de rastreio às 18-20 permite a detecção e diagnóstico de defeitos do tubo neural e é bastante mais específica.
A amniocentese pode ser usada para diferenciar entre malformações abertas da parede ventral e defeitos do tubo neural.

Tratamento

A abordagem multidisciplinar é necessária na gestão de uma criança com espinha bífida. Os objectivos do tratamento são: maximizar a mobilidade, evitar ou amenizar as complicações da espinha bífida (principalmente hidrocefalia), incentivar o desenvolvimento tão normal quanto possível, e ajudar a criança a manter uma vida o mais independente possível.
No momento do parto a enfermeira deve posicionar o recém-nascido com um defeito do tubo neural de barriga para baixo e cobrir a malformação com uma solução salina estéril húmida.
Reparação da malformação:
Cirurgia fetal: há evidências de que a operação para reparar mielomeningocele em fetos que tiveram a condição detectada por ecografia, antes de 25 semanas de gestação, com uma lesão abaixo do nível de L2, reduz a incidência de hidrocefalia. A cirurgia tem o objectivo de reduzir o efeito supostamente nocivo da exposição do tecido do sistema nervoso central ao líquido amniótico. Existe pouca evidência em relação à melhoria na função neurológica.
Nos pacientes em que a cirurgia pré-natal não é indicada, há a necessidade de reparar e fechar a hérnia espinhal, e inserir um dispositivo de desvio ventricular se houver evidência de, ou a probabilidade de, hidrocefalia.
Após o nascimento, e dependendo da gravidade da malformação, a criança deverá ser acompanhada por:
  • Pediatra, na consulta de neurodesenvolvimento.
  • Ortopedista pediátrico, muitas vezes é necessária uma cirurgia para a fusão vertebral. Alterações no quadril, pélvis ou pé/tornozelo também são frequentes.
  • Fisioterapeuta, o treino de adaptação em crianças pode ser muito útil na manutenção da independência e mobilidade.
  • Avaliação e intervenção da terapia ocupacional pode ajudar a maximizar a função.
  • Muitas vezes é necessário um psicológico para o indivíduo e a sua família lidarem com as consequências desta condição à medida que o paciente cresce.
  • Um exame neurológico deve ser feito regularmente, assim como observada a capacidade de controlo dos esfíncteres.

Prognóstico

Com o advento da cirurgia pré-natal, o reparo precoce da mielomeningocele pós-parto, as manobras para evitar hidrocefalia e conduta expectante de complicações, a maioria dos pacientes que nascem com espinha bífida sobrevivem até a idade adulta, com um desenvolvimento intelectual relativamente normal.

Prevenção

A suplementação pré-concepcional com ácido fólico
O ácido fólico também pode ajudar a reduzir a gravidade dos defeitos do tubo neural.
O diagnóstico pré-natal, a cirurgia pré-natal ou a decisão pela interrupção de algumas gravidezes podem reduzir a carga causada pelo elevado grau de incapacidade em muitos destes pacientes

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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Paralisia Cerebral

Não existe uma definição precisa desta condição, devido à paralisia cerebral (PC) não ser um diagnóstico único, mas um termo geral que descreve lesões cerebrais não progressivas que levam a alterações motoras ou posturais que são notadas durante o desenvolvimento inicial da criança.
A PC tem sido descrita como se segue:
"Um grupo de disfunções do desenvolvimento do movimento e postura causando limitação da actividade, e que são atribuídas a distúrbios não progressivos que ocorreram no cérebro durante o desenvolvimento fetal ou infantil. Os distúrbios motores da paralisia cerebral são frequentemente acompanhados por distúrbios da sensação, cognição, comunicação, percepção e/ou comportamento."
A PC é a principal causa de incapacidade na infância afectando a função e desenvolvimento normal da criança. As lesões cerebrais da PC podem ocorrer desde o período fetal ou neonatal até aos 3 anos de idade, pelo que o diagnóstico não pode ser feito antes dessa altura, pois só nessa fase de desenvolvimento o quadro clínico será claro e estável o suficiente. Isto também permite a exclusão de doenças progressivas.
Na maioria dos casos, a causa dos danos ao cérebro não é conhecida. Em muitos casos, pode ser simplesmente um erro na forma como o cérebro se desenvolve. Factores genéticos (hereditários) podem desempenhar um papel em alguns casos. No entanto, alguns factores são conhecidos por aumentar o risco de desenvolver paralisia cerebral:
  • Parto pré-termo (prematuros), em particular, os bebés nascidos antes de 28 semanas de desenvolvimento.
  • Bebés gémeos, trigémeos ou mais.
  • Infecções da mãe grávida, como rubéola e varicela, podem ser uma causa em alguns casos.
  • Icterícia grave no recém-nascido pode ser uma causa.
  • um risco aumentado de ter um filho com paralisia cerebral nas mães que fumam, bebem demasiado álcool, ou consomem drogas, como a cocaína e heroína.

Era habitual pensar-se que problemas com o trabalho de parto seriam uma das principais causas de PC, no entanto, sabe-se agora que isso é falso. Pensa-se que menos de 1 em cada 10 casos são devido a problemas relacionados com o nascimento do bebé, e quando isso acontece a falta grave e prolongada de oxigénio durante o parto é a principal causa.
Alguns casos são causados após o nascimento. Por exemplo, meningite ou outras infecções cerebrais que ocorrem no bebé podem causar danos cerebrais, resultando em PC.
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Sinais e Sintomas/ Diagnóstico

A PC afecta o sistema nervoso central, provocando uma alteração do tónus muscular. Pode tomar a forma de uma alteração leve, moderada ou grave e, geralmente, não piora com o passar do tempo. Os sintomas variam e podem incluir:
  • Músculos tensos (aumento do tónus), causando espasmos e rigidez.
  • Músculos “flácidos” (diminuição do tónus), tornando os membros fracos e moles.
  • Reflexos coordenação e equilíbrio afectados.
  • Padrão de marcha caraterístico
  • Como um guia, uma criança com desenvolvimento normal será normalmente ser capaz de:
  • Manter-se sentada sozinha e sem apoio aos seis meses.
  • Rastejar aos oito meses.
  • Manter-se em pé apoiada aos 12 meses.
  • Caminhar aos 15 meses.

Algumas pessoas com PC também têm deficiência mental (ou seja, atraso ou dificuldades de aprendizagem), convulsões, dificuldades de visão; encurtamento dos membros; curvatura da coluna vertebral (escoliose); problemas dentários; perda auditiva total ou parcial, ou limitações articulares. Não há cura para a PC, mas com o tratamento precoce, a maioria das crianças melhora as suas capacidades de forma significativa.
Quando a criança tiver entre 2-3 anos de idade, o médico pode ser capaz de diagnosticar o tipo de PC que ele ou ela tem. Existem quatro tipos principais:
Espástica:
Na PC espástica, a forma mais comum, há aumento do tónus muscular/rigidez. Pernas, braços e costas estão rígidos e contracturados, tornando o movimento difícil. Se ambas as pernas forem afectadas (diplegia espástica), a tensão muscular faz com que as pernas rodem para dentro e a criança irá cruzar os joelhos ao caminhar. Se apenas um lado do corpo for afectado (hemiplegia espástica), o braço é muitas vezes mais severamente afectado do que a perna. Se todos os quatro membros e o tronco forem afectados (tetraplegia espástica ou total), os músculos da boca e da língua também podem ser afectados.
Atetóide:
Denominados de discinéticos, na PC atetóide observa-se um baixo tónus muscular/relaxamento, levando a movimentos descontrolados de todo o corpo. Pode ser difícil manter-se sentado ou de pé sem ajuda.
Atáxica:
É uma forma rara, a PC atáxica afecta o equilíbrio e a percepção de profundidade. Existe uma pobre coordenação, a marcha é instável e observam-se dificuldades significativas nos movimentos precisos como o uso de uma caneta ou abotoar uma camisa.
Mistas:
Nas PC mistas, existem sintomas da PC espástica e atetóide. Alguns músculos ficam tensos e outros demasiado “relaxados”. Tanto se observa rigidez como movimentos involuntários.

Tratamento

Crianças diagnosticadas com PC devem ser acompanhadas por uma equipa de especialistas que inclui diferentes profissionais de saúde, tais como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e terapeutas da fala. Não há cura para a PC, mas muito pode ser feito para limitar o grau de deficiência que se pode desenvolver no caso de não ser seguido um plano de tratamento.
Fisioterapia
A base do tratamento é fisioterapia. Um dos objectivos principais da fisioterapia é, na medida do possível, prevenir ou limitar a contracturas e deformidades dos membros que podem ocorrer na PC espástica. Um fisioterapeuta pode utilizar várias técnicas, tais como exercícios, treino de mobilidade, órteses (aparelhos, talas, etc), e outros equipamentos. Um fisioterapeuta pode mostrar aos pais e encarregados de educação o posicionamento correcto das articulações e exercícios de alongamento para fazer em casa. Outro objectivo é melhorar a independência da criança, como se vestir, se alimentar, etc.
Medicação
Alguma medicação tem um papel limitado em alguns casos. Por exemplo, injecções de toxina botulínica em conjunto com a fisioterapia são usadas em alguns casos, para relaxar os músculos espásticos. Os músculos mais comummente injectados são os da barriga da perna e os adutores do quadril. O efeito de uma injecção de toxina botulínica dura 3-6 meses. Medicamentos relaxantes musculares, tais como o baclofen, são por vezes usados. Algumas crianças com epilepsia associada necessitam de medicamentos para evitar convulsões.
Cirurgia
Dependendo do tipo e do grau de contractura muscular, uma operação pode ajudar em alguns casos, em algum momento. Por exemplo, uma operação para afrouxar músculos ou para corrigir uma deformidade da articulação. O objectivo é dar mais flexibilidade e controlo dos membros afectados e articulações. A maioria das operações é realizada sobre os músculos em torno dos quadris, joelhos e tornozelos.
Outros tratamentos e terapias
Estes incluem, quando necessário ou conveniente: terapia ocupacional, terapia da fala, oftalmologia, odontologia, aconselhamento nutricional e promoção do desporto. Tecnologia assistiva está a ser cada vez mais utilizada. Há uma variedade de dispositivos e aparelhos que podem ajudar com tarefas de mobilidade e comunicação.
Uma pergunta comum que os pais fazem é: "O meu filho vai ser capaz de andar?". Isso pode ser difícil de responder quando a criança é muito jovem, mas como um guia muito geral:
  • Quase todas as crianças com hemiplegia vão ser capazes de andar.
  • Cerca de 3 em cada 4 crianças diplégicas vão ser capazes de andar.
  • Menos de 1 em cada 4 crianças tetraplégicas vai andar.

Mas isto é muito geral, e o seu especialista dará conselhos sobre cada caso individual. Além disso, o tratamento, como fisioterapia pode fazer toda a diferença para o resultado final.

Exercícios terapêuticos para a paralisia cerebral
Os seguintes exercícios poderão ser prescritos durante o tratamento da paralisia cerebral, dependendo da fase evolutiva do paciente. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.


Fortalecimento dos abdominais
Deitado, com o fundo das costas bem apoiado e as mãos ao longo do corpo. Levante o tronco apenas até meio da coluna, mantendo o olhar para o alto. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 e 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.





Mobilização da cintura pélvica
Sentado, com as plantas dos pés juntas, os antebraços a fixar as pernas e as costas alinhadas. Rode a bacia à frente, mantendo as costas alinhadas. Rode a bacia atrás, mantendo as costas alinhadas.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.






Reforço muscular dos gémeos
Em pé, apoiado numa cadeira, coloque-se em pontas dos pés. Desça lentamente até todo o pé apoiar no chão. Repita este movimentos entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.