Cada joelho contém um menisco lateral e outro medial. Estas estruturas de tecido cartilaginoso
são como almofadas grossas de
“borracha” que amortecem os choques durante a marcha ou outras actividades, e também ajudam a tornar os movimentos do joelho mais suaves e a articulação mais
estável.
Os meniscos são em forma de C tornam-se mais
finos em direcção ao centro da articulação. Estes assentam em cima da cartilagem presente na superfície articular da tíbia.
As lesões meniscais, estão maioritariamente relacionadas com o desporto, em mecanismos lesivos que envolvem forças em torção do joelho. Quando o pé está apoiado e a coxa roda internamente, uma força em valgo é aplicada ao joelho, que se estiver
flectido, pode causar uma ruptura do menisco medial. O contrário é válido para as lesões do
menisco lateral. De acordo alguns estudos, o menisco
medial é mais estável do que o menisco lateral,
que é relativamente móvel, o que
pode resultar
numa maior incidência de lesões do menisco medial,
no entanto estes resultados não são consensuais.
A ruptura do menisco também pode ocorrer sem uma lesão súbita. Em alguns casos, a lesão desenvolve-se devido a pequenas
lesões da cartilagem repetidas ao
longo do tempo ou a degeneração ("desgaste") da cartilagem do menisco em pessoas idosas.
Uma vez lesado o menisco não cicatriza muito bem, isto
principalmente por não ter uma boa
irrigação sanguínea. Isto significa que, apesar de algumas pequenas
rupturas mais exteriores poderem curar com o tempo, as rupturas maiores, ou mais interiores
no menisco, tendem a não curar, tendo
indicação cirúrgica.
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Sinais e sintomas/ Diagnóstico
- História de traumatismo ou torção do joelho.
- Dor na linha articular do joelho.
- Inchaço no joelho um
período de 48 horas após o
traumatismo.
- Incapacidade para dobrar o joelho na
totalidade, ou sensação de "clic" ao realizar
o movimento.
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e
exame atento do joelho são geralmente suficientes para diagnosticar uma ruptura
de meniscos. Estruturas como os meniscos não são
bem visíveis no raio-X, pelo que uma RM pode ser pedida
para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da lesão.
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Tratamento
O
tratamento em fisioterapia, nas primeiras 48 a 72 horas após a lesão e enquanto
o diagnóstico não está confirmado, consiste e controlar os sinais
inflamatórios, através de:
- Descanso: Evite caminhar ou
estar muito tempo de pé. Se tiver de o fazer utilize canadianas. Andar a pé pode significar um agravamento da sua lesão.
- Gelo: Aplique uma
compressa de gelo na área lesada,
colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
- Compressão: um joelho elástico pode ser usado para controlar o inchaço.
- Elevação: A perna deve ser
elevada um pouco acima do nível do seu coração para reduzir o inchaço.
- Analgésicos e
anti-inflamatórios não-esteróides poderão ser receitados pelo médico para
controlar o processo inflamatório e aliviar as dores.
Após este período,
e com o diagnóstico confirmado, o tratamento irá depender da gravidade da
lesão, idade do paciente, nível de actividade e grau de incapacidade:
Pequenas rupturas podem curar por si só, com o
tempo, geralmente durante cerca de seis semanas, se for seguido um regime de
descanso selectivo. Algumas rupturas, mesmo que pequenas, podem não curar, no
entanto, se a dor inicial e o inchaço diminuírem, e não existirem sintomas a
longo prazo, ou apenas sintomas leves ou intermitentes, a cirurgia pode não ser
necessária. Nestes casos um plano de fisioterapia, direccionado para o reforço
dos músculos que dão suporte ao joelho (como o quadricípite e os
isquio-tibiais) deve ser seguido.
Se a ruptura causar sintomas persistentes e
limitativos das tarefas do dia-a-dia, a cirurgia pode ser o tratamento mais
aconselhado. Infelizmente, apenas cerca de 1 em cada 4 rupturas do menisco podem
ser reparadas por via cirúrgica.
A maioria das operações é realizada por
artroscopia do joelho. Neste caso a ruptura do menisco pode ser reparada e suturada
ou, quando a sutura não é possível, uma pequena porção do menisco pode ser removida,
em alguns casos, o menisco inteiro.
Transplantes de menisco estão a ser recentemente
testados. A cartilagem do menisco em falta é substituída por tecido do doador,
que é seleccionado e esterilizado em muito da mesma forma que para os tecidos
de outros doadores, como nos transplantes renais.
Existe uma outra técnica em que são colocados
implantes de colagénio meniscal. Os implantes são feitos numa substância
natural para permitir que novas células cresçam ao seu redor, regenerando o
tecido meniscal.
Após a cirurgia deverá iniciar um plano de
recuperação em fisioterapia para manter a amplitude articular do joelho e
reforçar os músculos que dão estabilidade à articulação.
Exercícios terapêuticos para uma ruptura de
meniscos
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma
ruptura nos meniscos. Deverão
ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição
de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Flexão/extensão do joelho
Deitado, com o
calcanhar apoiado no chão, puxe o pé em direcção à bacia. Retorne lentamente o
pé à posição inicial.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Alongamento da cadeia
posterior
Sentado, com a perna a alongar esticada. Tente chegar com as
mãos o mais abaixo possível. Mantenha essa posição por 20 segundos.
Repita entre 3 a 6 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Fortalecimento isométrico dos
isquio-tibiais
Sentado,
com o calcanhar apoiado no chão. Faça pressão em direcção ao chão e para si,
sem tirar o pé da mesma posição. Mantenha a contracção por 6 segundos.
Repita esta contracção entre 8 a 12 vezes, desde que
não desperte nenhum sintoma.
Antes de iniciar estes exercícios você deve
sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
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performance, and self-reported outcomes four years after arthroscopic partial
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