terça-feira, 30 de outubro de 2012

5 Inovações que farão parte da fisioterapia no futuro


A saúde é uma área em constante desenvolvimento, e a fisioterapia não foge à regra. As novas tecnologias são um poderoso aliado no que toca à obtenção de resultados na reabilitação física, e aparelhos e técnicas novas surgem todos os dias.

Seguem-se 5 inovações com grande potencial de trazer à fisioterapia mais e melhores resultados.


  • Sistemas de marcha "sustentada"
São variados, e têm como finalidade permitir um retorno mais rápido e seguro à marcha/corrida por parte dos pacientes. O último funciona com um sistema pneumático que diminui a densidade do ar, "diminuindo" assim o peso do corpo do paciente.


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  • Utilização de imagem de ultra-som em tempo real
A ecografia é uma excelente ferramenta de diagnóstico dos tecidos moles (músculos, tendões, ligamentos). Apesar do seu potencial, ainda é pouco utilizada na prática clínica de fisioterapia. No entanto, a sua utilização permitiria a visualização em tempo real do estado das estruturas afectadas e o impacto que o tratamento seleccionado provocou nessas mesmas estruturas.


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  • Plataformas de força
A reabilitação do equilíbrio e o treino proprioceptivo assumem uma preponderância inegável na abordagem terapêutica de um fisioterapeuta. As plataformas de forças são um óptimo aliado quando toca a envolver o paciente na sua própria reabilitação, sendo que hoje em dia existem soluções simples e funcionais, como o caso da consola Wii.



  • Sistemas de marcha assistida
Este é o tipo de inovação que provavelmente terá de esperar ulguns anos até ver numa clínica perto de si, no entanto a verdade é que poderá assumir um papel preponderante, sobretudo em lesões do sistema nervoso.



  • Novas técnicas cirúrgicas para combater o desgaste articular
Ok, este não é propriamente da área da fisioterapia, mas é um avanço com um potencial impacto incrível numa franja significativa da sociedade, e que o fisioterapeuta vê todos os dias na sua prática clínica, os pacientes que sofrem de artrose.


Fractura do escafóide

O escafóide é um dos maiores dos ossos do carpo (os pequenos ossos do punho) e apresenta-se do lado do polegar no seu punho. A sua forma assemelha-se a um feijão, e o seu tamanho é apenas ligeiramente maior que um. Este osso faz a ligação entre as duas fileiras de ossos do carpo e ajuda a estabilizá-los.
O osso escafóide pode ser facilmente identificado quando o polegar é mantido para cima (na posição de pedir "boleia"). O escafóide é o osso que fica na base da concavidade formada pelos dois tendões do polegar.
O escafóide é o osso do punho mais frequentemente fracturado, e a lesão ocorre sobretudo devido a queda sobre as mãos, com os braços estendidos à frente da cara. A história típica inclui quedas em desportos de contacto ou acidentes de viação. Mais raramente um golpe directo na palma da mão pode causar uma fractura do escafóide. O stress repetitivo sobre o osso escafóide também poderá levar a uma fractura, no entanto isto acontece em situações muito específicas, como em ginastas ou lançadores do peso.
Este tipo de fracturas poderá estar associado a outras fracturas do punho, como a fractura de Colles.
As fracturas do escafóide podem não-deslocadas (os topos do osso partido não se desalinharam) ou deslocadas (existe desalinhamento dos topos ósseos).
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Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor e inchaço na base do polegar. A dor pode agravar quando mover o polegar ou o punho, ou quando tentar pegar em algo mais pesado.
  • Sensibilidade ao toque na região do escafóide.
  • Ligeiro edema e rubor na base do polegar.

Quando não existe deformação visível uma fractura do escafóide pode ser confundida com uma distensão do punho. Distensões simples punho são muito raras e é importante consultar um médico se a dor persistir. Qualquer dor no punho que não alivia um dia após uma lesão pode ser um sinal de uma fractura.
O diagnóstico de uma fractura do escafóide nem sempre é evidente e é essencial uma boa avaliação clínica do punho e mão para ajudar no diagnóstico e descartar outras lesões, como outras fracturas do punho. Em alguns casos, a fractura não irá ser visível em raio-X até cerca de 10 a 14 dias após a lesão inicial. Nestes casos, se o médico ainda assim suspeitar de fractura do escafóide, normalmente você irá ser tratado como se tivesse uma fractura do escafóide e um novo raio-X será realizado após 10-14 dias.
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Tratamento

O tratamento das fracturas do escafóide depende da localização da fractura no osso.
As fracturas do escafóide que estão mais perto do polegar geralmente resolvem-se em questão de poucas semanas com a protecção/descanso adequados. Esta parte do osso tem uma boa irrigação sanguínea, o que facilita a recuperação. Se for colocada uma tala ela geralmente será abaixo do cotovelo e não deverá incluir o polegar.
As fracturas do escafóide que se localizam no meio do osso ou mais perto do punho são mais difíceis de tratar devido à pouca irrigação sanguínea desta zona, havendo risco de necrose avascular. Se for colocada uma tala ela poderá estender-se acima do cotovelo e deverá incluir o polegar. Entre 8-12 semanas é o tempo médio de recuperação neste tipo de fracturas.
Neste último tipo de fracturas do escafóide o médico poderá recomendar a cirurgia. Durante a cirurgia, implantes metálicos, tais como parafusos e fios metálicos são utilizados para fixar o osso até que este esteja totalmente cicatrizado. Após a cirurgia segue-se um período de imobilização gessada geralmente não inferior a 8 semanas.
No período após imobilização com gesso ou tala deve ser iniciado um programa de fisioterapia. As técnicas que revelam maior eficácia nesta condição:

  • Exercícios para melhorar a amplitude articular do polegar e punho. Técnicas de facilitação neuromuscular proprioceptiva e de alongamento activo são fundamentais para prevenir grandes limitações.
  • Terapia ocupacional: estimulação proprioceptiva do punho e mão através da manipulação de objectos.
  • A aplicação de calor antes dos exercícios para aumentar a irrigação sanguínea e de gelo no final para prevenir sinais inflamatórios.
  • Massagem de mobilização dos tecidos moles.
  • Educação do paciente e plano de retorno gradual à actividade.


Exercícios terapêuticos para as fracturas do escafóide

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos após a confirmação de que a fractura está consolidada. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.




Flexão/extensão do punho
Com o antebraço apoiado. Dobre o punho, ficando com a palma da mão virada para si e os dedos para baixo. Rode o punho para cima, ficando a palma da mão virada para a frente e os dedos para cima.


 

Oponência do polegar
Com o antebraço e mão apoiados, una a ponta do dedo polegar à ponta do dedo mínimo
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.




 
Propriocepção do punho
Agarrando uma bola na mão, faça movimentos circulares com o punho enquanto pressiona a bola.
Repita entre 20 e 30 movimentos, desde que não desperte nenhum sintoma.

  

Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Dia Mundial do AVC


No âmbito do Dia Mundial do AVC, que se assinala no dia 29 de Outubro  a Sociedade Portuguesa do AVC (SPAVC) lembra  que o acidente vascular cerebral está a tornar-se cada vez mais comum entre pessoas mais jovens.
Calcula-se que uma em cada cinco vítimas tenha menos de 55 anos de idade, segundo dados do Jornal da Academia Americana de Neurologia.

Uma das razões para esta tendência será a maior prevalência de factores de risco para o AVC, designadamente tabagismo, diabetes, obesidade e vida sedentária.

Por isso, a SPAVC sublinha a importância da prevenção. “A boa notícia é que os factores de risco podem ser tratados! O AVC pode ser prevenido! Deixe de fumar, alimente-se de forma saudável, pratique exercício físico regularmente, vigie a sua tensão arterial e peça ajuda ao seu médico assistente”, aconselha o Presidente da Sociedade Científica, o neurologista Castro Lopes.

A neurocientista Jill Taylor, testemunhou na primeira pessoa o que é sofrer um AVC, e, felizmente, sobreviveu para contar a sua história. 
Esta sua experiência pessoal resultou numa das apresentações mais fascinantes e tocantes de sempre da mundialmente reconhecida organização TED Talks.




domingo, 28 de outubro de 2012

Ruptura dos meniscos


Cada joelho contém um menisco lateral e outro medial. Estas estruturas de tecido cartilaginoso são como almofadas grossas de “borracha” que amortecem os choques durante a marcha ou outras actividades, e também ajudam a tornar os movimentos do joelho mais suaves e a articulação mais estável.
Os meniscos são em forma de C tornam-se mais finos em direcção ao centro da articulação. Estes assentam em cima da cartilagem presente na superfície articular da tíbia.
As lesões meniscais, estão maioritariamente relacionadas com o desporto, em mecanismos lesivos que envolvem forças em torção do joelho. Quando o está apoiado e a coxa roda internamente, uma força em valgo é aplicada ao joelho, que se estiver flectido, pode causar uma ruptura do menisco medial. O contrário é válido para as lesões do menisco lateral. De acordo alguns estudos, o menisco medial é mais estável do que o menisco lateral, que é relativamente móvel, o que pode resultar numa maior incidência de lesões do menisco medial, no entanto estes resultados não são consensuais.
A ruptura do menisco também pode ocorrer sem uma lesão súbita. Em alguns casos, a lesão desenvolve-se devido a pequenas lesões da cartilagem repetidas ao longo do tempo ou a degeneração ("desgaste") da cartilagem do menisco em pessoas idosas.
Uma vez lesado o menisco não cicatriza muito bem, isto principalmente por não ter uma boa irrigação sanguínea. Isto significa que, apesar de algumas pequenas rupturas mais exteriores poderem curar com o tempo, as rupturas maiores, ou mais interiores no menisco, tendem a não curar, tendo indicação cirúrgica.
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Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • História de traumatismo ou torção do joelho.
  • Dor na linha articular do joelho.
  • Inchaço no joelho um período de 48 horas após o traumatismo.
  • Incapacidade para dobrar o joelho na totalidade, ou sensação de "clic" ao realizar o movimento.

Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e exame atento do joelho são geralmente suficientes para diagnosticar uma ruptura de meniscos. Estruturas como os meniscos não são bem visíveis no raio-X, pelo que uma RM pode ser pedida para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da lesão.
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Tratamento

                O tratamento em fisioterapia, nas primeiras 48 a 72 horas após a lesão e enquanto o diagnóstico não está confirmado, consiste e controlar os sinais inflamatórios, através de:
  • Descanso: Evite caminhar ou estar muito tempo de pé. Se tiver de o fazer utilize canadianas. Andar a pé pode significar um agravamento da sua lesão.
  • Gelo: Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
  • Compressão: um joelho elástico pode ser usado para controlar o inchaço.
  • Elevação: A perna deve ser elevada um pouco acima do nível do seu coração para reduzir o inchaço.
  • Analgésicos e anti-inflamatórios não-esteróides poderão ser receitados pelo médico para controlar o processo inflamatório e aliviar as dores.

Após este período, e com o diagnóstico confirmado, o tratamento irá depender da gravidade da lesão, idade do paciente, nível de actividade e grau de incapacidade:
Pequenas rupturas podem curar por si só, com o tempo, geralmente durante cerca de seis semanas, se for seguido um regime de descanso selectivo. Algumas rupturas, mesmo que pequenas, podem não curar, no entanto, se a dor inicial e o inchaço diminuírem, e não existirem sintomas a longo prazo, ou apenas sintomas leves ou intermitentes, a cirurgia pode não ser necessária. Nestes casos um plano de fisioterapia, direccionado para o reforço dos músculos que dão suporte ao joelho (como o quadricípite e os isquio-tibiais) deve ser seguido.
Se a ruptura causar sintomas persistentes e limitativos das tarefas do dia-a-dia, a cirurgia pode ser o tratamento mais aconselhado. Infelizmente, apenas cerca de 1 em cada 4 rupturas do menisco podem ser reparadas por via cirúrgica.
A maioria das operações é realizada por artroscopia do joelho. Neste caso a ruptura do menisco pode ser reparada e suturada ou, quando a sutura não é possível, uma pequena porção do menisco pode ser removida, em alguns casos, o menisco inteiro.
Transplantes de menisco estão a ser recentemente testados. A cartilagem do menisco em falta é substituída por tecido do doador, que é seleccionado e esterilizado em muito da mesma forma que para os tecidos de outros doadores, como nos transplantes renais.
Existe uma outra técnica em que são colocados implantes de colagénio meniscal. Os implantes são feitos numa substância natural para permitir que novas células cresçam ao seu redor, regenerando o tecido meniscal.
Após a cirurgia deverá iniciar um plano de recuperação em fisioterapia para manter a amplitude articular do joelho e reforçar os músculos que dão estabilidade à articulação.

Exercícios terapêuticos para uma ruptura de meniscos

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma ruptura nos meniscos. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.



Flexão/extensão do joelho
Deitado, com o calcanhar apoiado no chão, puxe o pé em direcção à bacia. Retorne lentamente o pé à posição inicial.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



Alongamento da cadeia posterior
Sentado, com a perna a alongar esticada. Tente chegar com as mãos o mais abaixo possível. Mantenha essa posição por 20 segundos.
Repita entre 3 a 6 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



Fortalecimento isométrico dos isquio-tibiais
Sentado, com o calcanhar apoiado no chão. Faça pressão em direcção ao chão e para si, sem tirar o pé da mesma posição. Mantenha a contracção por 6 segundos.
Repita esta contracção entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


 Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.


Ericsson YB, Roos EM, Dahlberg L. Muscle strength, functional performance, and self-reported outcomes four years after arthroscopic partial meniscectomy in middle-aged patients. Arthritis Rheum. 2006 Dec 15;55(6):946-52.
Epler M, Sitler M, Moyer R. Kinematics of healthy and meniscal repaired knees. Res Sports Med. 2005 Apr-Jun;13(2):91-109.


sábado, 27 de outubro de 2012

Dor nas costas (dor lombar)


Como é constituída a sua coluna


A sua coluna vertebral é composta por 30 ossos colocados um sobre o outro, formando uma coluna. Cada um destes ossos é chamado de vértebra. Vista de lado, à medida que passa através da parte superior do peito, a sua coluna vertebral tem uma curvatura natural para a parte de trás do corpo (torácica), que é equilibrada por uma curvatura semelhante para a frente das vértebras inferiores (lombar) e superiores (cervical). Vista por trás a sua coluna vertebral deve estar perfeitamente alinhada e vertical.

  As articulações e os discos fibrosos entre as vértebras da sua cervical permitem-lhe inclinar, girar e dobrar o seu pescoço. As articulações e os discos entre as vértebras, sobretudo as da coluna lombar, permitem-lhe dobrar, girar e inclinar o tronco.
No entanto existem vários fatores que podem contribuir para o surgimento de dor na região lombar:

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Hérnia discal (Veja mais aqui)

Consiste numa rutura de um dos discos da coluna vertebral (“almofadas” de tecido fibroso entre as vértebras), e pode causar dor nas costas.


Alterações degenerativas na coluna (Veja mais aqui)

 À medida que os anos passam, os discos tornam-se mais achatados e menos flexíveis. Sem o amortecimento que estes discos normalmente fornecem, as articulações entre as vértebras pressionam firmemente uma contra a outra. Isto pode causar dor nas costas e rigidez.

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Osteoporose (Veja mais aqui)

 Com o avançar da idade, a quantidade de cálcio nos seus ossos diminui, diminuindo a sua densidade e tornando-os mais porosos e quebradiços - uma condição conhecida como osteoporose.



Contracturas musculares (Veja mais aqui)

As contracturas musculares são disfunções comuns, que afectam a fáscia e podem afectar um único músculo ou um grupo muscular inteiro. Formam-se pontos dolorosos (pontos específicos localizados no músculo que se assemelham a um nódulo e que são extremamente sensíveis à palpação).


Existem vários outros fatores que podem provocar dor lombar, como uma gravidez, ou doenças que não estejam relacionadas com o aparelho locomotor, pelo que o ideal, caso as dores nas costas se tornem mais frequentes, será que consulte o seu médico de família ou fisioterapeuta.
Pode ver aqui guidelines para o tratamento de dor lombar com origem no sistema musculo-esquelético. 


Contracturas musculares e dor miofascial

Distribuição de pontos dolorosos por frequência
Cerca de 50% do nosso peso corporal é constituído por tecido muscular, que está dividido em 400 músculos diferentes. Envolvendo e interligando todos esses músculos existe a fáscia muscular (uma fina camada de tecido conjuntivo). Portanto as contracturas musculares e a dor miofascial são disfunções comuns, que afectam a fáscia e podem afectar um único músculo ou um grupo muscular inteiro.
A dor miofascial surge devido à formação destes pontos dolorosos (pontos específicos localizados no músculo que se assemelham a um nódulo e que são extremamente sensíveis à palpação). Estes pontos, muitas vezes chamados pontos-gatilho consistem na contracção involuntária e permanente de algumas fibras de um feixe muscular, o que pode dar dor no próprio local ou dor referida noutra parte do músculo, devido à tensão excessiva aplicada sobre a fáscia muscular que recobre esse músculo.
A razão para o aparecimento desses pontos-gatilho ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que alguns factores, como:
  • O stress psicológico
  • A falta de flexibilidade
  • A rigidez muscular
  • A má postura 
  • A fadiga generalizada

 aumentam a probabilidade de desenvolver um ponto-gatilho doloroso.
Embora alguns dos pontos-gatilho típicos na dor miofascial sejam os mesmos da fibromialgia, estas são duas entidades diferentes; a fibromialgia é um problema de dor generalizada crónica, não uma condição regional causada pelo surgimento de pontos gatilho específicos.
       Algumas das áreas mais comuns para desenvolver pontos-gatilho incluem: 

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Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor e tensão localizadas num ponto muito específico do músculo, que agravam à palpação.
  • A presença de um nódulo muscular perceptível à palpação
  • A dor pode irradiar, principalmente quando o ponto-gatilho é pressionado
  • Limitação da amplitude de movimento e força muscular por dor

Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e exame atento do tecido muscular são geralmente suficientes para diagnosticar a dor miofascial e identificar os pontos-gatilho. No entanto, é importante notar que esta condição normalmente surge na sequência de outras patologias ou disfunções, pelo que a identificação e tratamento dessa causa subjacente da dor miofascial é essencial para garantir uma reabilitação óptima, com risco reduzido de recidivas.
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Tratamento

                A maioria dos pacientes com esta condição reage bem ao tratamento com fisioterapia. O primeiro objectivo do tratamento será identificar e tratar a patologia que está a causar o aumento da tensão miofascial e consequente formação de pontos-gatilho. Assim, poderão ser utilizadas:
  • Técnicas de correcção de desequilíbrios musculares, de fortalecimento e alongamento (como PNF e RPG)
  • Correcção de más posturas e reeducação postural activa, através de RPG.
  • Avaliação do padrão de marcha e aconselhamento sobre palmilhas de compensação para correcção de dismetrias ou de alterações morfológicas do tornozelo e pé.
  • Muitas vezes estas alterações são suficientes e não chega a ser necessário o trabalho directo sobre o músculo, no entanto, quando o é, poderão ser utilizadas as seguintes técnicas:
  • Ionização e aplicação de ultra-som
  • Massagem e mobilização dos tecidos afectados e a toda a extensão da fáscia
  • Alongamentos localizados dos músculos afectados
  • Estimulação eléctrica neuro-muscular, que terá melhores resultados se aplicada com um sistema de biofeedback.
  • A acupunctura poderá ser benéfica no alívio da dor localizada


Exercícios terapêuticos para a dor miofascial

Os seguintes exercícios poderão ser prescritos durante a reabilitação de dor miofascial, dependendo do músculo/grupo muscular afectado. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.


Alongamento activo dos isquio-tibiais
Em pé, com o calcanhar apoiado numa mesa e as costas alinhadas. Faça pressão sobre o joelho e incline o tronco ligeiramente à frente. Mantenha a posição durante 20 segundos.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



Alongamento do grande glúteo
Coloque-se apoiado nos cotovelos e joelhos. Avance o joelho da perna a alongar na direcção do ombro do lado contrário, o pé fica virado para dentro. Aproxime o mais possível o joelho do peito. Mantenha a posição durante 20 segundos
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


 

Correcção postural da cervical e ombros
Em pé ou sentado, rode os ombros para trás e para baixo, enterre o queixo e imagine que tem uma linha a puxar-lhe o topo da cabeça. Mantenha esta posição durante 20 segundos.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.




Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

Lavelle ED, Lavelle W, Smith HS. Myofascial trigger points. Anesthesiol Clin. 2007 Dec;25(4):841-51, vii-iii.
Tough EA, White AR, Cummings TM, Richards SH, Campbell JL. Acupuncture and dry needling in the management of myofascial trigger point pain: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. Eur J Pain. 2009 Jan;13(1):3-10.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Tenossinovite de De Quervain

A tenossinovite de De Quervain ocorre quando os tendões que vão para o polegar ficam comprimidos e inflamados junto ao seu canal de passagem, na região lateral do punho.
Os tendões são estruturas semelhantes a cabos resistentes, que ligam o músculo ao osso. Alguns tendões são revestidos por uma camada fina de tecido mole e esponjoso, chamada bainha sinovial. Esta bainha existe para diminuir o atrito, permitindo que os tendões deslizem mais facilmente através passagens estreitas.
No caso do polegar, dois tendões são bem visíveis, formando uma concavidade (tabaqueira anatómica) quando colocado o dedo em posição de pedir “boleia”. Estes tendões são o abdutor longo do polegar e o extensor curto do polegar, ambos possuem bainha sinovial e ambos estão “fixos” pelo retináculo extensor sobrejacente.
A tenossinovite de De Quervain é causada pelo espessamento destes tendões, devido a um traumatismo agudo à fricção repetitiva contra o retináculo extensor. Este espessamento leva a um processo inflamatório, provocando o inchaço do tendão e da bainha sinovial, o que muda a forma do conjunto e limita o espaço para o seu movimento.
Esta condição é frequentemente observada em desportos com raquete, mas também é associada muitas vezes à gravidez. Poderá ser encontrada na artrite inflamatória, tal como com a artrite reumatóide. A tenosinovite de De Quervain normalmente é mais comum em mulheres de meia-idade.
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Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor ao longo do polegar. Pode aparecer gradualmente ou subitamente.
  • Progressivamente a dor será sentida no punho e pode irradiar até ao antebraço.
  • A dor geralmente piora com a actividade da mão e do polegar, principalmente na preensão e torção do punho.
  • Um ligeiro inchaço pode ser observado na face radial da base do polegar.
  • Sensação de que o polegar está “preso” e dificuldade em move-lo livremente.
  • Pode ser sentida ligeira dormência na parte de trás do polegar e dedo indicador. Isso acontece quando o nervo por cima da bainha do tendão fica irritado.

Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e exame atento do punho, mão e polegar, incluindo à sua função motora e nervosa, é geralmente suficiente para o diagnóstico de uma tenossinovite de De Quervain. Uma ecografia poderá ser pedida para confirmar o diagnóstico. Um raio-X poderá ser pedido caso haja limitação articular do punho ou polegar.
Veja aqui um estudo de caso sobre diagnóstico diferencial numa suspeita de tenossinovite de De Quervain
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Tratamento

O primeiro objectivo no tratamento da tenossinovite de De Quervain é aliviar a dor causada pela irritação e inchaço do tendão. De inicio a abordagem preferencial será com tratamento conservador, através de:
  • Descanso: Evitar actividades que causam dor e inchaço. Muitas vezes o repouso selectivo de algumas actividades mais forçadas é suficiente para que os sintomas desapareçam.
  • Gelo: Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
  • Exercícios de alongamento suave dos tendões afectados
  • Órteses ou talas: Proporcionam a posição neutra do polegar e do punho e permitem que o tendão recupere.
  • Analgésicos e anti-inflamatórios: analgésicos como o paracetamol são geralmente úteis. Ocasionalmente, analgésicos mais fortes podem ser necessários. Os anti-inflamatórios, como o ibuprofeno ou o diclofenaco, poderão ser necessários para controlar a inflamação.
  • As injecções de cortico-esteróides proporcionam alívio dos sintomas, no entanto estes tendem a voltar entre 3-6 meses após a injecção.

Quando o tratamento conservador se revela ineficaz, a cirurgia é uma opção. Uma pequena incisão irá cortar o retináculo extensor aliviando a pressão sobre os tendões. Este procedimento é feito em ambulatório, sob anestesia local e geralmente resolve o problema na totalidade. Você não será capaz de usar a mão durante poucos dias e terá de esperar algumas semanas após a operação para voltar ao trabalho.
Geralmente durante esse período os pacientes deverão seguir um plano de exercícios terapêuticos elaborado por um fisioterapeuta de forma a prevenir aderências durante a cicatrização e garantir a mobilidade completa.

Exercícios terapêuticos para a tendinite de DeQuervain

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma tendinite de DeQuervain. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.


Alongamento dos extensores do punho
Em pé ou sentado, estenda o braço para a frente alinhado com o ombro, com a palma da mão virada para si. Com a outra mão puxe os dedos em direcção a si. Mantenha a posição durante 20 segundos.
Repita entre 5 e 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



 

Fortalecimento dos extensores radiais do punho
Com o ombro alinhado com o tronco, cotovelo a 90o e polegar virado para cima. Fixe o punho com a outra mão e puxe o elástico para cima e em direcção a si. Apenas a mão se deve mover.
Repita entre 8 e 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.




Propriocepção do punho
Agarrando uma bola na mão, faça movimentos circulares com o punho enquanto pressiona a bola.
Repita entre 20 e 30 movimentos, desde que não desperte nenhum sintoma.



Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.