O tendão tibial posterior serve como uma das principais estruturas de suporte do pé, ajudando-o a funcionar correctamente durante a caminhada. A tendinopatia do tendão tibial posterior é uma lesão causada por alterações no tendão, prejudicando sua capacidade de suportar
o arco plantar, provocando um pé plano.
As tendinopatias do tibial posterior são também
chamadas de "pé plano
adquirido do adulto" porque
é o tipo mais comum de pé plano desenvolvido durante a vida adulta. Embora esta condição
geralmente ocorra em apenas um pé, algumas pessoas podem desenvolvê-la em ambos os pés. Esta lesão é geralmente
progressiva, o que significa que segue a piorar, principalmente se não for tratada
precocemente.
O uso excessivo do tendão é a causa mais frequente
desta lesão. Os sintomas geralmente ocorrem após actividades como
corrida, caminhada, trekking, ou subir escadas.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
Os sintomas podem
incluir dor, inchaço, um achatamento do arco plantar, e uma rotação interna do tornozelo.
Conforme a doença
progride, os sintomas
vão mudando. Por exemplo, numa fase inicial, há dor na parte interna do pé e tornozelo
(ao longo do trajecto do tendão). Além disso, a área pode estar vermelha,
quente e inchada. Mais tarde, como o arco começa a ficar mais plano, ainda pode
haver dor na parte interna do pé e tornozelo. Mas nesta fase o pé e os dedos
começam a virar para fora e no tornozelo roda para dentro.
Quando a lesão
se torna mais avançada, o arco plantar fica ainda mais plano e a dor muitas
vezes desloca-se para a parte externa do pé, abaixo do tornozelo. Durante todo
este processo o tendão deteriorou-se consideravelmente e a artrite do tornozelo
é frequente nestes casos.
Uma boa avaliação clínica, com perguntas sobre os
sintomas, a causa da lesão e um exame ao tendão são geralmente suficientes para
o diagnóstico. Uma ecografia ou uma ressonância magnética pode ser útil, se o diagnóstico não
for claro.
Tratamento
Devido à
natureza progressiva da tendinopatia do tibial posterior, o tratamento precoce
é recomendado. Se for atempado, o tratamento conservador pode evitar a
necessidade de cirurgia e travar a progressão da lesão, dando as condições para
a recuperação do tendão.
Numa fase
inicial o tratamento conservador pode incluir:
- Imobilização. Evitar completamente qualquer peso sobre o pé durante um determinado período de tempo. Por vezes, uma tala ou bota gessada são usadas para imobilizar o pé e permitir que o tendão recupere.
- Gelo. Uma massagem com um cubo de gelo directamente sobre o tendão afectado durante 5 a 10 minutos pode ser mais efectiva do que a aplicação de gelo estático.
- Aplicação de ultra-sons na zona do tendão alivia a dor e os sinais inflamatórios
- Medicamentos anti-inflamatórios não-esteróides (AINEs), como o ibuprofeno, ajudam a reduzir a dor e a inflamação.
Numa fase mais
avançada, em que os sinais inflamatórios são praticamente inexistentes, as
técnicas mais utilizadas são:
- Exercícios de fortalecimento e alongamento podem ajudar a reabilitar o tendão e o músculo após a imobilização.
- Aparelhos ortopédicos ou ortoteses. Para dar o apoio necessário ao arco plantar.
- Adaptação do calçado e uso de palmilhas. Pode ser aconselhado o uso de palmilhas para suporte do arco plantar.
- Aplicação de ligaduras funcionais durante o período de retorno à actividade.
Exercícios terapêuticos para tendinopatias do tibial posterior
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma
tendinopatia do tibial posterior. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição
de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Flexão/extensão do pé
Deitado, com o
calcanhar fora da cama, puxe a ponta do pé e dedos para si, depois empurre pé e
dedos para baixo.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
De pé,
com as mãos ao nível dos ombros apoiadas na parede. Colocar a perna a alongar
esticada e atrás, dobrar à frente o joelho da outra perna, com as costas
alinhadas. Mantenha essa posição por 20
segundos.
Repita entre 3 a 6 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Em pé, apoiado na perna lesada e com esse joelho ligeiramente dobrado.
Tente manter o equilíbrio sem apoiar os braços e olhando em frente. Mantenha
esta posição entre 15 a 30 segundos.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Antes de iniciar estes exercícios você deve
sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
Bowring B, Chockalingam N. Conservative treatment of tibialis posterior
tendon dysfunction--a review. Foot
(Edinb). 2010 Mar;20(1):18-26.