Crianças com Paralisia Cerebral tipicamente demonstram problemas com as
funções e estruturas do corpo, tais como diminuição da força muscular,
mobilidade articular passiva limitada, controlo motor alterado e mau
alinhamento, que limitam a sua actividade.
A fisioterapia faz face a estes problemas com o objetivo de
melhorar os padrões de movimento e otimizar a capacidade da criança para
participar em atividades funcionais, tais como habilidades motoras gerais e
deambulação.
Apesar de estes benefícios serem conhecidos e estarem bem
documentados, a intensidade adequada do treino e fortalecimento, necessária
para maximizar os benefícios, é desconhecida e é um tema de interesse para fisioterapeutas
pediátricos.
Recentemente, tem sido dada atenção aos potenciais
benefícios das intervenções que defendem curtos e intensos períodos de fisioterapia,
por exemplo, programas com frequências de até 3 vezes por semana têm
demonstrado melhorias na marcha e função.
Outros programas mais intensivos, com uma frequência de até
5 vezes por semana, sugerem que as habilidades motoras gerais e funcionais de
crianças com PC melhoraram quando a reabilitação se centrou no treino de
habilidades funcionais específicas (HFE).
Um desses programas, o método Therasuit, é um programa de 3
semanas que combina fortalecimento e treino de HFE com uma frequência de 3 a 4
horas por dia, 5 dias por semana e pretende melhorar a função a um ritmo mais
rápido do que outros programas de fisioterapia.
Os defensores dizem que o método Therasuit"alinha o
corpo para o mais próximo possível do normal", "promove o
desenvolvimento de ambas as habilidades motoras finas e gerais", e
"normaliza (corrige) o padrão de marcha". O método Therasuit inclui o
uso da unidade universal de exercício (Fig. 1) e vestir um fato (Fig. 2 A, B)
com cabos elásticos ligados de forma a "estabilizar",
"facilitar" e "colocar grupos musculares em carga".
As evidências que indiquem um maior benefício funcional da
participação neste programa em comparação com programas convencionais de
fisioterapia ainda são limitadas.
O objetivo deste estudo de caso foi investigar os efeitos do
método Therasuit na marcha, HFE, assistência do cuidador, e habilidade motora geral
em duas crianças com diplegia espástica.
Apresentação dos casos clínicos
A descrição de história de cada criança está resumida na
Tabela 1. As duas crianças tiveram o diagnóstico de diplegia espástica, foram
classificados como nível III no Gross Motor Function Classification System,
tinham participado anteriormente no Método Therasuit, conseguiam seguir
instruções, e não estavam a tomar medicação anti-espástica oral.
Descrição da intervenção em fisioterapia
Foram medidos antes e depois da aplicação do programa a
Pediatric Evaluation of Disability Inventory (PEDI), dimensões D e E do Gross
Motor Function Measure, e análise tridimensional da marcha.
O método Therasuit de terapia intensiva foi administrado
durante 4 horas por dia, 5 dias por semana, durante três semanas consecutivas
por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais treinados especificamente no
protocolo de intervenção.
Todas as actividades do Método Therasuit foram administradas
na mesma sequência em cada dia (ver Tabela 2 para detalhes).
Conclusão
Ambos os participantes deste estudo de caso demonstraram
ganhos mínimos em algumas áreas e declínio em outras áreas de desempenho
funcional após aplicação do método Therasuit para pacientes com paralisia cerebral.
Foram observadas pequenas mudanças, mas potencialmente
importantes em padrões de movimento da marcha após a participação neste
programa intensivo.
Serão necessários outros estudos para examinar os diferentes
componentes do método Therasuit antes de poderem ser tiradas conclusões quanto
à eficácia do programa.
Finalmente, este programa está disponível a um custo
substancial, e os benefícios obtidos podem não valer a pena o investimento.
Bailes AF, Greve K, Schmitt LC. Changes in two children with cerebral palsy after intensive suit therapy: a case report. Pediatr Phys Ther. 2010 Spring;22(1):76-85.