Nas últimas décadas, tem havido um apelo
à mudança entre as partes envolvidas na gestão da escoliose
idiopática. Os pais de crianças com escoliose
queixam-se do chamado "esperar e ver" de muitos médicos ao verem
escolioses entre 10° e 25°, e cada vez mais procuram outras soluções.
Nesse sentido, iremos resumir neste
artigo com 7 partes, as ideias das sete principais escolas no tratamento de
escoliose a nível mundial, e as suas abordagens aos exercícios específicos de
fisioterapia para a escoliose (EEFE).
O objetivo não é determinar qual abordagem
é superior, mas sim que os fisioterapeutas possam incorporar o melhor de cada
uma delas na sua prática clínica, melhorando os resultados do tratamento
conservador para a escoliose
idiopática.
Barcelona scoliosis physical therapy school (Spain)
O BSPTS é um método fisioterapêutico
que pode ser definido como um plano terapêutico de treino cognitivo,
sensório-motor e cinestésico para ensinar o paciente a melhorar sua postura e
forma 3D da escoliose com base no pressuposto de que a postura escoliótica
promove a progressão da curvatura.
Este método adopta os princípios originais de Katharina Schroth, fornecendo tratamento 3D das curvaturas baseado
na respiração e ativação muscular.
O método recomenda que os
fisioterapeutas trabalhem como parte de uma equipa multidisciplinar de acordo
com as diretrizes do SOSORT e a filosofia da Scoliosis Research Society (SRS).
Esta filosofia considera o elemento
humano envolvido no tratamento da escoliose, e enfatiza a importância de não induzir
falsos medos em pacientes com diagnóstico de escoliose leve, não-progressiva ou
estável, a fim de torná-los clientes de longo prazo.
Sistema de classificação
Todos os tipos e sub-tipos de
escoliose são classificados de acordo com um esquema de blocos ou regiões do
tronco, baseado nas classificações originais desenvolvidas por Katharina Schroth
e posteriormente modificadas em 2010 por Manuel Rigo. Os blocos ilustram o
padrão da curvatura espinhal do paciente, mostrando as deslocações e rotações
da deformidade escoliótica em três dimensões.
Ao permitir que o terapeuta e o
paciente visualizem a deformidade, os blocos ajudam a educar o paciente e a criar
um plano apropriado para tratar o paciente.
Princípios de correção 3D
A correção postural 3D é feita
através de movimentos de translação, rotação e mistos (expansões sagitais).
O sucesso do método baseia-se em
exercícios de fortalecimento adaptados a cada paciente e ao seu padrão de curva
específica.
Os exercícios de respiração
originalmente desenvolvidos por Katharina Schroth ajudam na “desrotação” da
grade costal e no aumento da capacidade vital. Esta técnica de respiração única
ajuda a expandir as costelas do interior da caixa torácica, empurrando as costelas
"de lado e para trás", e movendo as vértebras para mais perto da sua
posição normal e “não torcida”.
O número de horas necessárias para
treinar os exercícios com eficácia e segurança varia, e depende também da
modalidade, individual ou em grupo. Os grupos são limitados, mas essa limitação
depende também da experiência e da capacidade do terapeuta.
60h em grupo e 20h em privado são
tipicamente suficientes para alcançar uma técnica de alto nível, mas após
algumas horas de tratamento (por exemplo, 9h em grupo), os pacientes podem
reproduzir a correção em várias posições iniciais e podem começar a praticar em
casa. O paciente pode sempre melhorar o nível de desempenho com a ajuda do
terapeuta, mas a perfeição não é necessária para obter resultados positivos.
Os princípios BSPTS são totalmente
compatíveis com conceitos de suporte, como o aparelho Rigo-Chêneau, um suporte
rígido e assimétrico. O objetivo principal é trazer o paciente para a melhor
correção 3D possível semelhante à utilizada num molde de gesso, mas neste caso
sem qualquer tração passiva.
Berdishevsky H, Lebel VA, Bettany-Saltikov J, Rigo M, Lebel A, Hennes
A, Romano M, Białek M, M'hango A, Betts T, de Mauroy JC, Durmala J.
Physiotherapy scoliosis-specific exercises - a comprehensive review of seven
major schools. Scoliosis Spinal Disord. 2016 Aug 4;11:20.