quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pé pendente


O pé pendente resulta da fraqueza dos músculos que fazem a flexão dorsal do pé (movimento de puxar a ponta do pé para si). Como resultado, a ponta do pé fica sempre inclinada para baixo, provocando um padrão de marcha anormal.
O uso do termo pendente pode fazê-lo parecer uma condição bastante simples. Mas na verdade não o é, o pé pendente pode ser uma consequência da lesão aos músculos dorsiflexores, de lesões dos nervos periféricos, de um acidente vascular cerebral, de traumatismos crânio-encefálicos e até mesmo da diabetes.
O pé pendente é mais comum no sexo masculino. No entanto, ambos os pés são igualmente propensos a desenvolver o problema. Algumas formas de pé pendente ocorrem em pessoas de meia-idade, após terem colocado essa área do corpo sobre grande pressão durante a prática de atletismo. Cirurgias ao joelho ou na perna podem levar a danos nos nervos que, depois, levam ao desenvolvimento do pé pendente (cerca de 0,3-4% das próteses totais do joelho desenvolvem pé pendente). Das pessoas que se submetem a cirurgia na tíbia (um osso da perna), 3-13% experienciam pé pendente.
            Algumas das lesões neurais que podem provocar pé pendente incluem: esclerose lateral amiotrófica, síndrome pos-poliomielite, lesões das raízes nervosas lombares e tumores cerebrais ou medulares.


Sinais e sintomas/ Diagnóstico

A função anormal dos músculos provoca um padrão de marcha característico. Para evitar que os dedos arrastem pelo chão algumas pessoas elevam exageradamente a anca e balançam a perna demasiado para a frente. Depois de conseguirem apoiar o calcanhar, a ponta do pé tem tendência a bater de forma descontrola no chão.
O diagnóstico baseia-se na aparência visual do comportamento alterado do pé. Análises de sangue podem ser pedidas para determinar se se trata de uma causa metabólica, como diabetes, alcoolismo, ou de uma toxina. Uma electromiografia pode ser útil na distinção entre os diferentes tipos de dano do nervo que pode ser responsável pelo pé pendente.


Tratamento

O tratamento difere consoante a sua origem. Se o pé pendente tiver sido originado por uma lesão nervosa periférica ou por uma lesão muscular, as técnicas mais utilizadas são:
  • Cirurgia, para libertar o trajecto nervoso, no caso de entrapment (pinçamento) do nervo, ou para reconstrução de um músculo lesado.
  • Mobilização do sistema nervoso periférico, para melhoria do fluxo de informação neural que passa através dos ramos nervosos.
  • Fortalecimento muscular progressivo dos flexores dorsais do pé
  • Electro-estimulação neuromuscular dos músculos responsáveis pela flexão dorsal do pé pode ser benéfica.

Se o pé pendente tiver sido originado por uma lesão nervosa central, as técnicas mais utilizadas são:
  • Utilização de uma tala, para manter o tornozelo numa posição neutra durante a marcha.
  • Electro-estimulação funcional, é um aparelho de estimulação eléctrica do músculo que associa os impulsos ao padrão de marcha do seu utilizador.


Exercícios terapêuticos para o pé pendente

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação do pé pendente. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.



Flexão/extensão do pé
Deitado, com o calcanhar fora da cama, puxe a ponta do pé e dedos para si, depois empurre pé e dedos para baixo.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma. 



 Propriocepção do tornozelo
Em pé, apoiado na perna lesada e com esse joelho ligeiramente dobrado. Tente manter o equilíbrio sem apoiar os braços e olhando em frente. Mantenha esta posição entre 15 a 30 segundos.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.




Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

Chae J, Sheffler L, Knutson J. Neuromuscular electrical stimulation for motor restoration in hemiplegia. Top Stroke Rehabil. 2008 Sep-Oct;15(5):412-26.
Masakado Y, Kawakami M, Suzuki K, Abe L, Ota T, Kimura A. Clinical neurophysiology in the diagnosis of peroneal nerve palsy. Keio J Med. 2008 Jun;57(2):84-9.

3 comentários:

Unknown disse...

Muito obrigada,realmente e uma informação importante.

Unknown disse...

Muito obrigada,realmente e uma informação importante.

JLuis disse...

Contêm aqui muita informação que me habituei a ouvir há muitos anos atrás. Sofro de pé pendente desde aproximadamente os 8 anos de idade, fui muitas vezes examinado, contudo nunca me foi diagnostica a causa da minha atrofia.
Pergunto, agora que tenho 42 anos será ainda viável tentar recuperar algum movimento no meu pé?
Agradeço desde já a quem se interessar por este caso.

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