sábado, 6 de julho de 2013

Meniscectomia do joelho por artroscopia

Uma meniscectomia artroscópica é um procedimento para remover parte ou a totalidade de um menisco da articulação tibio-femoral do joelho através de cirurgia artroscópica. 

Numa meniscectomia completa o menisco é totalmente removido, enquanto a meniscectomia parcial envolve apenas a remoção parcial do menisco.

Este procedimento é minimamente invasivo, feito muitas vezes em regime ambulatório, em clínicas e hospitais de dia.
-->

Indicação para este procedimento

Este procedimento é realizado quando a rutura do menisco é demasiado grande para ser corrigida por uma reparação cirúrgica do mesmo.

Apresentação Clínica

  • Sensibilidade e derrame na interlinha articular do joelho.
  • Os sintomas são frequentemente agravados pela flexão e pela carga sobre o joelho (atividades como colocar-se de cócoras e de joelhos são mal toleradas)
  • Queixas do joelho "estalar", "prender" ou "bloquear" e "falhar" são comuns.
  • Joelho instável


Testes de Diagnóstico

Sensibilidade e derrame na interlinha articular do joelho são descritos como os sinais clínicos mais comuns neste tipo de lesões.
Adicionalmente deve proceder-se aos seguintes testes:
-->
A ressonância magnética deve ser requisitada para confirmação do diagnóstico e identificação do grau da lesão antes da cirurgia. O principal desafio para a RM é a avaliação das superfícies meniscais. Sinais de ressonância magnética de achados anormais incluem:
  • Grau I: degeneração central, discreta - uma lesão intrameniscal de aumento de sinal, sem conexão à superfície articular
  • Grau II: degeneração central extensa - uma maior área intrameniscal de aumento da intensidade do sinal, mais uma vez sem ligação à superfície articular.
  • Grau III: Rutura meniscal - aumento da intensidade do sinal intrameniscal com rompimento do contorno da superfície articular. Pode estar associada com o deslocamento dos fragmentos do menisco.
  • Grau IV: Rutura meniscal complexa - interrupção múltipla de superfícies meniscais


Pós-Operatório

O objetivo da reabilitação é restaurar a função do paciente com base nas necessidades individuais. É importante considerar:
  • O tipo de procedimento cirúrgico
  • O protocolo de pós-cirúrgico determinado pelo cirurgião
  • O menisco que foi reparado
  • O tipo de lesão meniscal
  • O estado pré-operatório do joelho (incluindo o tempo entre a lesão e a cirurgia e a presença de patologia prévia do joelho)
  • A diminuição da amplitude de movimento e força
  • A idade do paciente
  • As expectativas e motivações funcionais e/ou desportivas do paciente


Visão geral de reabilitação

  • Controlar a dor, inchaço e inflamação usando: crioterapia, analgaesics, anti-inflamatórios não-esteróides.
  • À medida que a reabilitação progride, pode ser necessário o uso continuado de terapêuticas para controlar a dor e inchaço residual. 
  • Restaurar a amplitude de movimento através de exercícios dentro dos limites que o cirurgião especificou
  • Se tiver sido realizada uma reparação do menisco a flexão extrema e a rotação devem ser limitadas até que a lesão no menisco tenha tido tempo para cicatrizar (8 a 12 semanas).
  • Restaurar a função muscular através de exercícios de fortalecimento específicos (ver aqui)
  • Otimizar a coordenação neuromuscular proprioceptiva.


Considerações adicionais
  • Carga completa ou pelo menos parcial devem ser conseguidas logo após a cirurgia.
  • Exercícios de amplitude de movimento passivo e ativo devem iniciar imediatamente após a cirurgia, assim como exercícios de fortalecimento do quadricípite
  • Muletas são geralmente necessárias durante 2-5 dias, até que o paciente seja capaz de colocar a totalidade do peso do seu corpo sobre o joelho sem desconforto significativo
  • O retorno às atividades diárias sem limitação dá-se geralmente em 4-6 semanas
  • Os atletas podem retornar às atividades desportivas sem limitação completo quando o resistência ​​muscular do quadricípite estiver restabelecida e a amplitude de movimento for completa e sem dor
  • O uso de electroestimulação com biofeedback é considerado um tratamento eficaz na melhoria da força muscular do quadricípite após a meniscectomia por artroscopia


Veja ainda a entrevista com o Prof. Doutor José Carlos NoronhaDoutorado pela Universidade do Porto – título da tese “Isometria na Reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior”
Autor de 3 livros e 1 CD-Rom sobre lesões ligamentares do joelho
Cirurgião da equipa principal de futebol do Futebol Clube do Porto e Ortopedista no Hospital da Trindade.






Meserve BB, Cleland JA, Boucher TR. A meta-analysis examining clinical test utilities for assessing meniscal injury. Clin Rehabil. 2008;22(2):143-161.

Atkinson HDE, Laver JM, Sharp E. Physiotherapy and rehabilitation following soft tissue surgery of the knee. Orthop Trauma. 2010;24(2):129-138.

Teller P, Konig H, Weber U, Hertel P. MRI atlas of orthopedics and traumatology of the knee. London:Springer, 2003.

Thomson LC, Handoll HH, Cunningham A, Shaw PC. Physiotherapist-led programmes and interventions for rehabilitation of anterior cruciate ligament, medial collateral ligament and meniscal injuries of the knee in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2002;(2):CD001354.


Sem comentários:

Enviar um comentário