domingo, 3 de novembro de 2013

Programa de fortalecimento global para um jogador de golf pós cirurgia da coifa dos rotadores

Quando um jogador está afastado por uma lesão musculoesquelética, podem ocorrer decréscimos no seu desempenho devido ao tempo de treino perdido e uma diminuição na sua condição física. O mesmo acontece depois de uma cirurgia, que também pode limitar a participação desportiva ao exigir que o jogador complete um período prolongado de reabilitação.

Vários estudos indicam sugestões de tratamento para orientar a reabilitação de golfistas lesionados. Estas recomendações clínicas incluem a prescrição de exercícios de resistência e treino de força, exercícios de flexibilidade e pliométricos.

Apesar das recomendações de reabilitação clínica publicadas, que demonstram o retorno bem-sucedido ao desporto após a cirurgia, há uma escassez de literatura específica sobre o caso dos golfistas.

O objetivo deste estudo de caso é descrever um programa de retorno ao desporto pós cirurgia para reconstrução de uma rutura da coifa dos rotadores numa golfista amadora.

Apresentação de caso clínico


  • Uma mulher, 67anos (mão direita dominante, altura 1,59 m, 87,54 kg), lesionou o ombro direito 11 meses antes da sua participação neste programa de treino para retorno ao golfe.
  • Essa lesão tinha sido resultado de uma queda. A TC revelou uma fratura cominutiva da omoplata direita envolvendo tanto os aspectos superior e inferior da cavidade glenóide. Como a fractura foi considerada estável o ortopedista prescreveu imobilização com sling.
  • Na consulta seguinte, a paciente relatou incapacidade de elevar ativamente o braço, apesar da boa cicatrização do local da fratura. A RM revelou uma ruptura total da coifa dos rotadores com maior incidência no supraespinhoso e longa porção do tendão do bicípite. Assim, 2 meses depois da lesão foi realizada uma artroscopia para tenodese dos tendões afetdos.
  • Começou a fisioterapia 5 semanas após a cirurgia. Após 3 meses de fisioterapia ela demonstrou flexão e abdução do ombro completas, 60º de rotação externa do ombro, força 5/5 do supra-espinhoso e rotadores internos, e 4/5 dos rotadores externos. Recebeu alta pelo médico sete meses após a cirurgia, sem restrições de atividade.
  • 11 meses após a cirurgia, a paciente candidatou-se a participar numa investigação sobre condicionamento físico no golf. A pesquisa foi aprovada pelo Conselho de Revisão da Pacific University Institutional.
  • Os testes funcionais que foram administrados foram escolhidos pela sua capacidade de identificar a potência do membro superior e resistência muscular do tronco.
 


  • A força dos membros superiores foi avaliada por meio de testes musculares manuais tradicionais. O único défice encontrado foi na rotação externa, bilateral, com 4+/5.
  • Amplitude de movimento passivo foi de 110º de rotação externa e 61º de rotação interna à esquerda e 92º de rotação externa e 65º de rotação interna à direita.
  • Por ser uma situação pós-cirúrgica, foi aplicada a Constant-Murley Shoulder Outcome Assessment (pelo menos 80 identifica um ombro funcional e saudável). A paciente obteve 78, o que indica uma ligeira limitação.


Tratamento


  • Foi realizado um programa de treino de 8 semanas (de 60 minutos de treino supervisionado 1x/semana).
  • O programa de treino consistiu em exercícios para aumentar a força do ombro e pernas, exercícios para melhorar a resistência muscular do tronco e exercícios para aumentar a potência.
  • A paciente foi instruída a fazer caminhadas diárias para a parte aeróbica do treino.
  • O desempenho em cada exercício foi avaliado após cada treino, revendo o número de repetições e séries, para aumentar ou diminuir a carga de treino com base na capacidade de completar o volume total de treino.



     

     

     

     

Resultados



  • Após a conclusão das 8 semanas de treino os testes para a capacidade de resistência e de energia muscular foram repetidos.
  • A paciente relatou que tinha voltado a jogar golf, pela primeira vez desde a lesão inicial, uma semana após ter terminado o programa de condicionamento físico para golfistas.


  • Além dos ensaios acima referidos, foi feita uma análise computadorizada do swing de golfe da paciente (P3ProSwing Virtual Golf Simulator e o Golf Swing Analyzer) no final do programa de treino.


Conclusão


No final do programa de treino a cliente foi capaz de demonstrar algumas melhorias na resistência e potência muscular e foi capaz de retornar ao desporto.
Apesar dos resultados positivos descritos para este sujeito, existem limitações e outros componentes de treino e prescrição do exercício devem ser considerados no futuro.




Jason Brumitt, Erik P Meira, Hui En Gilpin, Meredith Brunette. Comprehensive strength training program for a recreational senior golfer 11-months after a rotator cuff repair. International journal of sports physical therapy 12/2011; 6(4):343-56.

Sem comentários:

Enviar um comentário