Quando um jogador está afastado por
uma lesão musculoesquelética, podem ocorrer decréscimos no seu desempenho
devido ao tempo de treino perdido e uma diminuição na sua condição física. O
mesmo acontece depois de uma cirurgia, que também pode limitar a participação
desportiva ao exigir que o jogador complete um período prolongado de
reabilitação.
Vários estudos indicam sugestões de
tratamento para orientar a reabilitação de golfistas lesionados. Estas
recomendações clínicas incluem a prescrição de exercícios de resistência e
treino de força, exercícios de flexibilidade e pliométricos.
Apesar das recomendações de
reabilitação clínica publicadas, que demonstram o retorno bem-sucedido ao desporto
após a cirurgia, há uma escassez de literatura específica sobre o caso dos golfistas.
O objetivo deste estudo de caso é
descrever um programa de retorno ao desporto pós cirurgia para reconstrução de
uma rutura da coifa dos rotadores numa golfista amadora.
Apresentação de caso clínico
- Uma mulher, 67anos (mão direita dominante, altura 1,59 m, 87,54 kg), lesionou o ombro direito 11 meses antes da sua participação neste programa de treino para retorno ao golfe.
- Essa lesão tinha sido resultado de uma queda. A TC revelou uma fratura cominutiva da omoplata direita envolvendo tanto os aspectos superior e inferior da cavidade glenóide. Como a fractura foi considerada estável o ortopedista prescreveu imobilização com sling.
- Na consulta seguinte, a paciente relatou incapacidade de elevar ativamente o braço, apesar da boa cicatrização do local da fratura. A RM revelou uma ruptura total da coifa dos rotadores com maior incidência no supraespinhoso e longa porção do tendão do bicípite. Assim, 2 meses depois da lesão foi realizada uma artroscopia para tenodese dos tendões afetdos.
- Começou a fisioterapia 5 semanas após a cirurgia. Após 3 meses de fisioterapia ela demonstrou flexão e abdução do ombro completas, 60º de rotação externa do ombro, força 5/5 do supra-espinhoso e rotadores internos, e 4/5 dos rotadores externos. Recebeu alta pelo médico sete meses após a cirurgia, sem restrições de atividade.
- 11 meses após a cirurgia, a paciente candidatou-se a participar numa investigação sobre condicionamento físico no golf. A pesquisa foi aprovada pelo Conselho de Revisão da Pacific University Institutional.
- Os testes funcionais que foram administrados foram escolhidos pela sua capacidade de identificar a potência do membro superior e resistência muscular do tronco.
- A força dos membros superiores foi avaliada por meio de testes musculares manuais tradicionais. O único défice encontrado foi na rotação externa, bilateral, com 4+/5.
- Amplitude de movimento passivo foi de 110º de rotação externa e 61º de rotação interna à esquerda e 92º de rotação externa e 65º de rotação interna à direita.
- Por ser uma situação pós-cirúrgica, foi aplicada a Constant-Murley Shoulder Outcome Assessment (pelo menos 80 identifica um ombro funcional e saudável). A paciente obteve 78, o que indica uma ligeira limitação.
Tratamento
- Foi realizado um programa de treino de 8 semanas (de 60 minutos de treino supervisionado 1x/semana).
- O programa de treino consistiu em exercícios para aumentar a força do ombro e pernas, exercícios para melhorar a resistência muscular do tronco e exercícios para aumentar a potência.
- A paciente foi instruída a fazer caminhadas diárias para a parte aeróbica do treino.
- O desempenho em cada exercício foi
avaliado após cada treino, revendo o número de repetições e séries, para
aumentar ou diminuir a carga de treino com base na capacidade de completar o volume
total de treino.
Resultados
- Após a conclusão das 8 semanas de treino os testes para a capacidade de resistência e de energia muscular foram repetidos.
- A paciente relatou que tinha voltado a jogar golf, pela primeira vez desde a lesão inicial, uma semana após ter terminado o programa de condicionamento físico para golfistas.
- Além dos ensaios acima referidos, foi feita uma análise computadorizada do swing de golfe da paciente (P3ProSwing Virtual Golf Simulator e o Golf Swing Analyzer) no final do programa de treino.
Conclusão
No final do programa de treino a
cliente foi capaz de demonstrar algumas melhorias na resistência e potência muscular
e foi capaz de retornar ao desporto.
Apesar dos resultados positivos
descritos para este sujeito, existem limitações e outros componentes de treino e
prescrição do exercício devem ser considerados no futuro.
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