domingo, 31 de agosto de 2014

Espasticidade

A espasticidade é uma desordem motora caracterizada por um aumento dependente da velocidade dos reflexos de estiramento tónico (tónus muscular) com movimentos bruscos exagerados do tendão, resultantes da hiperexcitabilidade do reflexo de estiramento, como um componente de uma síndrome do neurónio motor superior.

A espasticidade está associada a condições como a paralisia cerebral, a esclerose múltipla, lesões vertebro-medulares e acidentes vasculares cerebrais.

Este tipo de danos no SNC altera a inibição dos nervos periféricos na região afectada. Esta mudança tende a favorecer a excitação e, portanto, aumentar a excitabilidade nervosa. Ao mesmo tempo, estes danos também fazem com que as membranas das células nervosas repousem num estado mais despolarizado.

A combinação da inibição diminuída e aumento do estado despolarizado de membranas aumenta a actividade de estruturas enervadas pelos nervos afectados. Assim, os músculos afectados têm outras potenciais alterações de desempenho em adição à espasticidade, incluindo fraqueza muscular; diminuição do controlo do movimento; clonus; reflexos profundos exagerados; e diminuição da resistência.

Problemas associados que surgem ou se agravam devido à espasticidade são, por exemplo, amplitude de movimento limitada, posturas anormais que podem produzir dor, capacidade funcional diminuída, distúrbios estéticos ou de higiene.

Procedimentos Diagnósticos


Escala Ashworth:
A escala Ashworth é o instrumento de avaliação mais utilizado para medir a resistência ao movimento de um membro, embora seja incapaz de distinguir entre os componentes neurais e não-neurais do aumento do tónus.

A escala Ashworth:
  • 0 Não se observa aumento do tónus muscular
  • 1 Ligeiro aumento no tónus quando o membro é movido
  • 2 Mais acentuado aumento no tónus, mas o membro facilmente deslocado
  • 3 Aumento considerável no tónus - movimento passivo torna-se difícil
  • 4 O membro encontra-se rígido em flexão ou extensão
Como a espasticidade pode variar de uma condição neurológica para outra e até mesmo de um paciente para outro com a mesma condição, foram sendo desenvolvidas escalas de medição da espasticidade específicas para diversas doenças.

Por exemplo, para a população com esclerose múltipla (The Multiple Sclerosis Society Spasticity Scale, MSSS-88). Esta escala com 88 itens não só avalia os sintomas de espasticidade, como também incorpora a experiência da pessoa e como a espasticidade afeta a sua vida diária.

Tratamento


  • Treino de força de resistência progressiva: não existem provas de que o treino de força aumenta a espasticidade em pacientes com acidente vascular cerebral. Por outro lado o comprometimento osteomuscular nos membros com espasticidade é reduzido significativamente após o treino de força de resistência.
  • Biofeedback combinado com estimulação elétrica funcional e terapia ocupacional demonstrou uma maior redução da espasticidade em comparação com pacientes que realizaram estimulação elétrica funcional e terapia ocupacional isoladamente.
  • A terapia por ondas de choque dos músculos flexores do antebraço em hipertonia em pacientes com acidente vascular cerebral demonstrou redução significativa do tónus muscular (> 3 meses de tratamento).
  • Redução significativa de espasticidade dos flexores plantares do tornozelo em pacientes com acidente vascular cerebral após quinze sessões de 10 minutos de terapia de ultra-som contínuo durante um período de 5 semanas (1MHz frequência e intensidade de 1,5 W/cm2).
  • Crioterapia, usando compressas frias (12 °C) por 20 minutos, pode reduzir a temperatura muscular, reduzindo assim a espasticidade.
  • Estimulação elétrica: a estimulação do músculo agonista apresentou melhorias significativas nos resultados da escala de Ashworth. A estimulação do antagonista demonstrou um aumento do ângulo de iniciação do reflexo de estiramento.


Nestes casos o tratamento precoce é fundamental para evitar ou reduzir as complicações graves associadas a este fenómeno.


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