sábado, 4 de outubro de 2014

Retinopatia diabética

A retinopatia diabética é uma das principais causas de cegueira em todo o mundo. Nos países ocidentais 12% a 15% dos casos de cegueira são devidos a diabetes. Nos E.U.A. registam-se anualmente cerca de 8000 novos casos de cegueira provocados por diabetes.

Os principais factores de risco para o início da retinopatia são o tempo de duração da doença, o mau controlo metabólico e o mau controlo tensional. Cinco anos após o início da doença, cerca de 25% dos diabéticos tipo 1 têm retinopatia. Aos 15 anos de evolução, a retinopatia está presente em 80% dos casos. Contudo, a maioria dos doentes diabéticos são tipo 2. Destes, 60% a 80% têm retinopatia após 15 anos de evolução.

A fotocoagulação panretiniana reduz em pelo menos 50% o risco de cegueira nos doentes com retinopatia diabética proliferativa.

Fisiopatologia

A destruição da membrana basal e dos pericitos dos capilares é a primeira alteração estrutural que ocorre na retina do doente diabético. Posteriormente surgem os microaneurismas que já se detectam por fundoscopia. Nesta fase já existe ruptura das barreiras hemato-retinianas (interna e externa).

Diagnóstico

Para o diagnóstico da retinopatia diabética são fundamentais as retinografias, a angiografia fluoresceínica e também o OCT quando se pretende avaliar o edema macular.

Classificação

A retinopatia diabética divide-se em dois grandes grupos: não proliferativa (mínima, moderada e grave) e proliferativa (incipiente, moderada e grave).

Prevenção

As atitudes mais importantes para a prevenção da RD são: o rastreio, a observação periódica e o controlo dos factores de risco, essencialmente, a hiperglicemia e a hipertensão arterial.

Tratamento

O "gold standard" do tratamento da retinopatia é a laserterapia panretiniana e/ou macular (focal ou em grelha). Os casos mais graves associados a hemorragia no vítreo, descolamento da retina e edema macular tracional. A função da laserterapia consiste em anular a isquemia da retina e, desta forma, impedir a libertação de factores de crescimento endotelial (VEGF).

O edema macular é a principal causa de hipovisão no diabético. A laserterapia macular ainda é a melhor forma de impedir a progressão da perda visual. No últimos anos têm sido tentados tratamentos alternativos e/ou complementares à laserterapia, sendo os mais utilizados os esteróides intra-vítreos (nomeadamente, a triamcinolona) e os anti-VEGF intra-vítreos (pegaptanib, ranibizumab, bevacizumab).

Medicamentos menos utilizados são os inibidores da PKC-beta (proteína kinase C-beta) - a ruboxitaurina oral, o Sorbinil, o Candesartan e o Infliximab. Outros químicos ainda em estudo são o VEGF Trap-Eye, os inibidores do RNA mensageiro do VEGF e a Rapamicina intra-vitrea (Sirolimus).

Conclusão

O tratamento da retinopatia diabética com esteróides ou com anti-VEGF pode contribuir para uma maior eficácia da laserterapia e/ou da vitrectomia. O tratamento com estatinas ou com fenofibrato pode diminuir a exsudação macular, mas raramente tem influência na acuidade visual.

Contudo, o Laser continua a ser a principal arma terapêutica, como ficou demonstrado pelo estudo efectuado pelo Diabetic Retinopathy Clinical Research Network publicado em 2008 na revista da Academia Americana de Oftalmologia (Ophthalmology 2008; 115:1447-1459).



XX Curso pós graduado de endocrinologia, diabetes e metabolismo. 29-29 de Março de 2014, Arquivos de Medicina, vol 28sup mar/abr 2014

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