A retinopatia diabética é uma das
principais causas de cegueira em todo o mundo. Nos países ocidentais 12% a 15%
dos casos de cegueira são devidos a diabetes. Nos E.U.A. registam-se anualmente
cerca de 8000 novos casos de cegueira provocados por diabetes.
Os principais factores de risco
para o início da retinopatia são o tempo de duração da doença, o mau controlo
metabólico e o mau controlo tensional. Cinco anos após o início da doença,
cerca de 25% dos diabéticos tipo 1 têm retinopatia. Aos 15 anos de evolução, a
retinopatia está presente em 80% dos casos. Contudo, a maioria dos doentes
diabéticos são tipo 2. Destes, 60% a 80% têm retinopatia após 15 anos de
evolução.
A fotocoagulação panretiniana
reduz em pelo menos 50% o risco de cegueira nos doentes com retinopatia
diabética proliferativa.
Fisiopatologia
A destruição da membrana basal e
dos pericitos dos capilares é a primeira alteração estrutural que ocorre na
retina do doente diabético. Posteriormente surgem os microaneurismas que já se
detectam por fundoscopia. Nesta fase já existe ruptura das barreiras
hemato-retinianas (interna e externa).
Diagnóstico
Para o diagnóstico da retinopatia
diabética são fundamentais as retinografias, a angiografia fluoresceínica e
também o OCT quando se pretende avaliar o edema macular.
Classificação
A retinopatia diabética divide-se
em dois grandes grupos: não proliferativa (mínima, moderada e grave) e
proliferativa (incipiente, moderada e grave).
Prevenção
As atitudes mais importantes para
a prevenção da RD são: o rastreio, a observação periódica e o controlo dos
factores de risco, essencialmente, a hiperglicemia e a hipertensão arterial.
Tratamento
O "gold standard" do
tratamento da retinopatia é a laserterapia panretiniana e/ou macular (focal ou
em grelha). Os casos mais graves associados a hemorragia no vítreo,
descolamento da retina e edema macular tracional. A função da laserterapia
consiste em anular a isquemia da retina e, desta forma, impedir a libertação de
factores de crescimento endotelial (VEGF).
O edema macular é a principal
causa de hipovisão no diabético. A laserterapia macular ainda é a melhor forma
de impedir a progressão da perda visual. No últimos anos têm sido tentados
tratamentos alternativos e/ou complementares à laserterapia, sendo os mais
utilizados os esteróides intra-vítreos (nomeadamente, a triamcinolona) e os
anti-VEGF intra-vítreos (pegaptanib, ranibizumab, bevacizumab).
Medicamentos menos utilizados são
os inibidores da PKC-beta (proteína kinase C-beta) - a ruboxitaurina oral, o
Sorbinil, o Candesartan e o Infliximab. Outros químicos ainda em estudo são o
VEGF Trap-Eye, os inibidores do RNA mensageiro do VEGF e a Rapamicina
intra-vitrea (Sirolimus).
Conclusão
O tratamento da retinopatia
diabética com esteróides ou com anti-VEGF pode contribuir para uma maior
eficácia da laserterapia e/ou da vitrectomia. O tratamento com estatinas ou com
fenofibrato pode diminuir a exsudação macular, mas raramente tem influência na
acuidade visual.
Contudo, o Laser continua a ser a
principal arma terapêutica, como ficou demonstrado pelo estudo efectuado pelo Diabetic
Retinopathy Clinical Research Network publicado em 2008 na revista da Academia
Americana de Oftalmologia (Ophthalmology 2008; 115:1447-1459).
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