quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pé pendente


O pé pendente resulta da fraqueza dos músculos que fazem a flexão dorsal do pé (movimento de puxar a ponta do pé para si). Como resultado, a ponta do pé fica sempre inclinada para baixo, provocando um padrão de marcha anormal.
O uso do termo pendente pode fazê-lo parecer uma condição bastante simples. Mas na verdade não o é, o pé pendente pode ser uma consequência da lesão aos músculos dorsiflexores, de lesões dos nervos periféricos, de um acidente vascular cerebral, de traumatismos crânio-encefálicos e até mesmo da diabetes.
O pé pendente é mais comum no sexo masculino. No entanto, ambos os pés são igualmente propensos a desenvolver o problema. Algumas formas de pé pendente ocorrem em pessoas de meia-idade, após terem colocado essa área do corpo sobre grande pressão durante a prática de atletismo. Cirurgias ao joelho ou na perna podem levar a danos nos nervos que, depois, levam ao desenvolvimento do pé pendente (cerca de 0,3-4% das próteses totais do joelho desenvolvem pé pendente). Das pessoas que se submetem a cirurgia na tíbia (um osso da perna), 3-13% experienciam pé pendente.
            Algumas das lesões neurais que podem provocar pé pendente incluem: esclerose lateral amiotrófica, síndrome pos-poliomielite, lesões das raízes nervosas lombares e tumores cerebrais ou medulares.


Sinais e sintomas/ Diagnóstico

A função anormal dos músculos provoca um padrão de marcha característico. Para evitar que os dedos arrastem pelo chão algumas pessoas elevam exageradamente a anca e balançam a perna demasiado para a frente. Depois de conseguirem apoiar o calcanhar, a ponta do pé tem tendência a bater de forma descontrola no chão.
O diagnóstico baseia-se na aparência visual do comportamento alterado do pé. Análises de sangue podem ser pedidas para determinar se se trata de uma causa metabólica, como diabetes, alcoolismo, ou de uma toxina. Uma electromiografia pode ser útil na distinção entre os diferentes tipos de dano do nervo que pode ser responsável pelo pé pendente.


Tratamento

O tratamento difere consoante a sua origem. Se o pé pendente tiver sido originado por uma lesão nervosa periférica ou por uma lesão muscular, as técnicas mais utilizadas são:
  • Cirurgia, para libertar o trajecto nervoso, no caso de entrapment (pinçamento) do nervo, ou para reconstrução de um músculo lesado.
  • Mobilização do sistema nervoso periférico, para melhoria do fluxo de informação neural que passa através dos ramos nervosos.
  • Fortalecimento muscular progressivo dos flexores dorsais do pé
  • Electro-estimulação neuromuscular dos músculos responsáveis pela flexão dorsal do pé pode ser benéfica.

Se o pé pendente tiver sido originado por uma lesão nervosa central, as técnicas mais utilizadas são:
  • Utilização de uma tala, para manter o tornozelo numa posição neutra durante a marcha.
  • Electro-estimulação funcional, é um aparelho de estimulação eléctrica do músculo que associa os impulsos ao padrão de marcha do seu utilizador.


Exercícios terapêuticos para o pé pendente

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação do pé pendente. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.



Flexão/extensão do pé
Deitado, com o calcanhar fora da cama, puxe a ponta do pé e dedos para si, depois empurre pé e dedos para baixo.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma. 



 Propriocepção do tornozelo
Em pé, apoiado na perna lesada e com esse joelho ligeiramente dobrado. Tente manter o equilíbrio sem apoiar os braços e olhando em frente. Mantenha esta posição entre 15 a 30 segundos.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.




Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

Chae J, Sheffler L, Knutson J. Neuromuscular electrical stimulation for motor restoration in hemiplegia. Top Stroke Rehabil. 2008 Sep-Oct;15(5):412-26.
Masakado Y, Kawakami M, Suzuki K, Abe L, Ota T, Kimura A. Clinical neurophysiology in the diagnosis of peroneal nerve palsy. Keio J Med. 2008 Jun;57(2):84-9.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Envelhecimento Cutâneo - Saiba como manter uma aparência jovem

Autora: Fisioterapeuta Catarina Gonçalves

O envelhecimento fisiológico é um processo natural que atinge todos os sistemas do organismo e que preocupa a maioria da população. Além de ser um problema de saúde, afeta a aparência e, consequentemente, a forma como os outros nos vêem. Por vezes nem se percebe muito bem o que mudou, mas notamos logo quando vemos alguém com um aspeto “envelhecido” ou quando reencontramos um conhecido que já não víamos há muito tempo.
Além deste processo intrínseco, a pele sofre ainda a ação de fatores externos. O sol é um desses agentes e, neste caso, denomina-se fotoenvelhecimento. Este é notório nas zonas mais expostas, como rosto, pescoço e mãos.
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Sinais

 A nível cutâneo, a pele fica mais fina, seca e pálida. Perde firmeza, elasticidade e luminosidade, e aparecem as rugas e as manchas (discromias). Podem detetar-se ainda pequenas alterações vasculares (telangiectasias). Os cabelos ficam grisalhos, perde-se massa muscular e capacidade sensitiva.
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Causas

Ainda não é consensual a causa do envelhecimento. Certo é que se tratará de um conjunto de fatores intrínsecos e extrínsecos.
A ação ambiental é sem dúvida um fator importante, sendo os raios ultra-violeta (UV) os principais agentes causadores do envelhecimento da pele (90%). O organismo sofre ainda a ação da poluição, tabaco, álcool e as consequências de um modo de vida menos saudável (sedentarismo e má alimentação). O envelhecimento precoce também pode ser agravado pelo excesso de mímica facial, quando usamos indevidamente determinada musculatura da face, que a longo prazo provoca um desgaste das fibras elásticas.

O envelhecimento cronológico advém de modificações a nível genético, através de alterações enzimáticas e proteicas, e diminuição da proliferação celular. Existem várias teorias acerca do envelhecimento intrínseco: a mais antiga é a do relógio biológico, existindo ainda as teorias das reações cruzadas, do desgaste e auto-imune. Porém, a mais aceite atualmente é a teoria dos radicais livres. Estes são átomos instáveis e altamente reativos, que se formam devido a agentes internos e externos (poluição, raios UV, etc.). Estas reações originam o stress oxidativo e este por sua vez origina alterações nas células e nas proteínas extracelulares. Estas modificações podem levar à morte celular, mas para travar esse processo temos os agentes antioxidantes. O problema instala-se quando a produção de radicais livres é superior à produção de antioxidantes, altura pela qual se inicia o envelhecimento.

A nível cutâneo, o aparecimento das rugas deve-se sobretudo à diminuição do número de fibras elásticas e ao crescente endurecimento do colagénio, substância que dá firmeza e consistência à pele. O declínio destas funções aliado à menor velocidade de oxigenação dos tecidos, leva à desidratação da pele e consequentemente às rugas. A atrofia muscular progressiva também leva à perda de elasticidade e firmeza, já que os músculos da mímica facial têm inserção na camada mais profunda da pele. Ocorre ainda um decréscimo na produção de melanina pela atrofia das células que a produzem (melanócitos), o que leva ao aparecimento de discromias.

Tratamentos 


Eletrolifting - método utilizado para atenuar as rugas recorrendo à corrente galvânica. É usado um elétrodo em placa (positivo) e outro em caneta (negativo). Este último é o ativo e é aplicado na ruga, para estimular os capilares e assim aumentar a circulação local. Este efeito intensificará os processos metabólicos, a nutrição e a regeneração dos tecidos.
Iontoforese – utiliza a corrente galvânica para introduzir substâncias no organismo. Os princípios ativos serão escolhidos de acordo com o problema a tratar (ruga, mancha, flacidez, etc.)
Laser – a laserterapia é um recurso usado no tratamento de rugas. Atua a nível celular e promove a produção de colagénio.

Massagem – promove o aumento da circulação sanguínea e linfática, e a renovação do estrato córneo (camada mais superficial da pele).
Radiofrequência – método que induz calor profundo, estimulando a produção de colagénio. Ideal para o tratamento da flacidez dérmica.
Cinesioterapia – fortalecimento dos músculos combatendo a perda de massa muscular. Os exercícios resistidos da musculatura do rosto melhoram o seu contorno, atenuam algumas rugas e previnem a ptose facial.

Luz pulsada – é frequentemente utilizada para atenuar as discromias, mas pode ser usada também para tratamento de rugas. Além de melhorar a circulação sanguínea, estimula a produção de colagénio e elastina.
Peeling – trata-se de uma esfoliação e pode ser mecânico (microdermoabrasão, etc.), ultra-sónico, enzimático, vegetal e químico (ác. glicólico, mandélico, etc.). Este procedimento permite atenuar rugas, manchas e marcas, de acne por exemplo.
Carboxiterapia – consiste na injeção de dióxido de carbono sob a pele, que estimula o metabolismo e aumenta a produção de colagénio. Este procedimento combate as rugas e a flacidez cutânea.

Dermaroller – dispositivo de indução de colagénio, que promove a sua produção pela agressão mecânica das microagulhas que o revestem. Indicado para o tratamento de rugas e flacidez dérmica.
Procedimentos médicos – são diversas as técnicas disponíveis na medicina estética. Desde o preenchimento, o mais comum com ácido hialurónico, à toxina butolínica, vulgarmente conhecida como botox, ou até mesmo a cirurgia estética. É importante ter em conta a importância da fisioterapia na preparação e no pós-cirúrgico.
Alimentação – devemos incluir na nossa alimentação antioxidantes, para reforçar a capacidade protetora natural do organismo. Os alimentos com vitamina A, C e E, selénio, co-enzima Q10 e zinco, devem fazer parte da nossa alimentação diária.

Suplementos - os nutracêuticos e nutricosméticos poderão ser um bom suplemento, não substituindo uma correta alimentação.
Cosméticos – os cremes são também uma forma de combater o envelhecimento. Deverá estar atento à sua constituição e para isso saiba que substâncias como retinol, vitamina C, dimetilaminoetanol (DMAE) e glicerina, são excelentes opções. Não esqueça da aplicação diária do protetor solar, obrigatório para a prevenção do fotoenvelhecimento e do cancro de pele.





Fisioterapeuta Catarina Gonçalves
Licenciada em Fisioterapia na ESSVS (2010)
Monitora de PNF-Chi (2009)
Curso de Fisioterapia Dermato funcional Corporal (2010)
Curso de Auriculoacunpunctura aplicada à Dermato funcional (2010)
Curso de Pré e Pós-operatório de Cirurgia Estética: a intervenção da Fisioterapia Dermato funcional (2012)

Função atual:
Fisioterapeuta dermato funcional em Clinipark, Centro Clínico Ana M. B. Santos
Fisioterapeuta e instrutora de PNF-Chi em Momento de Pausa
Fisioterapeuta dermato funcional em Medical Corpus

Borges FS; Scorza FA, Jahara RS. Modalidades terapêuticas nas disfunções estética. 2ª ed. São Paulo. Phorte, 2010.

Guirro E; Guirro R. Fisioterapia Dermato-Funcional. 3ª ed. Manole, 2002.

Hirata LL, Sato ME, Santos CA. Radicais livres e o envelhecimento cutâneo. Acta Farm. Bonaerense 23 (3): 418-24 (2004).

Nunes MS. Medicina Estética Facial: Onde a arte e a ciência se conjugam.
Dissertação de Mestrado em Medicina. Covilhã, Maio 2010.

Souza SL, Braganholol LP, Ávila1 AC, Ferreira AS. Recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento do envelhecimento facial. Revista Fafibe Online n.3 Agosto 2007.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Os benefícios do exercício físico em mulheres com cancro da mama


O cancro da mama é um dos cancros mais comuns. Cerca de um em cada nove mulheres desenvolve cancro da mama em algum momento da sua vida. A maioria desenvolve-se em mulheres acima de 50 anos de idade, mas as mulheres mais jovens também são afectadas. O cancro da mama também pode ocorrer nos homens, embora isso seja raro. Este tipo de cancro cresce a partir de uma célula cancerosa que se desenvolve no revestimento de um ducto ou lóbulo de uma das mamas.



Apesar de um conjunto significativo de dados empíricos indiciarem os benefícios da atividade física em mulheres que foram diagnosticadas com cancro da mama, a experiência de se exercitar durante ou após o tratamento do cancro da mama ainda não foi totalmente documentada em estudos com relevância científica.

O objetivo deste estudo qualitativo foi o de fornecer uma descrição detalhada das experiências de mulheres que experimentaram praticar exercício físico durante ou após os seus tratamentos para o cancro da mama, especificamente, as suas perceções sobre os benefícios que experimentaram como resultado da participação num programa de exercícios individualizado com componente cardiovascular e exercícios de resistência. 45 mulheres que haviam sido diagnosticadas com cancro da mama foram recrutadas em dois centros de oncologia para participar no programa de exercícios.

Foram realizadas entrevistas em vários estágios do programa de exercícios e as participantes atribuíram benefícios psicológicos, físicos e sociais à sua participação no programa de exercício. As participantes descreveram o programa como tendo sido uma ajuda para se sentirem melhores, recuperarem o controlo sobre os seus corpos e as suas vidas, gerir as suas emoções, e prepará-las para viver saudavelmente daqui para frente.


Bulmer et al;. Women and Health 52 (2012) 771-787. Todos os direitos reservados a T e F Online.

Bursite do tendão de Aquiles


A bursite é a inflamação de uma bolsa (um fino saco de líquido sinovial). Estas bolsas estão localizadas nos pontos de fricção, especialmente onde há tendões ou músculos que passam por cima do osso, e têm como principal função diminuir o atrito entre estas estruturas. Embora uma bolsa geralmente contenha muito pouco líquido, no caso de se lesionar pode inflamar e encher-se de líquido, causando a bursite.

A bursite posterior do tendão de Aquiles consiste na inflamação da bolsa localizada entre a pele e o tendão e é muitas vezes associada à formação de uma proeminência óssea no osso do calcanhar designada deformidade de Haglund. Esta perturbação manifesta-se principalmente nas mulheres jovens, mas também pode desenvolver-se nos homens. Geralmente agrava-se quando se comprime repetidamente os tecidos moles por trás do calcanhar, contra o suporte rígido do sapato de salto alto por exemplo.

A bursite anterior do tendão de Aquiles é também chamada de doença de Albert ou bursite retromaleolar e consiste na inflamação da bolsa localizada entre o tendão e a articulação do tornozelo. Qualquer condição que coloque pressão adicional sobre o tendão de Aquiles, como a prática desportiva de competição, pode causar bursite anterior do tendão de Aquiles. Lesões no calcanhar e doenças como a artrite reumatóide também podem causá-la.

Sinais e sintomas/ Diagnóstico

Na bursite anterior do tendão de Aquiles, geralmente de inicio mais rápido, associado à tensão causada por esforços repetidos ou lesão durante a prática desportiva surge inchaço, calor e um ponto doloroso à pressão na parte de trás do tornozelo, logo acima do calcanhar.
Na bursite posterior do tendão de Aquiles a princípio, aparece uma mancha ligeiramente vermelha, endurecida e dolorosa na face posterior e superior do calcanhar. Quando a inflamação aumenta, aparece uma tumefacção vermelha por baixo da pele do calcanhar que causa dor acima do mesmo. Se a afecção se torna crónica, o inchaço pode endurecer.
O diagnóstico é baseado nos sintomas e na avaliação clínica. Geralmente nas bursites anteriores do tendão de Aquiles, os médicos utilizam raios-x para descartar fracturas do calcâneo ou danos no osso causados pela artrite reumatóide ou outra artrite inflamatória.

Tratamento

           A maioria dos pacientes com bursite do tendão de Aquiles reage bem ao tratamento com fisioterapia. O tratamento, no caso de ser uma lesão aguda, tem como objectivo inicial controlar os sinais inflamatórios, através de:
Descanso: Evite caminhar ou estar muito tempo de pé. Se tiver de o fazer utilize canadianas. Andar a pé pode significar um agravamento da sua lesão.
Gelo: Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
Elevação: O pé deve ser elevado um pouco acima do nível do seu coração para reduzir o inchaço.
Assim que os sintomas diminuírem, deve ser iniciado um programa de fisioterapia. As técnicas que revelam maior eficácia nesta condição:
  • Educação do paciente sobre o calçado mais adequado (adaptar a posição do pé no sapato para aliviar a pressão sobre o calcanhar. Podem colocar-se almofadas no calçado, de espuma de borracha ou de feltro, para elevar o calcanhar, diminuindo assim a pressão) e plano de retorno gradual à actividade.
  • Exercícios para melhorar a flexibilidade, força e equilíbrio (incluindo exercícios em carga)
  • A aplicação de gelo no final dos exercícios para prevenir sinais inflamatórios.
  • Mobilização articular.

Caso nenhuma destas intervenções for eficaz, os anti-inflamatórios não esteróides, como o ibuprofeno, aliviam a dor e a inflamação de forma temporária, assim como as injecções de uma mistura de corticosteróides e anestésicos locais na zona inflamada. Quando estes tratamentos também não são eficazes, pode haver indicação para remover cirurgicamente uma parte do osso do calcanhar.

Exercícios terapêuticos para a bursite do tendão de Aquiles

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma bursite do tendão de Aquiles. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.

 



Alongamento dos gémeos
De pé, com as mãos ao nível dos ombros apoiadas na parede. Colocar a perna a alongar esticada e atrás, dobrar à frente o joelho da outra perna, com as costas alinhadas. Mantenha essa posição por 20 segundos.
Repita entre 3 a 6 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


Reforço muscular dos gémeos
Em pé, apoiado numa cadeira, coloque-se em pontas dos pés. Desça lentamente até todo o pé apoiar no chão. Repita este movimentos entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma. 



Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

Barry ME. Patient-education guide. Heel pain. Nursing. 2004 Feb;34(2):43.
Mazzone MF, McCue T. Common conditions of the achilles tendon. Am Fam Physician. 2002 May 1;65(9):1805-10.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Alterações degenerativas da coluna cervical


A coluna vertebral é composta por vários ossos conhecidos como vértebras, cada uma das quais com um grande buraco no centro. Como esses ossos estão dispostos uns sobre os outros, o alinhamento dos seus buracos forma o chamado canal medular, onde se aloja a medula espinhal. Este canal oferece protecção e espaço à medula espinhal e nervos, de forma à informação nervosa circular correctamente entre o cérebro e o resto do corpo.
Cada vértebra conecta-se com a vértebra acima e abaixo através de dois tipos de articulações: as articulações de cada lado da coluna vertebral (articulações inter-apófisárias) e o disco intervertebral central. Existem ainda pequenos buracos de cada lado da coluna vertebral, conhecidos como buracos de conjugação (ou intervertebrais). Estes estão localizados entre duas vértebras adjacentes e permitem que os nervos saiam do canal espinhal.

Com o tempo, pode ocorrer o desgaste ósseo, dos discos intervertebrais e das articulações, resultando em alterações degenerativas da coluna vertebral. Essas mudanças degenerativas podem incluir diminuição da altura do disco, a perda da cartilagem articular, estimulando espessamento do osso e a formação osteófitos (esporões ósseos). À medida que estas alterações degenerativas se vão agravando o canal medular e os buracos de conjugação poderão estreitar-se e eventualmente colocar pressão sobre a medula espinhal e nervos, resultando numa variedade de sintomas característicos de compressão nervosa.
Estas alterações são comummente associadas ao processo normal do envelhecimento, no entanto, também podem ser causadas por infecções, tumores, tensões musculares, ou artrose.

Sinais e sintomas/ Diagnóstico

Alterações degenerativas ligeiras poderão causar poucos ou nenhum sintoma. Conforme estas alterações se tornam mais graves, os pacientes podem sentir:
  • Dor cervical
  • Rigidez articular, principalmente de manhã ao acordar e depois de muito tempo sentado a olhar para baixo (por exemplo a ler, a tricotar ou ao computador)
  • Se a degeneração das estruturas vertebrais for tão grave que cause compressão da medula espinhal ou dos nervos poderá sentir:
  • Dor, que agrava em actividades como andar com sacas nas mãos ou estar parado de pé ou sentado durante bastante tempo
  • Formigueiro, ardor ou dormência
  • Fraqueza muscular ou sensação repentina de perda de força
  • Todos estes sintomas podem ser sentidos tanto na cervical como ao longo dos membros superiores.

Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e exame atento da coluna cervical, torácica e do ombro, é necessária para ajudar ao diagnóstico de alteração degenerativa da coluna lombar. A confirmação do diagnóstico muitas vezes começa com um raio-X à coluna cervical, no entanto, a ressonância magnética (RM) é o principal meio de diagnóstico, pois permite visualizar o disco intervertebral em detalhe, assim como o espaço dos buracos de conjugação e do canal medular. A tomografia computadorizada (TC) também pode ser utilizada.
Apesar disso, o diagnóstico de problemas na coluna vertebral, mesmo com a RM, pode ser complicado, devido a falsos positivos e a casos em que os resultados dos exames não se correlacionam bem com os sintomas do paciente.

Tratamento


O tratamento depende da gravidade e do tipo das alterações degenerativas. Felizmente, na maioria dos casos, as alterações degenerativas da coluna cervical não são suficientemente graves para exigir tratamentos invasivos, e nesses casos o objectivo primário do tratamento será manter-se tão activo quanto possível, sem agravar os sintomas, a fim de manter a força e a mobilidade da coluna, evitando o agravamento da sua disfunção. Poderá fazer:
  • Repouso das actividades que agravam os sintomas
  • O seu médico poderá prescrever analgésicos orais
  • Fisioterapia para fortalecer os músculos do pescoço e ombros e para melhorar a flexibilidade e amplitude de movimento.
  • Modificar actividades e posturas de forma a manter-se activo, sem agravar os sintomas.
         Além disso, procedimentos minimamente invasivos, como a administração de cortico-esteróides ou analgésicos, provocam alívio temporário da dor, tornando o trabalho da fisioterapia mais produtivo em pacientes com dor severa. Este tipo de procedimentos irá proporcionar alívio dos sintomas à grande maioria dos pacientes, no entanto a probabilidade de estes voltarem 1-2anos após o tratamento é significativa.

A cirurgia pode vir a ser necessária em alterações graves. A cirurgia é indicada em pacientes com dor crónica severa, alterações neurológicas graves, nomeadamente irradiação para os braços que impeça a função normal. Além disso, a cirurgia pode ser considerada em pacientes que não responderam ao tratamento menos invasivo e em pacientes que apresentam uma anomalia que pode ser corrigida de forma efectiva pela cirurgia.

Os procedimentos cirúrgicos variam dependendo do tipo e da gravidade da alteração. Em alguns pacientes, uma hérnia discal pode ser corrigida cirurgicamente para restaurar a sua estrutura anatómica normal. Em outros pacientes, com estenose do canal vertebral ou em que o disco está a causar pressão sobre o nervo, devem ser removidos o disco ou o osso que estão a causar essas lesões. A lacuna deixada pela remoção desses tecidos é então compensada por um processo chamado de fusão espinal, em que dispositivos metálicos são utilizados para estabilizar a coluna e, em excertos ósseos são implantados para incentivar o crescimento ósseo nessa área. Os resultados da cirurgia são geralmente muito bons e a maioria dos pacientes retorna à função normal em questão de semanas.

Exercícios terapêuticos para alterações degenerativas da cervical

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante o tratamento de alterações degenerativas da cervical. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.





Correcção postural da cervical e ombros
Em pé ou sentado, rode os ombros para trás e para baixo, enterre o queixo e imagine que tem uma linha a puxar-lhe o topo da cabeça. Mantenha esta posição durante 20 segundos.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



Adução das omoplatas
Em pé ou sentado, com os cotovelos dobrados. Puxe os ombros e cotovelos para trás e para baixo. Mantenha a posição durante 8 segundos. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.






Flexão/extensão da coluna vertebral
De joelhos, apoiado nas palmas das mãos, que estão alinhadas com os ombros. Inspire fundo, enquanto deixa a coluna arquear em direcção ao chão e roda a cabeça para a frente. Expire completamente, enquanto contrai os abdominais e enrola a coluna e pescoço.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.




 Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

Viscosuplementação no alívio sintomático da osteoartrose do joelho



A Visual Health Information publicou a sua newsletter mensal. Nesta edição respondem à questão:


Será a viscosuplementação recomendada para o alívio sintomático da osteoartrose do joelho?

Para responder a esta questão, foi realizada uma pesquisa abrangente no banco de dados PubMed (durante Novembro de 2012) por trabalhos que abordaram esta questão específica. 
Devido ao grande volume de literatura sobre o tema, a pesquisa foi restrita a apenas meta-análises e recomendações de sociedades de ortopedistas publicadas nos últimos 3 anos (2010-2012).
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Colen e colaboradores identificaram 18 estudos (1180 pacientes em estudos publicados até 2011) comparando a injeção intra-articular de ácido hialurônico (AH) com injeção de solução salina apenas e relatou uma significativa, mas provavelmente não clinicamente importante, redução na dor com o AH. Um imprevisto "efeito placebo" provocou melhorias de 30% na dor em doentes injetados com solução salina. Numa outra meta-análise, que incluiu 71 estudos (9617 pacientes em estudos publicados e não publicados até 2012), Rutjes e colaboradores concluíram que a viscosuplementação teve um efeito clinicamente irrelevante na dor e função do joelho com osteoartrose.

A Osteoartrite Research Society International (OARSI) concluiu que houve efeito moderado do AH na dor e função do joelho com osteoartrose, mas também relataram elevado grau de heterogeneidade entre avaliações e viés de publicação. Quando a análise foi restrita a apenas estudos de alta qualidade, o efeito do AH na dor foi mínimo.
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Embora se tenham verificado resultados positivos com a viscosuplementação, não é claro se são melhorias clinicamente significativas. Exercícios aeróbicos, de equilíbrio e treino neuromuscular permanecem como abordagem conservadora recomendada na gestão da osteoartrose do joelho. Com base nas atuais diretrizes de prática clínica para o tratamento da osteoartrite de joelho, a VHI selecionou os seguintes exercícios:






Esta newsletter mensal está disponível de forma gratuita no site Visual Health Information

Veja este e outros sites de prescrição de exercícios terapêuticos Aqui!





Colen S, van den Bekerom MP, Mulier M, Haverkamp D. Hyaluronic acid in the treatment of knee osteoarthritis: a systematic review and meta-analysis with emphasis on the efficacy of different products. BioDrugs. 2012 Aug 1;26(4):257-68. doi: 10.2165/11632580-000000000-00000. PubMed PMID: 22734561.

Rutjes AW, Jüni P, da Costa BR, Trelle S, Nüesch E, Reichenbach S. Viscosupplementation for osteoarthritis of the knee: a systematic review and meta-analysis. Ann Intern Med. 2012 Aug 7;157(3):180-91. doi: 10.7326/0003-4819-157-3-201208070-00473. Review. PubMed PMID: 22868835.

Bannuru RR, Natov NS, Dasi UR, Schmid CH, McAlindon TE. Therapeutic trajectory following intra-articular hyaluronic acid injection in knee osteoarthritis--meta-analysis. Osteoarthritis Cartilage. 2011 Jun;19(6):611-9. Epub 2011 Apr 9. Review. PubMed PMID: 21443958.

Zhang W, Nuki G, Moskowitz RW, Abramson S, Altman RD, Arden NK, Bierma-Zeinstra S, Brandt KD, Croft P, Doherty M, Dougados M, Hochberg M, Hunter DJ, Kwoh K, Lohmander LS, Tugwell P. OARSI recommendations for the management of hip and knee osteoarthritis: part III: Changes in evidence following systematic cumulative update of research published through January 2009. Osteoarthritis Cartilage. 2010 Apr;18(4):476-99. Epub 2010 Feb 11. Review. PubMed PMID: 20170770.