terça-feira, 6 de agosto de 2013

A Fisioterapia no ténis de elite

Entrevista com:
Fisioterapeuta Carlos Carvalho

P.: O Carlos acompanha em exclusivo os tenistas Jan Hajek e Lukas Rosol, actuais nº125 e nº44 no Ranking ATP. Quais são as suas principais tarefas ao longo do ano para preparar uma temporada? Como se desenrola o planeamento da temporada em si e dos objectivos?
A minha tarefa é muito simples, trabalhar na prevenção para evitar lesões, se as mesmas ocorrerem, reabilitar e potencializar a performance do atleta.
O planeamento da temporada é algo complexo porque nunca sabemos a 100% quais os torneios que iremos realizar.
Mas o fundamental é potencializar a condição física antes do torneio e durante o torneio, para isto, temos que ter em conta o tipo de competição que vai realizar (se é torneio ATP, Grand Slam ou Taça Davis), em que tipo de piso vai jogar (terra batida, relva ou rápido), e quais as possíveis condições climatéricas irá ter.
Assim, tendo em conta todas estas condições, realizamos um plano para potencializar todas as suas variantes.
Algumas das rotinas que realizo com eles, passam pelas mobilizações matinais, exercícios para "despertar o corpo", aquecimento antes do treino, treino no court/ginásio (força, velocidade, resistência, flexibilidade, propriocepção), estiramentos, banhos de contraste, hidroterapia, massagem desportiva, massagem com gelo, estes são alguns dos exemplos das actividades que realizo diariamente, além de ter o cuidado de preparar toda a sua dieta e hidratação.

P.: Qual o seu papel, e como se conjuga com os outros profissionais que acompanham este atleta?
Como assumo o papel de Fisioterapeuta e de Preparador Físico a minha responsabilidade é ainda maior, assim tenho de ter uma boa inter-relação com o seu treinador para podermos planificar todo o trabalho quer físico, quer tático. Deste modo tenho de ter em conta o trabalho que realiza no court, avaliar a sua condição física de modo a potenciar os seus valores quer em treinos no ginásio quer em treinos no court, onde para isso preciso também da opinião do treinador que é fundamental para assim melhorar a sua performance. Posto isto, temos que estar em contato permanente para que o nosso trabalho seja o melhor possível em prol do jogador.
P.: É o Carlos que os assiste durante o jogo? Como se gerem as expectativas de um jogador deste nível, e que tem certamente compromissos a cumprir, sem pôr em causa a sua integridade física? Já lhe aconteceu alguma situação de dúvida neste sentido?
Todos os jogadores que necessitam de assistência médica durante o jogo, a mesma é-lhes providenciada pelos serviços do ATP, nenhum elemento da sua equipa técnica o pode assistir durante o jogo. Todas as decisões que tomam durante o jogo são sempre com a opinião da assistência médica dos serviços do ATP. Felizmente, até à data, nenhum dos jogadores com que trabalhei teve que desistir devido a uma lesão. 
P.: Para terminar, como faz para conjugar esta vida profissional, que certamente o obriga a inúmeras viagens, com a vida pessoal? Como os atletas, haverá uma altura em que é tempo de pousar as sapatilhas?
Realmente não é algo fácil de conjugar uma vez que viajo cerca de 35 semanas por ano. Por um lado sinto-me um privilegiado porque tenho a possibilidade de viajar por todo o mundo e conhecer culturas diferentes. A nível profissional também é bom porque lido com bons profissionais da área onde tenho oportunidade de trocar conhecimentos, experiências e técnicas. Mas por outro lado, as saudades da família, amigos e namorada apertam e sentimos necessidade de estar mais próximos. Não sei quantos anos mais irei continuar por aqui, mas no futuro gostaria de trabalhar cá em Portugal e poder viajar algumas semanas durante o ano. Até lá esperamos por novos desafios.



Carlos Carvalho
Fisioterapeuta, Master em Osteopatia, frequência no curso de Ciências do Desporto
Acompanhou diversos tenistas profissionais, como Nicolay Davydenko, Michal Mertinak, Chantal Skamlova e Tommy Haas.
Actualmente acompanha em exclusivo os tenistas Lukas Rosol e Jan Hajek




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