Nas últimas décadas, tem havido um apelo
à mudança entre as partes envolvidas na gestão da escoliose
idiopática. Os pais de crianças com escoliose
queixam-se do chamado "esperar e ver" de muitos médicos ao verem
escolioses entre 10° e 25°, e cada vez mais procuram outras soluções.
Nesse sentido, iremos resumir neste
artigo com 7 partes, as ideias das sete principais escolas no tratamento de
escoliose a nível mundial, e as suas abordagens aos exercícios específicos de
fisioterapia para a escoliose (EEFE).
O objetivo não é determinar qual abordagem
é superior, mas sim que os fisioterapeutas possam incorporar o melhor de cada
uma delas na sua prática clínica, melhorando os resultados do tratamento
conservador para a escoliose
idiopática.
Scientific exercise approach to scoliosis – SEAS (Itália)
O método SEAS é um programa de
exercícios individualizado, cientificamente adaptado a todos os aspetos do
tratamento conservador da escoliose, que se concentra em recuperar o controlo
postural e melhorar a estabilidade espinal através de exercícios de
auto-correção ativa 3D da postura escoliótica.
Para curvas suaves a moderadas
durante o crescimento ativo, o SEAS é usado isoladamente para reduzir a
necessidade de apoio.
Nas curvas moderadas a graves durante
o crescimento ativo, o SEAS é usado em combinação com o colete para retardar,
parar e possivelmente reverter a progressão da curva, e na preparação para o “desmame”
da órtese.
Em pacientes adultos com escoliose,
com curvas progressivas ou fundidas, o SEAS ajuda a estabilizar a coluna
vertebral e a reduzir a incapacidade.
Os exercícios do SEAS treinam os sistemas
neuromotores para ativar um reflexo de auto-correção da postura durante as
atividades da vida diária. O SEAS pode ser realizado em regime ambulatorial
(2-3 vezes por semana durante 45 min) ou como um programa de exercícios
domiciliares de 20 min diariamente, em conjunto com sessões de fisioterapia
especializadas de 1,5h a cada três meses para avaliação contínua e adaptação da
terapêutica.
Princípios de correção 3D
Ao paciente é solicitado que se
coloque quatro questões e que as responda:
1. "A minha coluna está apoiada
e não relaxada?"
Durante a realização dos exercícios
SEAS, os pacientes são sempre orientados a começar a partir de onde a coluna está
numa posição de apoio básico. Uma vez ciente de que a coluna está suportada e
não relaxada, o paciente então executa a auto-correção primeiro com a ajuda de
um espelho e mais tarde sem.
2. "O meu corpo está mais
simétrico do que antes?"
Como o paciente inicialmente executa a
auto-correção à frente do espelho, o primeiro teste é visual (vejo que meu
corpo é agora mais simétrico do que antes). Mas ao longo do tempo deverá ser
capaz de sentir que o seu corpo é mais simétrico e de realizar exercícios sem a
ajuda do espelho.
3. "Ao fazer o exercício, sou
capaz de manter a correção?"
A resposta a esta pergunta ajuda o fisioterapeuta
a ajustar o nível de dificuldade dos exercícios. Se o paciente é capaz de
manter a correção, o terapeuta pode decidir aumentar a dificuldade do
exercício. Se o paciente é incapaz de manter a correção, deve realizar um
exercício menos difícil.
4. "Sou capaz de reconhecer que
o meu corpo retorna à posição em que estava antes de realizar a
auto-correção?"
O paciente realiza o exercício por
cerca de 10 segundos, depois relaxa lentamente, retornando da posição
auto-corrigida para a sua posição normal.
Ao responder "sim" a esta
pergunta, isso significa que o paciente foi capaz de observar a mudança de
posição. Se o paciente responde "não" a esta questão, isso significa
que a auto-correção foi perdida em algum momento durante a execução do
exercício, e o exercício realizado perdeu a sua especificidade corretiva.
Colete Sibilla
Na escoliose progressiva leve (até 30°
Cobb) que não pode ser controlada através de exercícios SEAS, o primeiro
objectivo é evitar a progressão, permitindo a máxima liberdade possível nas
actividades da vida diária e reduzir o desconforto causado pelo colete.
Nestes casos, o colete escolhido será
menos rígido (Sibilla) e terá de ser usado durante 18 a 20h por dia até o final
do período progressivo (até estágio 3 de Risser), altura em que o doente fará o
“desmame” do colete.
Colete Sforzesco
Na escoliose grave do adolescente (até
45° -50° Cobb), e se o paciente não quer ser operado ou a cirurgia não é uma
opção viável, o objetivo é, no mínimo, evitar a progressão, contudo, isso não
garante a estabilidade na idade adulta.
Nestes casos, o colete mais rígido (Sforzesco)
é usado todo o dia durante pelo menos um ano. O uso do colete é então gradualmente
reduzido em 1/2 horas a cada seis meses, mantendo os resultados, e deve ser
usado até 18 h por dia, até Risser estágio 3.
Berdishevsky H, Lebel VA, Bettany-Saltikov J, Rigo M, Lebel A, Hennes
A, Romano M, Białek M, M'hango A, Betts T, de Mauroy JC, Durmala J.
Physiotherapy scoliosis-specific exercises - a comprehensive review of seven
major schools. Scoliosis Spinal Disord. 2016 Aug 4;11:20.