A síndrome de compartimento é uma
condição dolorosa que ocorre quando a pressão dentro da bainha que envolve cada músculo aumenta, diminuindo assim o fluxo sanguíneo, o que impede a nutrição e
oxigenação das células musculares
e do nervo.
A síndrome de compartimento
anterior surge quando o
músculo na parte externa da canela (o tibial anterior) começa a sofrer maior pressão devido a um edema contido na
bainha que o rodeia.
As síndromes do compartimento podem ser agudas ou crónicas.
- A síndrome do compartimento aguda é considerada uma emergência médica, e está geralmente associada a ferimentos graves, como fracturas da tíbia. Sem tratamento, esta lesão pode levar a lesões musculares e nervosas permanentes.
- A síndrome do compartimento crónica, também conhecida como síndrome do compartimento de esforço, não é geralmente uma emergência médica. É mais frequentemente causada por esforço associado à prática desportiva, e surge algumas horas após o exercício, em resultado da inflamação causada pelo esforço muscular excessivo.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
Na síndrome do compartimento anterior aguda
- Uma dor aguda no músculo do lado de fora da perna, geralmente como resultado de um impacto directo.
- Diminuição de força muscular ao puxar o pé para cima contra resistência.
- Inchaço e sensibilidade na região do músculo tibial anterior.
- Dor quando o pé e os dedos são dobrados para baixo.
Na síndrome do compartimento anterior crónica
- Dor que aumenta durante o exercício, podendo chegar a impossibilitar a corrida.
- Dor alivia depois de um breve descanso, mas volta durante o exercício.
- Dificuldade em levantar os dedos dos pés e dos pés para cima.
- Dor ao puxar para baixo os dedos e pés.
Se apresentar os sintomas de uma síndrome do
compartimento anterior aguda deve dirigir-se imediatamente a um serviço de
emergência médica. No casos das síndromes do compartimento crónicas uma boa
avaliação, incluindo uma história clínica e exame atento da perna são
geralmente suficientes para o diagnostico. Um raio-X ou ecografia podem ser pedidos para descartar uma fractura de stress da tíbia ou uma tendinite. Quando a pressão
dentro do compartimento muscular aumenta poderá
causar tracção sobre
o periósteo (anel
ao redor do osso), que pode levar a
uma condição chamada canelite.
Tratamento
O
tratamento em fisioterapia, consiste em controlar os sinais inflamatórios,
reduzir a dor e aumentar a funcionalidade, através de:
Descanso: Evite caminhar ou
estar muito tempo de pé. Se tiver de o fazer utilize canadianas. Andar a pé durante longos períodos pode significar um agravamento da sua lesão. Repouse entre 2 a 5 dias da actividade que provocou os
sintomas.
Gelo: Aplique uma compressa
de gelo na área lesada,
colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
Compressão: uma meia elástica pode ser usada para controlar o
inchaço.
Elevação: A perna deve ser
elevada um pouco acima do nível do seu coração para reduzir o inchaço.
Analgésicos e
anti-inflamatórios não-esteróides poderão ser receitados pelo médico para
controlar o processo inflamatório e aliviar as dores.
Massagem de
drenagem do membro inferior
Exercícios de
mobilização activa do pé em elevação e natação poderão ajudar à recuperação das
fibras musculares
Se o paciente apresenta uma história de síndrome de compartimento crónica, que não
se resolve com tratamento conservador, que provoca uma pressão
no compartimento superior a
30 mmHg 1 minuto
após o inicio do exercício ou que
apresenta um defeito na fáscia
(bainha) do músculo. A cirurgia
poderá ser considerada.
A fasciotomia é a cirurgia para esta síndrome, e
consiste num procedimento simples que divide a fáscia longitudinalmente ao longo de todo o comprimento do compartimento envolvido.
Ou seja, um corte é feito ao longo do comprimento da bainha dos músculos
para permitir que a pressão que está a ser aplicada ao músculo
diminua. Logo após a cirurgia é aplicada uma ligadura compressiva.
O paciente pode
precisar usar canadianas por
alguns dias. Exercícios de mobilidade activa e passiva
devem ser começados de imediato. Assim que a cicatriz tenha fechado, caminhadas e ciclismo
são incentivados. A corrida só deve ser
retomada pelo menos seis semanas após a cirurgia.
A recuperação completa pode demorar até três meses.
Exercícios terapêuticos para a síndrome de compartimento anterior
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação da
síndrome de compartimento anterior. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição
de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Ajoelhado, com um
rolo no peito dos pés e as costas alinhadas. Baixe o máximo possível a bacia de
encontro aos calcanhares. Mantenha a posição durante 20 segundos.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Deitado, com um
elástico na ponta do pé, com a coxa e joelho dobrados a 90o.
Mantenha a tensão no elástico enquanto estica o mais possível o joelho, puxado
a ponta do pé para si. Mantenha a posição durante 20 segundos.
Em pé,
apoiado numa cadeira, coloque-se em pontas dos pés. Desça lentamente até todo o
pé apoiar no chão. Repita este movimentos entre
8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.
Antes de iniciar estes exercícios você deve
sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
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