O osso astrágalo (ou tálus) localiza-se no médio-pé e articula-se atrás
com o calcâneo, do lado externo com o cubóide e à frente com os 3 coneiformes. Este osso desempenha
um papel importante na manutenção da arcada
plantar.
As fracturas do astrágalo podem ser:
Fracturas arrancamento: são as mais comuns e têm
geralmente associadas lesões ligamentares, como resultado de uma força de
torção brusca aplicada ao médio-pé. Essas fracturas são comummente tratadas de forma conservadora, com
excepção da fractura arrancamento da inserção do tendão tibial posterior (fractura da tuberosidade), que deve ser reparada cirurgicamente, especialmente se o deslocamento do fragmento ósseo for superior a 1 cm.
Fracturas do corpo do astrágalo: estão
geralmente associadas a outras lesões da articulação médio-társica. Podem ser
classificadas em:
- Tipo 1 é uma fractura do corpo do astrágalo sem luxação.
- Tipo 2 é uma fractura oblíqua com luxação medial do médio-pé.
- Tipo 3 é uma fractura cominutiva com deslocamento lateral e ante-pé.
Todas as
fracturas do corpo do astrágalo com 1 mm ou mais de deslocamento exigem a
redução aberta e fixação interna.
Fracturas de stress: são geralmente associadas à prática desportiva, principalmente em jovens atletas do sexo
masculino. Estas fracturas são problemáticas porque
não são evidentes nas
radiografias simples, o que
leva muitas vezes a um atraso no diagnóstico, que pode resultar em dor incapacitante prolongada. Num estudo recente o tempo médio para o diagnóstico e tratamento de uma
fractura de stress do astrágalo rondou os 4 meses.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
- Sensibilidade no dorso do pé, do lado interno logo abaixo da linha do tornozelo.
- Dor com os movimentos de eversão passiva e inversão activa
- Leve inchaço no dorso do pé, do lado interno logo abaixo da linha do tornozelo.
É essencial uma boa avaliação clínica do pé e tornozelo
para ajudar no diagnóstico de uma fractura do astrágalo. Um raio-X é
geralmente necessário para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da
lesão. Nas fracturas de
stress (em que não há história de traumatismo), por
vezes, não aparece nos raio-X iniciais, exames adicionais (TAC ou RM) podem ser necessários.
Tratamento
O
tratamento em fisioterapia, imediatamente após a lesão e enquanto o diagnóstico
não está confirmado, consiste e controlar os sinais inflamatórios, através de:
Descanso: Evite caminhar ou
estar muito tempo de pé. Se tiver de o fazer utilize canadianas. Andar a pé pode significar um agravamento da sua lesão.
Gelo: Aplique uma
compressa de gelo na área lesada,
colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
Compressão: um pé elástico pode ser usado para controlar o
inchaço.
Elevação: O pé deve ser elevado um pouco acima do nível do seu coração para reduzir o inchaço.
O
tratamento médico das fracturas do astrágalo vai depender
do tipo
de fractura e da extensão da lesão. Nas fracturas em que não haja desalinhamento entre os
topos ósseos e nas fracturas de stress, 4 a 6 semanas de descarga, com o uso de
canadianas é geralmente suficiente para a consolidação óssea.
Para as fracturas
em que os dois topos da fractura estão desalinhados o ortopedista realizará o
realinhamento da fractura por manipulação cuidadosa sob anestesia seguida de
cirurgia para fixação interna (utilizando placas e parafusos) no caso de se
tratar de uma fractura instável. Nesta situação, após a cirurgia segue-se
imobilização gessada com bota protectora mais canadianas por um período não
inferior a 4 semanas.
No período após
imobilização gessada deve ser iniciado um programa de fisioterapia. As técnicas
que revelam maior eficácia nesta condição:
- Semanas 1 e 2: o paciente participa de suas actividades normais da vida diária (AVD), tratamento com mobilização articular, fortalecimento muscular e massagem dos tecidos moles
- Semanas 3 e 4: Inicio gradual de corrida e treino proprioceptivo em carga (desde que não desperte dor ou outros sintomas)
- Semanas 5 e 6: Fase reservada a reintrodução do atleta à prática desportiva. A intensidade dos exercícios é gerida respeitando a sensação de fadiga ou cansaço local do atleta.
Exercícios terapêuticos para a fractura do astrágalo
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos
após a confirmação de que a fractura está
consolidada. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Flexão/extensão do pé
Deitado, com o
calcanhar fora da cama, puxe a ponta do pé e dedos para si, depois empurre pé e
dedos para baixo.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Adução/adbução do pé
Puxe o pé para cima e para fora, e depois para cima e para dentro.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte os sintomas.
Flexão resistida
do pé
Sentado, com o
elástico na ponta do pé. Puxe a ponta do pé para cima, depois deixe o pé voltar
lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Antes de iniciar estes exercícios você deve
sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
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