domingo, 26 de maio de 2013

Fraturas do astrágalo

O osso astrágalo (ou tálus) localiza-se no médio-pé e articula-se atrás com o calcâneo, do lado externo com o cubóide e à frente com os 3 coneiformes. Este osso desempenha um papel importante na manutenção da arcada plantar.
As fracturas do astrágalo podem ser:
Fracturas arrancamento: são as mais comuns e têm geralmente associadas lesões ligamentares, como resultado de uma força de torção brusca aplicada ao médio-pé. Essas fracturas são comummente tratadas de forma conservadora, com excepção da fractura arrancamento da inserção do tendão tibial posterior (fractura da tuberosidade), que deve ser reparada cirurgicamente, especialmente se o deslocamento do fragmento ósseo for superior a 1 cm.
Fracturas do corpo do astrágalo: estão geralmente associadas a outras lesões da articulação médio-társica. Podem ser classificadas em:
  • Tipo 1 é uma fractura do corpo do astrágalo sem luxação.
  • Tipo 2 é uma fractura oblíqua com luxação medial do médio-pé.
  • Tipo 3 é uma fractura cominutiva com deslocamento lateral e ante-pé.

Todas as fracturas do corpo do astrágalo com 1 mm ou mais de deslocamento exigem a redução aberta e fixação interna.
Fracturas de stress: são geralmente associadas à prática desportiva, principalmente em jovens atletas do sexo masculino. Estas fracturas são problemáticas porque não são evidentes nas radiografias simples, o que leva muitas vezes a um atraso no diagnóstico, que pode resultar em dor incapacitante prolongada. Num estudo recente o tempo médio para o diagnóstico e tratamento de uma fractura de stress do astrágalo rondou os 4 meses.

Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Sensibilidade no dorso do pé, do lado interno logo abaixo da linha do tornozelo.
  • Dor com os movimentos de eversão passiva e inversão activa
  • Leve inchaço no dorso do pé, do lado interno logo abaixo da linha do tornozelo.

É essencial uma boa avaliação clínica do pé e tornozelo para ajudar no diagnóstico de uma fractura do astrágalo. Um raio-X é geralmente necessário para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da lesão. Nas fracturas de stress (em que não há história de traumatismo), por vezes, não aparece nos raio-X iniciais, exames adicionais (TAC ou RM) podem ser necessários.

Tratamento

       O tratamento em fisioterapia, imediatamente após a lesão e enquanto o diagnóstico não está confirmado, consiste e controlar os sinais inflamatórios, através de:
Descanso: Evite caminhar ou estar muito tempo de pé. Se tiver de o fazer utilize canadianas. Andar a pé pode significar um agravamento da sua lesão.
Gelo: Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
Compressão: um elástico pode ser usado para controlar o inchaço.
Elevação: O pé deve ser elevado um pouco acima do nível do seu coração para reduzir o inchaço.
          O tratamento médico das fracturas do astrágalo vai depender do tipo de fractura e da extensão da lesão. Nas fracturas em que não haja desalinhamento entre os topos ósseos e nas fracturas de stress, 4 a 6 semanas de descarga, com o uso de canadianas é geralmente suficiente para a consolidação óssea.
Para as fracturas em que os dois topos da fractura estão desalinhados o ortopedista realizará o realinhamento da fractura por manipulação cuidadosa sob anestesia seguida de cirurgia para fixação interna (utilizando placas e parafusos) no caso de se tratar de uma fractura instável. Nesta situação, após a cirurgia segue-se imobilização gessada com bota protectora mais canadianas por um período não inferior a 4 semanas.
No período após imobilização gessada deve ser iniciado um programa de fisioterapia. As técnicas que revelam maior eficácia nesta condição:
  • Semanas 1 e 2: o paciente participa de suas actividades normais da vida diária (AVD), tratamento com mobilização articular, fortalecimento muscular e massagem dos tecidos moles
  • Semanas 3 e 4: Inicio gradual de corrida e treino proprioceptivo em carga (desde que não desperte dor ou outros sintomas)
  • Semanas 5 e 6: Fase reservada a reintrodução do atleta à prática desportiva. A intensidade dos exercícios é gerida respeitando a sensação de fadiga ou cansaço local do atleta.


Exercícios terapêuticos para a fractura do astrágalo

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos após a confirmação de que a fractura está consolidada. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.



 

Flexão/extensão do pé
Deitado, com o calcanhar fora da cama, puxe a ponta do pé e dedos para si, depois empurre pé e dedos para baixo.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



 


Adução/adbução do pé
Puxe o pé para cima e para fora, e depois para cima e para dentro.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte os sintomas.




Flexão resistida do
Sentado, com o elástico na ponta do pé. Puxe a ponta do pé para cima, depois deixe o pé voltar lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.




Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.


Rome K, Handoll HH, Ashford R. Interventions for preventing and treating stress fractures and stress reactions of bone of the lower limbs in young adults. Cochrane Database Syst Rev. 2005(2):CD000450.
Saxena A, Fullem B, Hannaford D. Results of treatment of 22 navicular stress fractures and a new proposed radiographic classification system. J Foot Ankle Surg. 2000 Mar-Apr;39(2):96-103.

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