sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Perda bilateral de função vestibular

A perda da função vestibular em ambos os labirintos leva a disfunções características na visão e no equilíbrio. Estes sintomas reflectem o quão crucial o nosso sentido labiríntico é para gerar os reflexos adequados para que possamos ver claramente quando estamos em movimento, e não perder o equilíbrio, quando estamos em pé ou a caminhar.

Sinais e Sintomas


Oscilopsia - a ilusão de que o ambiente está a mover-se quando alteramos a posição da cabeça - é o sintoma visual característico quando a função vestibular está perdida. Oscilopsia geralmente ocorre quando está a andar de carro, especialmente quando a estrada é esburacada. Isso pode tornar difícil a leitura de placas por exemplo. Oscilopsia também ocorre quando corre, ou anda rapidamente, o que pode tornar difícil reconhecer rostos quando está em movimento. 

O outro principal sintoma da perda bilateral da função labiríntica é o desequilíbrio, com a suscetibilidade a quedas. O desequilíbrio é especialmente provocado quando reajustes rápidos na postura são necessários, como ao dobrar uma esquina de forma rápida. O desequilíbrio também ocorre quando um paciente é privado de outros estímulos sensoriais que são normalmente utilizados para compensar a perda da função labiríntica. Caminhar no escuro pode ser particularmente traiçoeiro porque a informação da visão não está disponível para ajudar com o equilíbrio. Da mesma forma, andar na areia ou chão molhado ou até mesmo num tapete macio torna-se difícil, pois as sensações dos pés não podem ser usadas para determinar exatamente onde os pés estão em relação ao solo estável.

Causas da perda bilateral da função vestibular


  • Ferimentos graves na cabeça
  • Determinadas infecções, especialmente meningite em crianças ou viral
  • Sintomas hereditários, por vezes associados à enxaqueca
  • Síndrome de Ménière, o que é devido a um aumento da pressão do fluido no ouvido interno
  • Doenças auto-imunes
  • Por vezes , não há uma causa aparente. Uma das causas mais comuns de perda de função do labirinto é um efeito colateral tóxico de antibióticos, tais como a gentamicina. 


A capacidade de se recuperar de uma perda bilateral da função labiríntica depende de muitos fatores, incluindo:

  • A velocidade a que esta função se vai perdendo. Quanto mais lenta for a perda, mais prontamente o cérebro se consegue adaptar para compensar essa perda.
  • A idade do paciente. Os mais jovens adaptam-se mais facilmente. Embora não exista uma regra rígida sobre a idade e recuperação, os pacientes que perdem a sua função labiríntica depois de atingirem os 50 anos tendem a ter mais dificuldade para compensar isso.
  • A quantidade de função que se mantém. Quanto mais função se mantiver preservada, mais fácil será compensar as perdas.


Tratamento


A terapia para esta condição centra-se num programa de reabilitação física especificamente projetado por um especialista em reabilitação vestibular e com base no grau e tipo de deficiência. 

Dependendo se a perda de função é parcial ou total, o programa irá enfatizar a melhoria na função labiríntica que permaneceu ou no desenvolvimento de estratégias alternativas, utilizando outros estímulos sensoriais, como os provenientes do pescoço, pés ou olhos que podem substituir as sensações ausentes do labirinto. 

O Tai Chi ou outros exercícios semelhantes podem também ajudar os pacientes a recuperar o equilíbrio.
Particularmente útil na orientação do fisioterapeuta são os resultados dos testes vestibulares, incluindo rotações de alta velocidade numa cadeira, e a posturografia que testa o equilíbrio numa plataforma móvel.
Finalmente, não se deve subestimar a quantidade de esforço mental, energia e concentração que é preciso para manter o equilíbrio quando o sentido labiríntico está ausente. 
Para pacientes que perderam a função labiríntica a manutenção do equilíbrio é um esforço diário e contínuo, pois não estão presentes os reflexos automáticos que as pessoas com função labiríntica normal têm.

A maioria dos pacientes relatam que com o tempo e fisioterapia, aprenderam a conviver com o seu problema. Eles sabem que ele ainda lá está, mas têm desenvolvido estratégias compensatórias que lhes permitem lidar com sucesso com a sua deficiência, retornando assim à vida activa com sucesso.


Kapoula Z, Gaertner C, Yang Q, Denise P, Toupet M. Vergence and Standing Balance in Subjects with Idiopathic Bilateral Loss of Vestibular Function.PLoS One. 2013 Jun 18;8(6)
Rinne T, Bronstein AM, Rudge P, Gresty MA, Luxon LM. Bilateral loss of vestibular function: clinical findings in 53 patients. J Neurol. 1998 Jun-Jul;245(6-7):314-21.


Outras disfunções do sistema vestibular:





Sem comentários:

Enviar um comentário