quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Protocolo de reabilitação para a fasceíte plantar

A fasceíte plantar é uma condição bastante limitante cuja principal queixa é a dor debilitante na superfície plantar do calcanhar. A dor é normalmente pior com os primeiros passos da manhã, devido à posição relaxada e encurtada que a fáscia assume durante o sono. A dor também pode aumentar após longos períodos em pé ou de inatividade. O encurtamento da fáscia plantar, bem como a retração do tendão de Aquiles, são ambos fatores que contribuem para esta dor. Outros fatores incluem o alto índice de massa corporal e calçado inadequado.

Prognóstico
O Guia da APTA sugere que entre 2 e 4 meses , o paciente deverá demonstrar  ótima mobilidade articular, função motora, desempenho muscular e amplitude de movimento nas atividades da vida diária, trabalho e nas atividades de lazer.

Número esperado de sessões de tratamento
Prevê-se que 80% dos pacientes, que são classificados com este padrão de sintomas, vai atingir os objetivos e resultados esperados dentro de 6 a 24 sessões de tratamento.

Protocolo de tratamento para a fasceíte plantar


O fluxograma ao lado foi retirado do guia para a prática clínica do American College of Foot and Ankle Surgeons Heel Pain Committee, que tem o objetivo de fornecer uma abordagem orientada para o tratamento desta condição clínica

A primeira abordagem ao tratamento deve ser geralmente auto-administrada e tem como objetivo diminuir a dor e aumentar a amplitude de movimento. Inclui o seguinte:

Repouso e/ou Modificação de atividade - Descontinuar desportos agravantes, como correr, ou diminuir o número de quilómetros. Se a sua profissão exige muito tempo em pé, deve tentar fazer pequenas pausas sempre que puder.
Gelo - Aplique diretamente na área afetada por 15 minutos duas vezes por dia. Rolar o pé sobre uma garrafa de água congelada funciona bem.
Anti- inflamatórios - tem sido demonstrado que a utilização de anti-infamatórios não esteróides pode proporcionar alívio da dor e melhoria da função.
Alongamentos – A evidência aponta para a eficácia da realização de alongamentos da fáscia plantar e do tendão de Aquiles na diminuição da dor e limitações funcionais. Os alongamentos devem ser mantidos por 20-30 segundos e repetir 3 vezes, 2-3 vezes ao dia. Recomenda-se alongar antes de sair da cama de manhã:

Alongamento da fáscia plantar - cruzar a perna afetada sobre a outra e puxar os dedos dos pés e o tornozelo no sentido de dorsiflexão. 


Alongamento com toalha – sentado com as pernas estendidas, colocar uma toalha em torno da ponta do pé e puxar para trás. 


Alongamento dos gémeos – de pé, com a perna afetada atrás da outra. Manter o calcanhar da perna efetuada no chão e o joelho direito, inclinar em direção à parede até que sinta um alongamento na parte de trás da perna. Este alongamento pode ser repetido com o joelho dobrado. 


Alongamento no step - Coloque as pontas dos pés na ponta de um degrau e baixe o calcanhar em direção ao chão. 


Aproximadamente 90% dos pacientes irão ver resultados dentro de 6 semanas usando essa abordagem conservadora. Se ocorrer uma melhoria, o paciente deve continuar o tratamento até que os sintomas desapareçam completamente. 
No entanto, se os sintomas persistirem, deve-se avançar para novas opções de tratamento que podem incluir:

Talas noturnas - mantêm a fáscia plantar e os gémeos em alongamento durante o sono para evitar a retração. Alguns estudos têm demonstrado que o uso de talas durante a noite tem minimizado a dor, no entanto, a evidência não é consistente.
Órteses/palmilhas - comumente recomendadas para fornecer o apoio do arco plantar, reduzindo o stress na fascia plantar. Estudos mostram que podem diminuir a dor e até aumentar a capacidade funcional em pacientes com fasceíte plantar.
Injecções - corticosteróides - demonstrou reduzir a dor no entanto, têm sido associadas com a ruptura da membrana fibrosa plantar e dor pós -injecção com duração de, em média, 5 a 7 dias.
Terapia por ondas de choque - terapia não-invasiva utilizada para promover a cicatrização do tecido degenerado . Este é normalmente o último recurso antes de considerar a cirurgia. Os efeitos colaterais podem incluir dores após e durante o procedimento, inchaço local, e adormecimento.


A fasciotomia plantar apenas deverá ser considerada se todos os tratamentos conservadores acima descritos tiverem falhado.


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2 comentários:

Bira Rezende disse...

Muitíssimo obrigado pelo post, Dr João Maria... Já estou fazendo os alongamentos por aqui. Abraços! Ubiracy Rezende - Rio de Janeiro - blog: www.birananet.com

cassianatabalipa disse...

muito boas sua orientações...vou segui las...obrigada

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