Mostrar mensagens com a etiqueta vertebral. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta vertebral. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Manipulação no tratamento de dor lombar - norma de orientação clínica

Objetivo: 

Identificar pacientes com dor lombar que provavelmente irão melhorar com a manipulação da coluna vertebral.

Norma:

  1. Duração dos sintomas <16 dias
  2. Pelo menos uma anca com > 35° de rotação interna
  3. Hipomobilidade lombar 
  4. Ausência de sintomas distais ao joelho
  5. Fear-avoidance beliefs questionnaire - work subscale com pontuação <19
Probabilidade de sucesso






Childs JD, et al. A clinical prediction rule to identify patients with low back pain most likely to benefit from spinal manipulation: a validation study. Ann Intern Med. 2004; 141(12): 920-8.
Cleland JA, et al. The Use of a Lumbar Spine Manipulation Technique by Physical Therapists in Patients Who Satisfy a Clinical Prediction Rule: A Case Series. J Orthop Sports Phys Ther. 2006; 36(4): 209–214.
Flynn T, et al. A clinical prediction rule for classifying patients with low back pain who demonstrate short-term improvement with spinal manipulation. Spine. 2002; 27(24): 2835-43.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Teste de compressão/descompressão torácica

Descrição
O objectivo deste teste é avaliar a influência da compressão e descompressão torácica nos sintomas do paciente.



Técnica
Compressão: Com o paciente sentado, aplicar pressão inferiormente através de ambos os ombros. Uma resposta positiva é uma indicação de dor.
Descompressão: Com o paciente sentado, o fisioterapeuta pede-lhe para cruzar os braços. De pé atrás do paciente, o fisioterapeuta deve deslizar as mãos por baixo das axilas do paciente para alcançar os antebraços. Deve depois inclinar-se para trás, levantando o paciente para fora da mesa. É importante fazer o esforço com as pernas e não com as costas. Uma resposta positiva é uma indicação de dor.






quinta-feira, 27 de junho de 2013

Teste da artéria vertebral

Descrição
O objetivo deste teste é avaliar se uma possível oclusão da artéria vertebral está a contribuir para os sintomas do paciente, sendo que se o teste for positivo o paciente poderá sofrer de Insuficiência Vertebrobasilar.
-->

Técnica
O paciente deve estar deitado de barriga para cima com a cabeça fora da marquesa. O fisioterapeuta deve  rodar, estender e inclinar para o mesmo lado a cabeça do paciente até ao final de movimento. De seguida pede para o paciente contar de 20 até 0, mantendo os olhos abertos. Os sintomas positivos incluem vertigem, diplopia, disartria, disfagia, desmaio, náuseas e vómitos, alterações sensoriais, nistagmo, etc.

--> Precisão do teste
Este teste tem uma especificidade entre 67-90%.


Outros testes para a coluna cervical


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Estenose do canal vertebral lombar


A coluna vertebral é composta por vários ossos conhecidos como vértebras, cada uma das quais com um grande buraco no centro. Como esses ossos estão dispostos uns sobre os outros, o alinhamento dos seus buracos forma o chamado canal medular, onde se aloja a medula espinhal. Este canal oferece protecção e espaço à medula espinhal e nervos, de forma à informação nervosa circular correctamente entre o cérebro e o resto do corpo.
A estenose do canal vertebral lombar é causada pelo estreitamento do canal medular, provocando isquémia das raízes nervosas e claudicação neurogénica. A estenose do canal vertebral é mais frequentemente causada por uma combinação da diminuição da altura do disco intervertebral, da formação de osteófitos e da hipertrofia do ligamento amarelo. Nem todos os pacientes com estreitamento desenvolvem sintomas, portanto estenose do canal vertebral lombar refere-se a uma síndrome clínica de dor na lombar e membros inferiores causada pela compressão mecânica sobre os elementos neurais.
Esta condição ocorre mais frequentemente em maiores de 60 anos. E alguns dos factores de risco incluem: 

No que respeita aos movimentos, a dimensão do canal medular diminui com a extensão da coluna para trás e aumenta com a flexão ou inclinação anterior. A compressão nervosa pode ser provocada pela posição de deitado de barriga para baixo, e em posição vertical, principalmente ao caminhar.
-->
  

Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor na perna (unilateral ou bilateral, com ou sem dor nas costas), dormência e fraqueza muscular que vão aumentando gradualmente após o paciente caminhar. Poderá ser mais fácil subir rampas do que descer.
  • Cerca de metade dos pacientes apresentam dor nas costas, que é geralmente bilateral e irradia sobre as nádegas.
  • Claudicação neurogénica intermitente: devido ao cansaço e/ou fraqueza e dormência das pernas.

Quando o estreitamento do canal medular se dá na lombar pode causar compressão da cauda equina, porvocando:
Dor lombar, dor ciática uni ou bilateral, falta de sensibilidade na região do períneo, distúrbios do intestino e da bexiga, e fraqueza, deficits sensoriais e reflexos diminuídos ou ausentes nas pernas.
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica, exame motor completo, exame neurológico e vascular dos membros inferiores são necessários para ajudar ao diagnóstico de estenose do canal medular. A confirmação do diagnóstico muitas vezes começa com um raio-X à coluna lombar, no entanto, a ressonância magnética (RM) é o principal meio de diagnóstico, pois permite visualizar o canal medular em detalhe, assim como o espaço dos buracos de conjugação e o disco intervertebral.
Por existir uma série de condições com sintomas semelhantes aos da estenose do canal vertebral (doença vascular periférica, espondilolistese, hérnia discal lombar, abcesso epidural, e outras causas de dor lombar) é importante ser acompanhado pelo seu médico durante o processo de diagnóstico.
-->

Tratamento

O tratamento depende do grau de estreitamento do canal medular e da gravidade dos sintomas. O objectivo primário do tratamento conservador, geralmente a primeira linha de intervenção nestas condições, será manter-se tão activo quanto possível, sem agravar os sintomas, a fim de manter a força e a mobilidade da coluna, evitando o agravamento da sua disfunção. Poderá fazer:
  • Repouso das actividades que agravam os sintomas e aconselhamento para a redução de peso, no caso de estar acima dos valores ideais para si.
  • O seu médico poderá prescrever analgésicos orais
  • Fisioterapia para fortalecer os músculos lombares e abdominais, incluindo movimentos de flexão anterior da coluna lombar, e para melhorar a flexibilidade e amplitude de movimento. A bicicleta estática pode ser introduzida na reabilitação com benefícios para a mobilidade geral
  • Modificar actividades e posturas de forma a manter-se activo, sem agravar os sintomas.
  • Além disso, procedimentos minimamente invasivos, como a administração epidural de cortico-esteróides ou analgésicos, poderão provocar alívio temporário da dor, tornando o trabalho da fisioterapia mais produtivo em pacientes com dor severa. Este tipo de procedimentos é indicado para um pequeno número de pacientes, e a sua eficácia ainda é discutível.

A descompressão cirúrgica pode ser indicada quando o grau de severidade dos sintomas é elevado e que não respondem ao tratamento conservador. A cirurgia consiste numa laminectomia descompressiva (remoção da parte posterior de algumas vértebras ampliando assim o diâmetro do canal e descomprimindo as raízes nervosas. Devido a factores de instabilidade lombar este procedimento é acompanhado, na maioria das vezes, por uma fusão espinhal através de enxerto ósseo ou de hastes metálicas e parafusos. Este procedimento envolve a inserção de um dispositivo que é implantado entre os processos espinhosos, que reduz o movimento de extensão para trás, (mais comummente entre L3-L5), mas permite o movimento para diante e a rotação e inclinação lateral.
Os casos de compressão da cauda equina geralmente requerem descompressão cirúrgica de urgência.

Exercícios terapêuticos para a compressão das raízes nervosas

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação da compressão das raízes nervosas. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.


 

Rotação da coluna lombar
Deitado, com os joelhos dobrados e os braços ao longo do corpo. Rode ambas as pernas para um lado, depois para o outro.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.






Alongamento lombar posterior
Deitado, com os joelhos dobrados. Agarre os joelhos com ambas as mãos e puxe-os suavemente em direcção ao peito. Mantenha a posição durante 20 segundos. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma. 





Posição de congruência das facetas articulares
Deitado, apoie-se nos cotovelos. Mantenha a posição durante 30 a 90 segundos. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 2 a 4 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

Kovacs FM, Urrutia G, Alarcon JD. SURGERY VERSUS CONSERVATIVE TREATMENT FOR SYMPTOMATIC LUMBAR SPINAL STENOSIS.: A systematic review of randomized controlled trials. Spine (Phila Pa 1976). 2011 Feb 9.
Lauryssen C. Technical advances in minimally invasive surgery: direct decompression for lumbar spinal stenosis. Spine (Phila Pa 1976). 2010 Dec 15;35(26 Suppl):S287-93.
Tomkins CC, Dimoff KH, Forman HS, Gordon ES, McPhail J, Wong JR, et al. Physical therapy treatment options for lumbar spinal stenosis. J Back Musculoskelet Rehabil. 2010;23(1):31-7.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Espondilite anquilosante


A coluna vertebral é composta por vários ossos conhecidos como vértebras, cada uma das quais com um grande buraco no centro. Como esses ossos estão dispostos uns sobre os outros, o alinhamento dos seus buracos forma o chamado canal medular, onde se aloja a medula espinhal. Este canal oferece protecção e espaço à medula espinhal e nervos, de forma à informação nervosa circular correctamente entre o cérebro e o resto do corpo.
Cada vértebra conecta-se com a vértebra acima e abaixo através de dois tipos de articulações: as articulações de cada lado da coluna vertebral (articulações inter-apófisárias) e o disco intervertebral central. Existem ainda pequenos buracos de cada lado da coluna vertebral, conhecidos como buracos de conjugação (ou intervertebrais). Estes estão localizados entre duas vértebras adjacentes e permitem que os nervos saiam do canal espinhal.
A espondilite anquilosante é uma doença reumática (artrite), crónica (persistente), de causa desconhecida. Afecta principalmente a coluna vertebral e as articulações sacro-ilíacas. Por vezes, outras articulações e outras partes do corpo são também afectadas.
A palavra espondilite significa inflamação da coluna vertebral. A palavra anquilosante significa ossos que tendem a unir-se (fusão) através de uma articulação.
A parte inferior das costas (lombar) é tipicamente o principal local de inflamação na espondilite anquilosante. A inflamação começa por se localizar nos ligamentos da coluna lombar, nos pontos onde se unem à coluna vertebral. A inflamação persistente pode estimular as células do osso e causar algum crescimento ósseo das vértebras, que se irá projectar para o interior dos ligamentos, e com o passar do tempo irá formando "pontes" ósseas entre as vértebras adjacentes. Isto pode, nos casos mais avançados, causar a fusão de algumas das vértebras na coluna vertebral.
As articulações sacro-ilíacas e seus ligamentos próximos também são comummente afectados pela inflamação. Isso também pode vir a resultar numa "fusão" entre o sacro e da pélvis.
A espondilite anquilosante começa frequentemente entre 15 e 35 anos de idade, mas também ocorre em crianças e adultos mais velhos. É 3-5 vezes mais comum em homens do que mulheres. Pode haver uma história familiar com dois ou mais membros de uma família sendo afectados.
A causa não é conhecida. No entanto, há uma forte tendência genética (hereditária). Por exemplo, há uma forte associação com um gene chamado HLA-B27. Cerca de 9 em 10 em pessoas com espondilite anquilosante têm este gene em comparação com menos de 1 em 10 na população em geral. No entanto, tendo este gene não significa que você irá ter automaticamente espondilite anquilosante.
-->

Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor nas costas: A dor geralmente inicia-se na região lombar e torna-se progressivamente pior ao longo de vários meses. O repouso não irá aliviar a dor.
  • Rigidez na parte inferior da coluna: pode ser muito grave, principalmente ao acordar. Geralmente melhora com a actividade e exercício, e tende a aliviar conforme o dia passa.

Outros sintomas comuns para além da coluna vertebral:
  • Outras articulações são afectadas em cerca de 4 em 10 casos. As mais comuns são: os quadris, joelhos, tornozelos e ombros.
  • Inflamação dos tendões e ligamentos: Tendões e ligamentos, em várias partes do corpo podem ficar inflamados e doloridos. Exemplo comum é o tendão de Aquiles.
  • Inflamação do olho (uveíte): afecta cerca de 1 em cada 3 pessoas com espondilite anquilosante. Conte a um médico com urgência se tiver dor ou vermelhidão no olho. Se desenvolver uveíte, o tratamento com colírio deve ser iniciado o mais cedo possível.

O diagnóstico de espondilite anquilosante é feito geralmente pelos sintomas típicos. No entanto, pode ser difícil diagnosticar nos estágios iniciais da doença, já que os sintomas se desenvolvem muito lentamente. Conforme a doença progride, as alterações típicas tornam-se visíveis em imagens de raio-X das articulações sacro-ilíaca e coluna vertebral. As imagens de raio-X mostram a fusão gradual dos ossos.
Mais recentemente, um exame de ressonância magnética das articulações sacro-ilíacas tem sido utilizada para confirmar o diagnóstico num estágio menos avançado. Também pode ser testada a presença do antigénio HLA-B27 e a proteína C-reactiva, no entanto não dão um diagnóstico 100% certo.
-->

Tratamento

  • A fisioterapia é uma parte essencial no tratamento da Espondilite Anquilosante. Tem como objectivo aliviar a dor, aumentar a mobilidade da coluna vertebral e da capacidade funcional, reduzir a rigidez matinal, corrigir deformidades posturais, aumentar a mobilidade e melhorar o estado psicológico dos pacientes.
  • O método de Reeducação Postural Global (RPG) tem mostrado resultados promissores a curto e longo prazo. Este inclui o fortalecimento específico e exercícios de flexibilidade em que as cadeias musculares encurtadas são alongadas.
  • Exercícios de expansão torácica podem aumentar a capacidade funcional do doente com espondilite anquilosante. A auto-mobilização manual também melhora a expansão torácica, postura e mobilidade da coluna vertebral.
  • Exercícios aeróbios, como natação e caminhada são recomendados. Estudos demostraram um aumento significativo na expansão torácica graças à prática de natação.
  • A terapia termal tem demostrado um efeito positivo significativo no alívio da dor, rigidez, melhoria do bem-estar e funcionalidade de pacientes com espondilite anquilosante. Estes efeitos são significativos tanto a curto prazo, como a longo prazo. A duração ideal da terapia seria de 4 semanas.

Medicação
Antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) são muitas vezes utilizados durante o tratamento da espondilite anquilosante. A indometacina, naproxeno e diclofenaco estão entre os mais frequentemente utilizados. No entanto, como em outras doenças reumáticas, os AINE são valiosos apenas para melhorar os sintomas da inflamação espinhal. Não há evidência de que tratamento a longo prazo afecta o resultado radiológico ou a função.
Não existem medicamentos anti-reumáticos de acção lenta para espondilite anquilosante como há para a artrite reumatóide. A melhor medicação investigada para o tratamento da espondilite anquilosante é a sulfasalazina, embora os seus efeitos ao nível da inflamação próxima à coluna vertebral não sejam de todo consensuais.
A progressão da espondilite anquilosante varia entre as pessoas. Estima-se que 70-90% das pessoas continuará a ser independente e apenas minimamente afectado pela doença.
Após cerca de 10 anos, a inflamação pode tornar o pescoço e as costas mais rígidos. Este processo é chamado de anquilose. Em algumas pessoas que têm graves anquiloses, de longa data, a sua caixa torácica (peito) também pode tornar-se rígida e inflexível.

Exercícios terapêuticos para a espondilite anquilosante

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante o tratamento da espondilite anquilosante, dependendo da fase evolutiva da lesão. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.


 

Correcção postural da cervical e ombros
Em pé ou sentado, rode os ombros para trás e para baixo, enterre o queixo e imagine que tem uma linha a puxar-lhe o topo da cabeça. Mantenha esta posição durante 20 segundos.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



Alongamento da cadeia posterior
Sentado, com os braços atrás da cadeira, estique lentamente a perna puxando a ponta do pé para si. Mantenha a posição durante 8 segundos. Repita com a outra perna.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.







Flexão/extensão da coluna vertebral
De joelhos, apoiado nas palmas das mãos, que estão alinhadas com os ombros. Inspire fundo, enquanto deixa a coluna arquear em direcção ao chão e roda a cabeça para a frente. Expire completamente, enquanto contrai os abdominais e enrola a coluna e pescoço.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


  

Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
-->

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Espinha Bífida


A espinha bífida é uma das malformações que podem ocorrer no tubo neural durante o desenvolvimento embrionário precoce.
Durante o primeiro mês de vida de um embrião, dá-se o crescimento de uma estrutura de tecido primitivo chamado tubo neural. À medida que o embrião se desenvolve, o tubo neural começa a diferenciar-se numa estrutura mais complexa de ossos, tecidos e nervos, que acabará por formar a coluna vertebral e o sistema nervoso.
No entanto, nos casos de espinha bífida, algo de errado acontece durante o desenvolvimento do tubo neural e da coluna vertebral (estrutura óssea que envolve e protege a espinal medula), fazendo com que esta não feche totalmente. Este problema pode ocorrer em qualquer nível da coluna, desde a base do crânio até ao sacro, mas é mais comum na região lombar.
-->
As espinhas bífidas podem ser classificadas com base no tipo de defeito na coluna em:
  • Espinha bífida oculta: A pele nas costas na zona da deformidade permanece intacta, há um defeito na região posterior do arco ósseo vertebral, mas sem formação de um saco sobrejacente visível. Não há protrusão da medula espinhal ou das suas membranas. Esta é a forma mais comum de espinha bífida e pode afectar até 10% da população. É mais comum na junção lombossacral.
  • Espinha bífida cística: Para além da malformação vertebral observa-se também uma massa cística visível na parte de trás das costas. Esta é uma forma "aberta" da espinha bífida que pode ser subdividida em:
    • Meningocele - há um inchamento cístico da dura-máter e aracnóide que se projecta através do arco vertebral defeituoso. No entanto nenhum tecido neural da coluna vertebral está presente no saco. Pode não haver sintomas/sinais neurológicos.
    • Mielomeningocele – o mesmo que o meningocelo, mas aqui o tecido neural espinhal (espinal medula) faz parte do saco. Excluindo-se espinha bífida oculta, esta é a forma mais comum de espinha bífida.
    • Raquisquise - esta é a forma mais grave de espinha bífida cística. A coluna vertebral está amplamente aberta e a placa neural encontra-se espalhada sobre a superfície. É frequentemente associada com anencefalia.
    • A síndrome de Arnold-Chiari é uma malformação frequentemente associada ao mielomeningocelo. Nesta malformação observa-se uma hipoplasia do cerebelo e deslocamento do cérebro posterior através de um foramen magnum ampliado. O fluxo de líquido cefalorraquidiano (LCR) pode ser interrompido, resultando em hidrocefalia.

As causas para a espinha bífida ainda não são totalmente conhecidas, mas pensa-se que se deve maioritariamente a uma conjugação de factores:
Parece haver uma combinação de susceptibilidade genética com precipitantes ambientais, particularmente a falta de ácido fólico na dieta da mãe num estágio crucial na embriogenese (dias 17-30, quando muitas mães não sabem que estão grávidas e quando o tubo neural se está a formar e a fechar. Aumentar a ingestão de ácido fólico em mães recém-grávidas tem demonstrado reduzir significativamente a incidência de defeitos do tubo neural.
Anormalidades cromossomicas, incluindo trissomia 13 (síndrome de Patau), 18 (síndrome de Edwards) e 21 (síndrome de Down) já foram associadas com defeitos do tubo neural.
Tem sido sugerida uma maior incidência em mães com diabetes e com a ingestão de álcool durante a gravidez.
Uso materno de fármacos para o tratamento da epilepsia.
-->

Sinais e sintomas/ Diagnóstico

Espinha bífida cística:
  • A hérnia anormal do saco dural e/ou tecido neural geralmente é evidente, quer durante a ecografia pré-natal quer no nascimento.
  • Classicamente, a interrupção da função da medula espinhal provoca disfunção sensorial, paralisia flácida e arreflexia abaixo do nível afectado. Em alternativa pode observar-se a preservação de alguns reflexos distais, que normalmente são exagerados.
  • Em casos de meningocele simples, a hérnia das meninges é muitas vezes coberta por pele de modo que a lesão pode ser mais difícil de detectar.
  • A malformação Arnold-Chiari pode afectar o equilíbrio, coordenação e a marcha, para além de complicações respiratórias. Hidrocefalia, convulsões e função cognitiva prejudicada pode estar presente nestes casos.

Espinha bífida oculta:
É comum e mais difícil de detectar. Normalmente não há consequências a longo prazo ou alterações neurológicas.
Pode não haver nenhum marcador cutâneo, ou pode haver uma anormalidade óbvia ao longo da coluna vertebral, incluindo:
  • Uma área de hiperpigmentação ou hipopigmentação.
  • Aplasia cutânea.
  • Hemangioma capilar/telangiectasia.
  • Hipertricose (um tufo piloso na região da deformação).
  • Uma fenda glútea assimétrica.
  • Assimetria das pernas/pés pode estar presente.
  • Escoliose ou outras deformidades da coluna vertebral podem desenvolver-se.
  • Podem observar-se deficits sensoriais e dificuldades no controlo da função da bexiga e intestinos.
  • Pode haver dor lombar à medida que a criança cresce.


Diagnóstico pré-natal:

Níveis elevados de alfa-fetoproteína (AFP) no soro materno às 16-18 semanas de gestação estão associados a defeitos do tubo neural.
Ecografia de rastreio às 18-20 permite a detecção e diagnóstico de defeitos do tubo neural e é bastante mais específica.
A amniocentese pode ser usada para diferenciar entre malformações abertas da parede ventral e defeitos do tubo neural.

Tratamento

A abordagem multidisciplinar é necessária na gestão de uma criança com espinha bífida. Os objectivos do tratamento são: maximizar a mobilidade, evitar ou amenizar as complicações da espinha bífida (principalmente hidrocefalia), incentivar o desenvolvimento tão normal quanto possível, e ajudar a criança a manter uma vida o mais independente possível.
No momento do parto a enfermeira deve posicionar o recém-nascido com um defeito do tubo neural de barriga para baixo e cobrir a malformação com uma solução salina estéril húmida.
Reparação da malformação:
Cirurgia fetal: há evidências de que a operação para reparar mielomeningocele em fetos que tiveram a condição detectada por ecografia, antes de 25 semanas de gestação, com uma lesão abaixo do nível de L2, reduz a incidência de hidrocefalia. A cirurgia tem o objectivo de reduzir o efeito supostamente nocivo da exposição do tecido do sistema nervoso central ao líquido amniótico. Existe pouca evidência em relação à melhoria na função neurológica.
Nos pacientes em que a cirurgia pré-natal não é indicada, há a necessidade de reparar e fechar a hérnia espinhal, e inserir um dispositivo de desvio ventricular se houver evidência de, ou a probabilidade de, hidrocefalia.
Após o nascimento, e dependendo da gravidade da malformação, a criança deverá ser acompanhada por:
  • Pediatra, na consulta de neurodesenvolvimento.
  • Ortopedista pediátrico, muitas vezes é necessária uma cirurgia para a fusão vertebral. Alterações no quadril, pélvis ou pé/tornozelo também são frequentes.
  • Fisioterapeuta, o treino de adaptação em crianças pode ser muito útil na manutenção da independência e mobilidade.
  • Avaliação e intervenção da terapia ocupacional pode ajudar a maximizar a função.
  • Muitas vezes é necessário um psicológico para o indivíduo e a sua família lidarem com as consequências desta condição à medida que o paciente cresce.
  • Um exame neurológico deve ser feito regularmente, assim como observada a capacidade de controlo dos esfíncteres.

Prognóstico

Com o advento da cirurgia pré-natal, o reparo precoce da mielomeningocele pós-parto, as manobras para evitar hidrocefalia e conduta expectante de complicações, a maioria dos pacientes que nascem com espinha bífida sobrevivem até a idade adulta, com um desenvolvimento intelectual relativamente normal.

Prevenção

A suplementação pré-concepcional com ácido fólico
O ácido fólico também pode ajudar a reduzir a gravidade dos defeitos do tubo neural.
O diagnóstico pré-natal, a cirurgia pré-natal ou a decisão pela interrupção de algumas gravidezes podem reduzir a carga causada pelo elevado grau de incapacidade em muitos destes pacientes

-->