quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Estenose do canal vertebral lombar


A coluna vertebral é composta por vários ossos conhecidos como vértebras, cada uma das quais com um grande buraco no centro. Como esses ossos estão dispostos uns sobre os outros, o alinhamento dos seus buracos forma o chamado canal medular, onde se aloja a medula espinhal. Este canal oferece protecção e espaço à medula espinhal e nervos, de forma à informação nervosa circular correctamente entre o cérebro e o resto do corpo.
A estenose do canal vertebral lombar é causada pelo estreitamento do canal medular, provocando isquémia das raízes nervosas e claudicação neurogénica. A estenose do canal vertebral é mais frequentemente causada por uma combinação da diminuição da altura do disco intervertebral, da formação de osteófitos e da hipertrofia do ligamento amarelo. Nem todos os pacientes com estreitamento desenvolvem sintomas, portanto estenose do canal vertebral lombar refere-se a uma síndrome clínica de dor na lombar e membros inferiores causada pela compressão mecânica sobre os elementos neurais.
Esta condição ocorre mais frequentemente em maiores de 60 anos. E alguns dos factores de risco incluem: 

No que respeita aos movimentos, a dimensão do canal medular diminui com a extensão da coluna para trás e aumenta com a flexão ou inclinação anterior. A compressão nervosa pode ser provocada pela posição de deitado de barriga para baixo, e em posição vertical, principalmente ao caminhar.
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Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor na perna (unilateral ou bilateral, com ou sem dor nas costas), dormência e fraqueza muscular que vão aumentando gradualmente após o paciente caminhar. Poderá ser mais fácil subir rampas do que descer.
  • Cerca de metade dos pacientes apresentam dor nas costas, que é geralmente bilateral e irradia sobre as nádegas.
  • Claudicação neurogénica intermitente: devido ao cansaço e/ou fraqueza e dormência das pernas.

Quando o estreitamento do canal medular se dá na lombar pode causar compressão da cauda equina, porvocando:
Dor lombar, dor ciática uni ou bilateral, falta de sensibilidade na região do períneo, distúrbios do intestino e da bexiga, e fraqueza, deficits sensoriais e reflexos diminuídos ou ausentes nas pernas.
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica, exame motor completo, exame neurológico e vascular dos membros inferiores são necessários para ajudar ao diagnóstico de estenose do canal medular. A confirmação do diagnóstico muitas vezes começa com um raio-X à coluna lombar, no entanto, a ressonância magnética (RM) é o principal meio de diagnóstico, pois permite visualizar o canal medular em detalhe, assim como o espaço dos buracos de conjugação e o disco intervertebral.
Por existir uma série de condições com sintomas semelhantes aos da estenose do canal vertebral (doença vascular periférica, espondilolistese, hérnia discal lombar, abcesso epidural, e outras causas de dor lombar) é importante ser acompanhado pelo seu médico durante o processo de diagnóstico.
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Tratamento

O tratamento depende do grau de estreitamento do canal medular e da gravidade dos sintomas. O objectivo primário do tratamento conservador, geralmente a primeira linha de intervenção nestas condições, será manter-se tão activo quanto possível, sem agravar os sintomas, a fim de manter a força e a mobilidade da coluna, evitando o agravamento da sua disfunção. Poderá fazer:
  • Repouso das actividades que agravam os sintomas e aconselhamento para a redução de peso, no caso de estar acima dos valores ideais para si.
  • O seu médico poderá prescrever analgésicos orais
  • Fisioterapia para fortalecer os músculos lombares e abdominais, incluindo movimentos de flexão anterior da coluna lombar, e para melhorar a flexibilidade e amplitude de movimento. A bicicleta estática pode ser introduzida na reabilitação com benefícios para a mobilidade geral
  • Modificar actividades e posturas de forma a manter-se activo, sem agravar os sintomas.
  • Além disso, procedimentos minimamente invasivos, como a administração epidural de cortico-esteróides ou analgésicos, poderão provocar alívio temporário da dor, tornando o trabalho da fisioterapia mais produtivo em pacientes com dor severa. Este tipo de procedimentos é indicado para um pequeno número de pacientes, e a sua eficácia ainda é discutível.

A descompressão cirúrgica pode ser indicada quando o grau de severidade dos sintomas é elevado e que não respondem ao tratamento conservador. A cirurgia consiste numa laminectomia descompressiva (remoção da parte posterior de algumas vértebras ampliando assim o diâmetro do canal e descomprimindo as raízes nervosas. Devido a factores de instabilidade lombar este procedimento é acompanhado, na maioria das vezes, por uma fusão espinhal através de enxerto ósseo ou de hastes metálicas e parafusos. Este procedimento envolve a inserção de um dispositivo que é implantado entre os processos espinhosos, que reduz o movimento de extensão para trás, (mais comummente entre L3-L5), mas permite o movimento para diante e a rotação e inclinação lateral.
Os casos de compressão da cauda equina geralmente requerem descompressão cirúrgica de urgência.

Exercícios terapêuticos para a compressão das raízes nervosas

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação da compressão das raízes nervosas. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.


 

Rotação da coluna lombar
Deitado, com os joelhos dobrados e os braços ao longo do corpo. Rode ambas as pernas para um lado, depois para o outro.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.






Alongamento lombar posterior
Deitado, com os joelhos dobrados. Agarre os joelhos com ambas as mãos e puxe-os suavemente em direcção ao peito. Mantenha a posição durante 20 segundos. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma. 





Posição de congruência das facetas articulares
Deitado, apoie-se nos cotovelos. Mantenha a posição durante 30 a 90 segundos. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 2 a 4 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

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