domingo, 30 de novembro de 2014

Diagnóstico Diferencial para lesões do labrum (SLAP) no ombro

Em torno do bordo externo da cavidade glenóide do ombro existe um aro de tecido forte e fibroso chamado labrum. O labrum glenóideo contribui para aprofundar a cavidade e estabilizar a articulação do ombro. Para além disso serve como ponto de fixação para muitos dos ligamentos do ombro, bem como o tendão da cabeça longa do músculo bíceps.

O termo SLAP significa Superior Labrum tear Anterior to Posterior, ou seja, a parte superior do labrum é “arrancada” da sua inserção. O tendão do bíceps pode também estar afectado.

Etiologia


As SLAP podem ser causadas por trauma agudo ou por movimento repetitivo ombro. Uma SLAP aguda pode resultar de: 
  • Um acidente de automóvel
  • A queda sobre o braço estendido
  • Tentar pegar um objeto pesado
  • Movimento rápido ou forte do braço quando ele está acima do nível do ombro
  • Luxação do ombro

Atletas que usam recorrentemente movimentos de arremesso acima da linha da cabeça ou levantamento de pesos correm maior risco de sofrerem SLAP como resultado de movimentos repetidos do ombro. A teoria mais recente sugere que quando o ombro é colocado numa posição de abdução e rotação externa máxima, observa-se uma torção na inserção do bíceps, força essa que é então transmitida ao labrum, ocorrendo a SLAP.

Muitas SLAP, no entanto, são o resultado de um desgaste do labrum que ocorre lentamente com o tempo. Em pacientes com mais de 40 anos de idade isto pode ser visto como um processo normal de envelhecimento.

Sintomas


Pacientes com esta lesão normalmente têm várias queixas muito semelhantes. Geralmente, o paciente apresenta-se com uma história inespecífica de:
  • Dor na face anterior do ombro associada a
  • sensações de cliques/estalidos nos movimentos de elevação, embora em alguns casos, possa haver uma história de uma lesão traumática.
  • 50% dos que são atletas relatam uma perda de velocidade e precisão do lançamento além de mal-estar geral do ombro.
  • os pacientes mais velhos podem queixar-se de fraqueza generalizada do ombro os
  • pacientes mais jovens são mais propensos a apresentar sintomas de instabilidade.
  • Além dessas reclamações, muitos atletas podem desenvolver uma perda de rotação interna da glenoumeral, com um aumento subsequente da rotação externa como uma adaptação às exigências do seu desporto. Isto permite o aumento da velocidade, mas também predispõe a patologia do labrum com base no mecanismo de lesão descrito acima.

 Diagnóstico


Relativamente ao diagnóstico das SLAP, este está longe de ser um processo fácil ou simples, mas existem aspectos que podem ser usados para melhorar a probabilidade de um diagnóstico preciso. As características dos pacientes são de extrema importância (p.ex. atletas com queixa de diminuição da velocidade de arremesso, dor na face anterior do ombro, e a presença de limitação da rotação interna).

Para além disso, revisões recentes da literatura revelaram que o muito utilizado teste de O’brien apresenta resultados muito pobres no diagnóstico diferencial destas lesões, comparativamente a outros testes mais recentes, como o teste de compressão passiva (Sn = 0,82, Sp = 0,86, + LR = 5,9, -LR = 0,09) (um teste de compressão passiva negativo resulta numa quase certa ausência de qualquer lesão SLAP), o teste de distracção passiva (Sn = 0,53, Sp = 0,94, + LR = 8,8), e o teste de cisalhamento labral dinâmico modificado (Sn = 0,72, SP = 0,98, + LR = 36,0).
Passive compression test: examiner standing behind patient, stabilising the affected shoulder by holding the acromioclavicular (AC) joint with one hand and the elbow with the other. The examiner externally rotates the shoulder in 30° of abduction and then pushes the arm proximally while extending the shoulder. Confirmatory findings: pain or a painful click in the glenohumeral joint.
Passive distraction test: examiner standing on the affected side of the patient and positions the extremity off the edge of the table, into 150° elevation in the coronal plane, the elbow extended, the forearm supinated, and the upper arm stabilised to prevent humeral rotation. The examiner pronates the forearm while maintaining steady position of the humerus. Confirmatory findings: pain reported deep inside the glenohumeral joint either anteriorly or posteriorly.



Finalmente, deve também notar-se que as lesões SLAP são raramente uma condição isolada. Andrews et al relataram que 45% dos pacientes com lesões SLAP tinha também ruturas parciais do supra-espinhoso.

Isto indica que, só porque uma outra patologia mais comum é diagnosticada, não significa que a lesão SLAP pode ser descartada. Deve ser executado um exame completo, que envolva os melhores testes para o diagnóstico diferencial desta lesão.

Bibliografia:


Schlechter JA, Summa S, Rubin BD. The passive distraction test: a new diagnostic aid for clinically significant superior labral pathology. Arthroscopy. 2009 Dec;25(12):1374-9.

Kim YS, Kim JM, Ha KY, Choy S, Joo MW, Chung YG. The passive compression test: a new clinical test for superior labral tears of the shoulder. Am J Sports Med. 2007 Sep;35(9):1489-94. 

Jobe CM. Posterior superior glenoid impingement: expanded spectrum. Arthroscopy. 1995 Oct;11(5):530-6.

Shepard MF, Dugas JR, Zeng N, Andrews JR. Differences in the ultimate strength of the biceps anchor and the generation of type II superior labral anterior posterior lesions in a cadaveric model. Am J Sports Med. 2004 Jul-Aug;32(5):1197-201.



Manipulação cervicotorácica no alívio de dor no ombro

Objetivo: 

Identificar os indivíduos com dor no ombro que são propensos a experimentar melhoria imediata da dor e incapacidade após a manipulação da coluna cervical e torácica.

Norma:

  1. Flexão do ombro livre de dor menor que 127 °
  2. Rotação interna do ombro menor que 53° a 90° de abdução
  3. Teste de Neer negativo
  4. Não estar a tomar medicamentos para a sua dor no ombro
  5. Os sintomas terem menos de 90 dias


Probabilidade de Sucesso: 

78% (2 ou + Variáveis), 89% (3 ou + Variáveis), 100% (4 ou + Variáveis)


Bibliografia:

Mintken PE, et al. Some Factors Predict Successful Short-Term Outcomes in Individuals With Shoulder Pain Receiving Cervicothoracic Manipulation: A Single-Arm Trial. Phys Ther. 2010; 90(1): 26-42.




sábado, 29 de novembro de 2014

Exercícios de estabilização no alívio da dor lombar

Objetivo: 

Identificar pacientes com dor lombar que provavelmente irão responder favoravelmente a um programa de exercícios de estabilização orientado pelo fisioterapeuta.

Norma:

  1. Idade menor que40 anos
  2. Movimento de levantar a perna a direito maior do que 91 graus.
  3. Presença de movimento aberrante
  4. Teste de instabilidade lombar positivo


Probabilidade de Sucesso:

Não existe uma probabilidade de sucesso definida devido ao elevado número de variáveis estudadas e à falta de estudos com elevado grau de evidência.
No entanto é aceite pela generalidade dos estudos que a conjugação dos exercícios de estabilização com técnicas de terapia manual e exercícios de alongamento aumentam significativamente a probabilidade de sucesso do tratamento.

Bibliografia:

Hicks GE, Fritz JM, Delitto A, McGill SM. Preliminary Development of a Clinical Prediction Rule for Determining Which Patients With Low Back Pain Will Respond to a Stabilization Exercise Program. Arch Phys Med Rehabil. 2005; 86(9): 1753–1762.
Rabin A, Shashua A, Pizem K, Dickstein R, Dar G. A Clinical Prediction Rule to Identify Patients With Low Back Pain Who Are Likely to Experience Short-Term Success Following Lumbar Stabilization Exercises: A Randomized Controlled Validation Study. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. 2014; 44(1): 6–18, B1–13.







Taping para a síndrome de dor patelofemoral

Objetivo:

Identificar pacientes com síndrome de dor patelofemoral que irão responder favoravelmente ao taping patelar.

Norma:

  1. Angulação da tíbia maior do que 5 graus
  2. Teste de tilt patelar positivo


Probabilidade de Sucesso:

83% (2 Variáveis)

Bibliografia

Lesher JD, et al. Development of a clinical prediction rule for classifying patients with patellofemoral pain syndrome who respond to patellar taping. J Orthop Sports Phys Ther. 2006; 36(11): 854-66.

Cleland J, Koppenhaver S, Su J. Netter's Orthopaedic Clinical Examination: An Evidence-Based Approach, 2e (Netter Clinical Science) June 15, 2010

Teste de tilt patelar

Descrição
O objectivo deste teste é avaliar a existência de uma instabilidade externa da patela (rótula), comum na síndrome de dor patelofemoral.

Técnica
O paciente deve estar deitado de barriga para cima, com o joelho em extensão completa. O fisioterapeuta coloca as mãos proximal e distal à patela . Utilizando os polegares pressiona a parte interior da rótula, de modo a levantar o bordo exterior. O teste é considerado positivo se o bordo lateral não pode ser eleva tanto como no lado oposto e/ou se o paciente revela apreensão pelo recrutamento muscular do quadricipete.




Watson C, Leddy H, Dynjan T. Reliability of the Lateral Pull Test and Tilt Test to Assess Patellar Alignment in Subjects with Symptomatic Knees: Student Raters. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy 2001;31(7) :368-374 



Outros testes ao joelho

Mobilização na anca no tratamento de osteoartrite de joelho

Objetivo:

Identificar pacientes com osteoartrite do joelho que irão experimentar melhoria da sua condição clínica com a inclusão da mobilização da anca no seu tratamento.

Norma:

  1. Dor ou parestesia na anca ou virilha
  2. Dor na face anterior da coxa
  3. Flexão passiva do joelho menor do que 122 graus
  4. Rotação interna passiva da anca menor do que 17 graus
  5. Dor ao movimento de distracção da anca


Probabilidade de Sucesso:

92% (1 ou + variáveis), 97% (2 ou + variáveis)

Bibliografia:


Currier LL, et al. Development of a Clinical Prediction Rule to Identify Patients With Knee Pain and Clinical Evidence of Knee Osteoarthritis Who Demonstrate a Favorable Short-Term Response to Hip Mobilization. Physical Therapy. 2007; 87(9): 1106–1119.

Cleland J, Koppenhaver S, Su J. Netter's Orthopaedic Clinical Examination: An Evidence-Based Approach, 2e (Netter Clinical Science) June 15, 2010

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Manipulação torácica para dor cervical

Objetivo: 

Identificar os pacientes com dor cervical propensos a experimentar melhoria precoce da sua condição através de manipulação torácica, exercícios orientados pelo fisioterapeuta e educação do paciente.

Norma: 
  1. Sintomas há menos de 30 dias
  2. Ausência de sintomas distais ao ombro
  3. Olhar para cima não agrava os sintomas
  4. Resultado menor que 12 no Physical Activity Subscale da Fear-Avoidance Beliefs Questionnaire (FABQ)
  5. Diminuição da cifose da coluna torácica superior
  6. Amplitude de extensão cervical menor que 30 graus


Probabilidade de Sucesso: 

86% (3 ou + variáveis), 93% (4 ou + Variáveis), 100% (5 ou + Variáveis)


Bibliografia:

Cleland JA, et al. Development of a clinical prediction rule for guiding treatment of a subgroup of patients with neck pain: use of thoracic spine manipulation, exercise, and patient education. Phys Ther. 2007; 87(1): 9-23.

Cleland JA, et al. Examination of a Clinical Prediction Rule to Identify Patients With Neck Pain Likely to Benefit From Thoracic Spine Thrust Manipulation and a General Cervical Range of Motion Exercise: Multi-Center Randomized Clinical Trial. Phys Ther. 2010; 90(9): 1239-1250.


domingo, 23 de novembro de 2014

Regra dos 10% - aumentar com segurança o seu volume de corrida

Deseja iniciar um programa de corrida? Já corre e quer aumentar as distâncias que consegue correr? Está a recuperar de uma lesão e a tentar voltar a correr?

Se está a trabalhar para realizar qualquer um destes objetivos, provavelmente já se perguntou como aumentar o volume de treino em segurança de forma a não sofrer uma lesão.

Os acidentes de corrida são muito comuns, e os erros de treino são a principal causa de lesões evitáveis. A maioria das lesões de treino são o resultado da mentalidade "muito, muito cedo e muito rápido."

Apesar de a prevenção de lesões ser complicada e ainda haver muito a descobrir, existe uma regra (já familiar para muitos corredores): a regra dos 10%, segundo a qual não se deve aumentar a quilometragem de treino mais do que 10% em cada semana.

Embora os corredores, treinadores e profissionais de saúde geralmente usem a regra dos 10%, é necessário mais conhecimento para compreender o seu papel na prevenção de lesões. Investigadores seguiram 873 novos corredores por um ano; durante este período, 202 corredores tiveram uma lesão relacionada com a corrida.

Estas lesões foram divididas com base no aumento semanal de cada participante: menos do que 10%, 10% e 30%, e mais de 30% nas 2 semanas antes da lesão.

Corredores que aumentaram a sua quilometragem mais de 30% tinham uma taxa de lesões mais elevada do que aqueles que aumentaram sua quilometragem menos de 10%.

Os corredores que corriam mais e mais rápido revelaram estar em maior risco de desenvolver dor patelo-femoral (joelho de corredor), síndrome da banda iliotibial, síndrome do stress tibial medial, tendinopatia patelar, bursite trocantérica, e lesão do glúteo médio ou tensor da fáscia lata.

No entanto, outros tipos de lesões não foram relacionados com a regra dos 10%, como fascite plantar, tendinopatia de Aquiles, lesão dos gémeos, lesões isquiotibiais, fraturas por stress natíbia, e ruturas dos flexores da anca.

Os autores sugerem que estas lesões podem ocorrer devido a outros erros de treino.

Conclusões


  1. Um aumento repentino na distância semanal corrida (mais de 30% ao longo de 2 semanas) pode aumentar o risco do corredor desenvolver lesões relacionadas com a corrida.
  2. As menores taxas de lesões ocorreram em novos corredores que elevaram a quilometragem semanal em menos do que 10% ao longo de 2 semanas.
  3. Outras lesões de corrida podem ser ligadas ao ritmo da corrida, aumentando a velocidade de corrida, treino de corrida, ou outros erros de treino.
  4. Se está a começar um programa de corrida, o seu fisioterapeuta pode ajuda-lo a personalizar uma progressão que seja segura para a sua condição física e de saúde.





Nielsen RØ, Parner ET, Nohr EA, Sørensen H, Lind M, Rasmussen S. Excessive Progression in Weekly Running Distance and Risk of Running-Related Injuries: An Association Which Varies According to Type of Injury,” J Orthop Sports Phys Ther 2014;44(10):739-747.


5 melhores dicas sobre exercício terapêutico pela PEDro

A base de dados PEDro, do The George Institute for Global Health, é considerada a maior base de dados sobre fisioterapia baseada na evidência do mundo; reúne mais de 28000 guidelines, ensaios e revisões. É utilizada por milhares de fisioterapeutas e outros interessados em reabilitação em mais de 200 países.

A sua administradora Dra. Anne Moseley referiu:
"Procuramos na nossa base de dados as cinco condições de saúde em que exercícios orientados pelo fisioterapeuta resultam em maiores benefícios, comprovados por investigação científica. Infelizmente, as pessoas tendem a subestimar o papel do exercício na saúde. O exercício não é apenas para ficar em forma; a maioria das pessoas iria ficar surpreendida com a variedade de condições de saúde importantes que podem ser aliviadas pelo tipo certo de exercício".

  1. Treino dos músculos do pavimento pélvico melhora a incontinência urinária em pessoas com incontinência urinária de stress ou de qualquer outro tipo. Esta é a primeira linha de tratamento para incontinência urinária. "Estima-se que a incontinência urinária afecte mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo".
  2. Exercício terapêutico diminui a dor e melhora a função em pessoas com osteoartrite do joelho, com benefício equivalente aos tratamentos farmacológicos. Pessoas com osteoartrite da anca também são susceptíveis de beneficiar do exercício. "Mais de 10% das pessoas com mais de 60 anos sofrem de osteoartrite do joelho".
  3. O exercício físico diminui o risco de morte, falta de ar e fadiga e melhora a saúde, qualidade de vida e função em pessoas com doença pulmonar obstrutiva crónica. "Estima-se que 64 milhões de pessoas tinham DPOC em todo o mundo em 2004".
  4. Os programas de exercícios diminuem a taxa de quedas e o risco de queda para os idosos que vivem em casa. Exercícios de equilíbrio são os mais eficazes. "Em todo o mundo, 37,3 milhões de quedas ocorrem a cada ano que são graves o suficiente para exigir atenção médica. É um problema mundial, particularmente entre aqueles com mais de 65."
  5. Programas de intervenção precoce para reduzir o atraso motor em prematuros. "Mais do que um em cada dez bebés, ou 15 milhões de bebés por ano, nascem muito cedo. Os sobreviventes correm o risco de enfrentar uma vida de incapacidades. Estudos mostram que os programas de fisioterapia para esses bebés ajuda-os a conquistar habilidades motoras, acelerando a sua recuperação em relação ao padrão de desenvolvimento normal das crianças de termo."



Autores da pesquisa: Professora Cathie Sherrington, Professor Chris Maher, Professor Rob Herbert, e Professor associado Mark Elkins, todos do George Institute for Global Health e da University of Sydney, também administradores do projeto PEDro.

Exercício físico após a artroplastia total da anca

A artroplastia total da anca (ATA) é um procedimento frequentemente usado em cirurgia ortopédica para tratar osteoartrite grave na articulação da anca.

Com o crescente número de pessoas mais velhas que praticam desporto e de atletas mais velhos que desejam retornar a níveis competitivos após uma ATA, a compreensão de como actividade desportiva afecta os indicadores de saúde após ATA está a tornar-se consideravelmente importante.

O objetivo desta revisão bibliográfica é caracterizar as recomendações e os riscos atuais para retornar ao desporto após ATA, bem como discutir as implicações da mudança de nível demográfico e da expectativa em paradigmas de reabilitação.

Embora os riscos reais associados à prática de desportos após ATA sejam ainda desconhecidos, há preocupações de que níveis mais altos de atividade física podem aumentar o risco de fratura, luxação e maus resultados a longo prazo.

Alternativas mais recentes como próteses com os dois componentes articulares em metal proporcionam uma maior durabilidade, no entanto existem preocupações relativamente aos iões metálicos sistémicos devido a desgaste mecânico dos componentes, embora o seu impacto na saúde do paciente ainda não seja clara.

Recentemente, foi desenvolvido o High Activity Arthroplasty Score em resposta à necessidade de quantificar maior nível de atividade e esportes participação física após artroplastia. Existem algumas evidências que sugerem que o desgaste pode estar relacionado com o nível de atividade, mas o impacto sobre os resultados clínicos são ainda pouco significativos.

Ao aconselhar um atleta que considere voltar ao desporto após ATA, o fisioterapeuta deve considerar o seu nível de atividade pré-operatório, aptidão física atual e histórico específico, incluindo a qualidade do osso, a abordagem cirúrgica e tipo de prótese.


Meira EP, Zeni J Jr. Sports participation following total hip arthroplasty. Int J Sports Phys Ther. 2014 Nov;9(6):839-50.

Talbot S, Hooper G, Stokes A, Zordan R. Use of a new high-activity arthroplasty score to assess function of young patients with total hip or knee arthroplasty. J Arthroplasty. 2010 Feb;25(2):268-73.


sábado, 22 de novembro de 2014

Mobilização do nervo radial reduz a dor do cotovelo em utilizadores de computador

Os utilizadores regulares de computador têm maior risco de desenvolver dor na face lateral do cotovelo.

Teoriza-se que a tensão mecânica adversa pode desenvolver-se no nervo radial como resultado do trabalho estático e sustentado dos músculos extensores que se inserem no cotovelo. Neste sentido a mobilização neural tem sido recomendada como um potencial tratamento.

O objectivo deste estudo foi avaliar o efeito da mobilização neural do nervo radial numa única ocasião em termos da sua capacidade para reduzir a dor lateral do cotovelo. Quarenta e um profissionais de informática (média de 46,7anos; DP 12,77), que tinham experienciado dor lateral do cotovelo por um período médio de 2,87 meses foram recrutados.


Os participantes classificaram a dor usando uma escala numérica verbal. A tensão do nervo radial foi testada usando o teste de tensão do membro superior (ULTT) para o nervo radial em ambos os membros superiores. O nervo radial foi mobilizado usando uma série de oito oscilações e repetido 3 vezes com um minuto de descanso entre elas.

Os testes de dor e tensão neural foram repetidos após o tratamento e os resultados médios relativamente à dor diminuíram significativamente de 5,7 (1,1) para 3,8 (1,4) (p <0,000; valor t = 8,07).

Este estudo concluiu que uma única sessão de 3 de mobilizações neurais resultou numa diminuição de dor em utilizadores de computador com dor de cotovelo lateral. Será necessário um estudo aleatorizado de longo prazo para determinar os efeitos sustentados ao longo do tempo.



domingo, 16 de novembro de 2014

Pré-hipertensão aumenta risco de acidente vascular cerebral

       
Uma medição normal da pressão arterial situa-se abaixo de 120/80 mmHg. Uma pressão arterial elevada é igual ou superior a 140/90 mmHg.

       A pré-hipertensão situa-se entre os valores de pressão arterial normais e elevados.

     Um estudo publicado na revista Neurology analisou um conjunto de 12 estudos prévios, que analisaram mais de 500.000 pessoas sem história de doença cardíaca ou de acidente vascular cerebral, concluindo que as pessoas com pré-hipertensão apresentavam uma probabilidade 55% superior de sofrer um acidente vascular cerebral em comparação com as pessoas com uma pressão arterial mais baixa.

        Isto foi verdade mesmo depois dos números terem sido ajustados para tomar em consideração os hábitos tabágicos e outros factores que aumentam o risco de acidente vascular cerebral.

       Posteriormente, os investigadores dividiram as pessoas com pré-hipertensão em dois grupos:

  • Os valores da pressão arterial próximos do limite inferior, entre 120/80 mmHg e 129/83 mmHg, não estavam associados a um risco mais elevado de acidente vascular cerebral. O risco mais elevado foi observado nas pessoas que tinham medições entre 130/85 mmHg e 139/89 mmHg.
  • A pré-hipertensão nos idosos NÃO aumentou, por si só, o risco de acidente vascular cerebral.


O que fazer para melhorar os valores de tensão arterial?


       Possivelmente devemos abandonar a noção de que uma pressão arterial normal corresponde a um conjunto de valores específicos. Em vez disso, necessitamos ter em consideração se uma determinada pressão arterial é desejável uma certa pessoa.

       Por exemplo, se tiver um colesterol elevado e se fumar, necessita definitivamente de ter a pressão arterial mais baixa que consiga alcançar.

        Não existe um objectivo específico no que diz respeito aos valores até onde se deve baixar a sua pressão arterial, não dizendo com isto que deva tomar medicamentos para reduzir a pressão arterial se as suas medições forem inferiores a 140/90 mmHg.

          As alterações do estilo de vida são o caminho a seguir. Em primeiro lugar, se fumar, deixar este hábito constitui a principal prioridade.

          Ouvirá isto vezes sem conta, mas a dieta e o exercício físico resultam realmente.
           
  • Procure manter um peso saudável.
  • Os vegetais e a fruta devem constituir metade de cada refeição. As batatas não contam como vegetal.
  • A outra metade deve conter proteínas saudáveis e hidratos de carbono constituídos por cereais integrais.
  • Reduza a ingestão de sal. Utilize uma quantidade ligeiramente menor de sal todos os dias e rapidamente irá apreciar os alimentos tanto quanto gostava antes.
  • Beba água em vez de bebidas açucaradas.
  • Mantenha-se fisicamente activo, tanto quanto puder, todos os dias.
  • Pratique pelo menos 30 minutos de exercício físico de intensidade moderada na maior parte dos dias da semana.
            
      Estas alterações irão não só reduzir a pressão arterial como irão também, quase de certeza, reduzir o seu colesterol total.

         E o mais importante é que estas alterações irão reduzir o seu risco de acidente vascular cerebral, de ataque cardíaco, de insuficiência cardíaca, de diabetes e de insuficiência renal.

Adaptado de: Portal da saúde


Lee M, Saver JL, Chang B, Chang KH, Hao Q, Ovbiagele B. Presence of baseline prehypertension and risk of incident stroke: a meta-analysis. Neurology 2011 Oct 4;77(14):1330-7


sábado, 15 de novembro de 2014

Fisioterapia pré-prótese da anca ou do joelho reduz a necessidade de cuidados pós-operatórios em 29%

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou a osteoartrite como uma doença relacionada com a civilização. A eficácia da fisioterapia pré-artroplastia total da anca entre os pacientes que sofrem de osteoartrite da anca (OA) no final do tratamento conservador raramente é descrita na literatura.

Um novo estudo, publicado na revista americana Journal of Bone & Joint Surgery (JBJS), descobriu que a fisioterapia antes da artroplastia total pode diminuir a necessidade de cuidados pós-operatórios em quase 30%, economizando uma média de 1.215 dólares por paciente em serviços de saúde especializados e outros cuidados no pós-operatório.

Utilizando o Medicare, os investigadores foram capazes de identificar tanto o recurso a fisioterapia pré-operatória como os padrões de utilização de cuidados pós-operatórios para 4733 pacientes submetidos a substituição total da anca e do joelho:

Cerca de 77% dos pacientes utilizaram serviços de saúde após a cirurgia. Após o ajuste para as características demográficas e co-morbilidades (outras condições), os pacientes que receberam fisioterapia pré-operatória apresentaram uma redução de 29% no uso de cuidados de saúde pós-operatórios.


"Este estudo demonstrou uma oportunidade importante para as variações de resultados pós-operatórios através da implementação de fisioterapia pré-operatória, juntamente com a gestão de co-morbilidades antes e durante a cirurgia", referiu o cirurgião ortopédico Ray Wasielewski, co-autor do estudo.

Um outro estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de vida e condição física dos pacientes que fizeram fisioterapia até um ano antes de artroplastia total da anca comparativamente com aqueles que não o fizeram.

45 pacientes, internados no Departamento de Ortopedia e Traumatologia para cirurgia de substituição total da anca, foram recrutados para este estudo.

A avaliação consistiu numa entrevista detalhada com vários questionários: o Harris Hip Score (HHS), a Western Ontario e McMaster Universities Osteoartrite Index (WOMAC), o 36-Item Short Form Health Survey (SF-36), e o Hip Disability and Osteoarthritis Outcome Score (HOOS), bem como o exame físico. Os pacientes foram divididos em grupos com base na sua participação em fisioterapia pré-operatória ou não.

Entre os pacientes que receberam fisioterapia pré-operatória houve uma melhoria significativa na dor, função, vitalidade, saúde psicológica, vida social, e rotação interna (ativa e passiva) da anca (p <0,05).


Apesar de os pacientes não serem rotineiramente encaminhados à fisioterapia antes da cirurgia de substituição total da anca, estes estudos confirmam que a fisioterapia pré-operatória pode ter uma influência positiva sobre o sistema músculo-esquelético e qualidade de vida em pacientes com osteoartrite da anca e joelho.


Snow R, Granata J, Ruhil AV, Vogel K, McShane M, Wasielewski R  Associations between preoperative physical therapy and post-acute care utilization patterns and cost in total joint replacement. J Bone Joint Surg Am. 2014 Oct 1;96(19)

Czyżewska A, Glinkowski WM, Walesiak K, Krawczak K, Cabaj D, Górecki A. Effects of preoperative physiotherapy in hip osteoarthritis patients awaiting total hip replacement. Arch Med Sci. 2014 Oct 27;10(5):985-91