terça-feira, 25 de setembro de 2012

Paralisia Cerebral

Não existe uma definição precisa desta condição, devido à paralisia cerebral (PC) não ser um diagnóstico único, mas um termo geral que descreve lesões cerebrais não progressivas que levam a alterações motoras ou posturais que são notadas durante o desenvolvimento inicial da criança.
A PC tem sido descrita como se segue:
"Um grupo de disfunções do desenvolvimento do movimento e postura causando limitação da actividade, e que são atribuídas a distúrbios não progressivos que ocorreram no cérebro durante o desenvolvimento fetal ou infantil. Os distúrbios motores da paralisia cerebral são frequentemente acompanhados por distúrbios da sensação, cognição, comunicação, percepção e/ou comportamento."
A PC é a principal causa de incapacidade na infância afectando a função e desenvolvimento normal da criança. As lesões cerebrais da PC podem ocorrer desde o período fetal ou neonatal até aos 3 anos de idade, pelo que o diagnóstico não pode ser feito antes dessa altura, pois só nessa fase de desenvolvimento o quadro clínico será claro e estável o suficiente. Isto também permite a exclusão de doenças progressivas.
Na maioria dos casos, a causa dos danos ao cérebro não é conhecida. Em muitos casos, pode ser simplesmente um erro na forma como o cérebro se desenvolve. Factores genéticos (hereditários) podem desempenhar um papel em alguns casos. No entanto, alguns factores são conhecidos por aumentar o risco de desenvolver paralisia cerebral:
  • Parto pré-termo (prematuros), em particular, os bebés nascidos antes de 28 semanas de desenvolvimento.
  • Bebés gémeos, trigémeos ou mais.
  • Infecções da mãe grávida, como rubéola e varicela, podem ser uma causa em alguns casos.
  • Icterícia grave no recém-nascido pode ser uma causa.
  • um risco aumentado de ter um filho com paralisia cerebral nas mães que fumam, bebem demasiado álcool, ou consomem drogas, como a cocaína e heroína.

Era habitual pensar-se que problemas com o trabalho de parto seriam uma das principais causas de PC, no entanto, sabe-se agora que isso é falso. Pensa-se que menos de 1 em cada 10 casos são devido a problemas relacionados com o nascimento do bebé, e quando isso acontece a falta grave e prolongada de oxigénio durante o parto é a principal causa.
Alguns casos são causados após o nascimento. Por exemplo, meningite ou outras infecções cerebrais que ocorrem no bebé podem causar danos cerebrais, resultando em PC.
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Sinais e Sintomas/ Diagnóstico

A PC afecta o sistema nervoso central, provocando uma alteração do tónus muscular. Pode tomar a forma de uma alteração leve, moderada ou grave e, geralmente, não piora com o passar do tempo. Os sintomas variam e podem incluir:
  • Músculos tensos (aumento do tónus), causando espasmos e rigidez.
  • Músculos “flácidos” (diminuição do tónus), tornando os membros fracos e moles.
  • Reflexos coordenação e equilíbrio afectados.
  • Padrão de marcha caraterístico
  • Como um guia, uma criança com desenvolvimento normal será normalmente ser capaz de:
  • Manter-se sentada sozinha e sem apoio aos seis meses.
  • Rastejar aos oito meses.
  • Manter-se em pé apoiada aos 12 meses.
  • Caminhar aos 15 meses.

Algumas pessoas com PC também têm deficiência mental (ou seja, atraso ou dificuldades de aprendizagem), convulsões, dificuldades de visão; encurtamento dos membros; curvatura da coluna vertebral (escoliose); problemas dentários; perda auditiva total ou parcial, ou limitações articulares. Não há cura para a PC, mas com o tratamento precoce, a maioria das crianças melhora as suas capacidades de forma significativa.
Quando a criança tiver entre 2-3 anos de idade, o médico pode ser capaz de diagnosticar o tipo de PC que ele ou ela tem. Existem quatro tipos principais:
Espástica:
Na PC espástica, a forma mais comum, há aumento do tónus muscular/rigidez. Pernas, braços e costas estão rígidos e contracturados, tornando o movimento difícil. Se ambas as pernas forem afectadas (diplegia espástica), a tensão muscular faz com que as pernas rodem para dentro e a criança irá cruzar os joelhos ao caminhar. Se apenas um lado do corpo for afectado (hemiplegia espástica), o braço é muitas vezes mais severamente afectado do que a perna. Se todos os quatro membros e o tronco forem afectados (tetraplegia espástica ou total), os músculos da boca e da língua também podem ser afectados.
Atetóide:
Denominados de discinéticos, na PC atetóide observa-se um baixo tónus muscular/relaxamento, levando a movimentos descontrolados de todo o corpo. Pode ser difícil manter-se sentado ou de pé sem ajuda.
Atáxica:
É uma forma rara, a PC atáxica afecta o equilíbrio e a percepção de profundidade. Existe uma pobre coordenação, a marcha é instável e observam-se dificuldades significativas nos movimentos precisos como o uso de uma caneta ou abotoar uma camisa.
Mistas:
Nas PC mistas, existem sintomas da PC espástica e atetóide. Alguns músculos ficam tensos e outros demasiado “relaxados”. Tanto se observa rigidez como movimentos involuntários.

Tratamento

Crianças diagnosticadas com PC devem ser acompanhadas por uma equipa de especialistas que inclui diferentes profissionais de saúde, tais como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e terapeutas da fala. Não há cura para a PC, mas muito pode ser feito para limitar o grau de deficiência que se pode desenvolver no caso de não ser seguido um plano de tratamento.
Fisioterapia
A base do tratamento é fisioterapia. Um dos objectivos principais da fisioterapia é, na medida do possível, prevenir ou limitar a contracturas e deformidades dos membros que podem ocorrer na PC espástica. Um fisioterapeuta pode utilizar várias técnicas, tais como exercícios, treino de mobilidade, órteses (aparelhos, talas, etc), e outros equipamentos. Um fisioterapeuta pode mostrar aos pais e encarregados de educação o posicionamento correcto das articulações e exercícios de alongamento para fazer em casa. Outro objectivo é melhorar a independência da criança, como se vestir, se alimentar, etc.
Medicação
Alguma medicação tem um papel limitado em alguns casos. Por exemplo, injecções de toxina botulínica em conjunto com a fisioterapia são usadas em alguns casos, para relaxar os músculos espásticos. Os músculos mais comummente injectados são os da barriga da perna e os adutores do quadril. O efeito de uma injecção de toxina botulínica dura 3-6 meses. Medicamentos relaxantes musculares, tais como o baclofen, são por vezes usados. Algumas crianças com epilepsia associada necessitam de medicamentos para evitar convulsões.
Cirurgia
Dependendo do tipo e do grau de contractura muscular, uma operação pode ajudar em alguns casos, em algum momento. Por exemplo, uma operação para afrouxar músculos ou para corrigir uma deformidade da articulação. O objectivo é dar mais flexibilidade e controlo dos membros afectados e articulações. A maioria das operações é realizada sobre os músculos em torno dos quadris, joelhos e tornozelos.
Outros tratamentos e terapias
Estes incluem, quando necessário ou conveniente: terapia ocupacional, terapia da fala, oftalmologia, odontologia, aconselhamento nutricional e promoção do desporto. Tecnologia assistiva está a ser cada vez mais utilizada. Há uma variedade de dispositivos e aparelhos que podem ajudar com tarefas de mobilidade e comunicação.
Uma pergunta comum que os pais fazem é: "O meu filho vai ser capaz de andar?". Isso pode ser difícil de responder quando a criança é muito jovem, mas como um guia muito geral:
  • Quase todas as crianças com hemiplegia vão ser capazes de andar.
  • Cerca de 3 em cada 4 crianças diplégicas vão ser capazes de andar.
  • Menos de 1 em cada 4 crianças tetraplégicas vai andar.

Mas isto é muito geral, e o seu especialista dará conselhos sobre cada caso individual. Além disso, o tratamento, como fisioterapia pode fazer toda a diferença para o resultado final.

Exercícios terapêuticos para a paralisia cerebral
Os seguintes exercícios poderão ser prescritos durante o tratamento da paralisia cerebral, dependendo da fase evolutiva do paciente. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.


Fortalecimento dos abdominais
Deitado, com o fundo das costas bem apoiado e as mãos ao longo do corpo. Levante o tronco apenas até meio da coluna, mantendo o olhar para o alto. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 e 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.





Mobilização da cintura pélvica
Sentado, com as plantas dos pés juntas, os antebraços a fixar as pernas e as costas alinhadas. Rode a bacia à frente, mantendo as costas alinhadas. Rode a bacia atrás, mantendo as costas alinhadas.
Repita entre 15 e 30 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.






Reforço muscular dos gémeos
Em pé, apoiado numa cadeira, coloque-se em pontas dos pés. Desça lentamente até todo o pé apoiar no chão. Repita este movimentos entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.


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