A Síndrome do conflito
articular do ombro não é uma patologia em si, mas apenas um conjunto de sinais
característicos que indicam que alguma lesão está a causar compressão/fricção
dos tendões da coifa dos rotadores (supra-espinhoso, infra-espinhoso, pequeno
redondo e subescapular) na sua passagem pelo espaço sub-acromial (espaço entre
a base do acrómio e o topo da cabeça do úmero, onde, para além dos tendões da
coifa, se localiza bolsa sub-acromial).
A fricção repetitiva
sobre estes tendões irá causar irritação e inflamação. Isso poderá levar ao
espessamento dos tendões que, como existe muito pouco espaço livre entre o
acrómio e a cabeça do úmero, provocará mais fricção. Isto leva a uma limitação
significativa da função do ombro e poderá causar outras complicações, como a
bursite sub-acromial.
Existem vários
factores que poderão desencadear uma síndrome do conflito articular do ombro:
- Esporões ósseos
- Tendinopatiada coifa dos rotadores
- Lesões decorrentes de luxação do ombro
- Instabilidade articular do ombro
- Tendinopatia do bicípite
- Síndrome postural
Se não for
tratada, a síndrome do conflito articular do ombro poderá levar a uma ruptura
da coifa dos rotadores.
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Sinais e sintomas/ Diagnóstico
- Dor no ombro com início gradual durante um longo período, presente durante a actividade e em repouso.
- Dor na parte frontal e/ou lateral do ombro com a elevação do braço.
- Dor na face posterior e anterior do ombro quando afasta o braço do tronco e o roda para fora.
- Dor na rotação interna, como por exemplo chegar atrás das costas.
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e
exame atento do ombro, incluindo à sua função motora, é geralmente suficiente
para o diagnóstico de uma síndrome de conflito articular do ombro. O médico deve também realizar um teste em que lhe pedirá para endireitar o seu braço, depois ele irá elevar o seu braço para a frente, mantendo a palma da mão apontando
para fora. Se este teste for doloroso é indicativo de comprometimento da coifa dos rotadores.
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Tratamento
O objectivo do
tratamento será reduzir a dor e restaurar a função. No planeamento do
tratamento será considerada a sua idade, nível de actividade, e a saúde geral. Na
maioria dos casos, o tratamento inicial é conservador. Embora o este tratamento
possa levar várias semanas a alguns meses, muitos pacientes demonstram uma
melhora gradual e da função motora e diminuição da dor. O tratamento deverá
incluir:
Analgésicos e anti-inflamatórios: analgésicos como
o paracetamol são geralmente úteis. Ocasionalmente, analgésicos mais fortes
podem ser necessários. Os anti-inflamatórios, como o ibuprofeno ou o
diclofenaco, poderão ser necessários para controlar a inflamação.
Gelo: Aplique uma
compressa de gelo na área lesada,
colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
Descanso: Evite os
movimentos que provocam os sintomas. Evite gestos repetitivos dos membros
superiores, e movimentos dos membros superiores acima dos 90o de
elevação.
Fisioterapia, que poderá incluir:
- Massagem de mobilização de tecidos.
- Quando a dor permitir iniciar exercícios de mobilidade do ombro. É fundamental que sejam trabalhados todos os graus de movimento em toda a amplitude disponível.
- Aplicação de TENS e ionização
- Alongamento progressivo, principalmente da cápsula articular do ombro
- Exercícios de reforço muscular dos músculos da coifa, desde que não provoque dor.
- Exercícios de correcção postural, como RPG e Pilates poderão ser benéficos para manter os resultados ao longo do tempo.
- Reintrodução gradual ao desporto/actividade, começando com exercícios de treino, sem contacto e lentamente aumentar o grau de exigência dos exercícios.
Caso tenha menos de 60 anos de idade,
uma ruptura completa do tendão, não tenha apresentado melhorias ao final de 6
semanas de tratamento conservador ou seja um profissional/desportista que
necessita de força e amplitude de movimentos completa para realizar a sua
actividade, o tratamento cirúrgico será o mais indicado. A cirurgia envolve geralmente a descompressão (alargamento) do
espaço sob o acrómio, podendo também incluir a reparação do tendão. A cirurgia
pode ser feita por artroscopia ou método aberto.
Exercícios terapêuticos para a síndrome de conflito articular do ombro
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos
durante a reabilitação de uma síndrome de conflito articular do ombro. Deverão ser
realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Adução das omoplatas
Em pé ou sentado,
com os cotovelos dobrados. Puxe os ombros e cotovelos para trás e para baixo.
Mantenha a posição durante 8 segundos. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum
sintoma.
Em pé, com o cotovelo a 90o e
encostado ao tronco, com o elástico na palma da mão, rode o antebraço para
fora, mantendo o cotovelo perto do tronco, volte lentamente á posição inicial.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Fortalecimento
dos adutores do ombro
Em pé, com os braços a 90o e cotovelos
dobrados. Empurre o elástico para a frente com ambos os braços, mantendo ombros
e mãos alinhados. Retorne lentamente á posição inicial.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Antes de iniciar estes exercícios você deve
sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
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