sexta-feira, 29 de março de 2013

Rutura do bicípite


O músculo bicípite localiza-se na face anterior do seu braço e permite-lhe dobrar o cotovelo e rodar o antebraço para cima. Também ajuda a manter o ombro estável.
A extremidade superior do bicípite tem dois tendões que se unem aos ossos do ombro. A cabeça longa insere-se no topo da articulação do ombro (glenóide). A cabeça curta insere-se numa proeminência óssea anterior da omoplata, o processo coracóide.
A extremidade inferior do bicípite tem um tendão, chamado de tendão bicipital, que se insere na tuberosidade radial, uma pequena protuberância num dos ossos do antebraço (rádio) perto do seu cotovelo.
A cabeça longa do tendão do bicípite é mais frequentemente lesada (representa 90-97% de todas as rupturas do bicípite). Isto porque, devido ao seu trajecto ao longo da articulação do ombro, este tendão fica mais vulnerável ao desgaste por sobre-uso, principalmente durante movimentos de elevação do braço. No entanto, como o bicípite tem duas inserções no ombro, e a cabeça curta raramente é lesada, muitas pessoas conseguem ter força e amplitude de movimento mesmo depois de uma ruptura completa da cabeça longa. Este tipo de lesão pode ter associada uma ruptura da coifa dos rotadores.
A ruptura do tendão bicipital é muito rara. Mais uma vez, outros músculos do braço podem substituir o tendão lesado, geralmente resultando em pleno movimento e função razoável. Porém, se for deixado sem correcção cirúrgica, o braço terá uma redução de 30% a 40% na força, principalmente na rotação do antebraço (supinação). A principal causa para uma ruptura do tendão bicipital é uma lesão súbita, como levantar uma caixa demasiado pesada do chão. Este tipo de lesão raramente está associada a outras condições médicas.

Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor aguda de início súbito, na parte superior do braço
  • Por vezes poderá ter a sensação de ruptura no ombro ou no cotovelo.
  • Cãibras no bicípite
  • Hematoma a partir do meio do braço em direcção ao cotovelo
  • Fraqueza muscular no ombro e no cotovelo, dificuldade a virar a palma da mão para cima ou puxar o antebraço para cima.
  • Nos casos de ruptura do tendão bicipital pode observar-se uma protuberância na parte superior do braço criada pelo encurtamento do músculo.

Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e exame atento do ombro e cotovelo, incluindo à sua função motora, é geralmente suficiente para o diagnóstico de uma ruptura do bicípite. A confirmação do diagnóstico deve ser feita através de uma ecografia ou RM, que servirá também para avaliar a gravidade da ruptura.

Tratamento

Os pacientes com ruptura do tendão bicipital devem pensar ponderadamente a decisão de prosseguir com um tratamento conservador, já que restaurar cirurgicamente a função do tendão mais tarde pode não ser possível. Nestes casos o tendão deve ser reparado nas primeiras 2-3 semanas após a lesão. Após este tempo, o tendão começa a cicatrizar em encurtamento, sendo depois muito difícil de o recuperar.
Já a ruptura na cabeça longa do bicípite, para muitas pessoas, resolve-se ao longo do tempo. A ligeira falta de força pode nem incomodar, principalmente a pacientes mais idosos ou inactivos. Por isso, caso não tenha danificado alguma estrutura mais crítica, como a coifa dos rotadores, o tratamento conservador é a opção mais razoável. Este pode incluir:
Analgésicos e anti-inflamatórios: analgésicos como o paracetamol geralmente são úteis em rupturas do bicípite. Ocasionalmente, os analgésicos mais fortes podem ser necessários. Os anti-inflamatórios, como o ibuprofeno ou o diclofenaco, poderão ser necessários para controlar a inflamação.
Gelo: Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
Descanso: Evite os movimentos que provocam os sintomas. Evite gestos repetitivos dos membros superiores. Poderá aplicar um sling para dar maior suporte e proporcionar descanso ao braço
Fisioterapia: o tratamento poderá demorar entre 2-6 semanas, dependendo do mecanismo de lesão, da sua gravidade e da condição física do paciente. Poderá incluir:
  • Massagem de mobilização de tecidos sobre a zona do tendão e músculo.
  • Quando a dor permitir iniciar exercícios de mobilidade do ombro
  • Aplicação de ultra-sons no local da ruptura
  • Exercícios de reforço muscular dos músculos do braço e da coifa dos rotadores, desde que não provoque dor.
  • Reintrodução gradual ao desporto/actividade, começando com exercícios de treino, sem contacto e lentamente aumentar o grau de exigência dos exercícios.

Nos casos de ruptura completa do tendão, que não apresentam melhorias ao final de 6 semanas de tratamento conservador ou de profissionais/desportistas que necessitem de força e amplitude de movimentos completa para realizar a sua actividade, o tratamento cirúrgico poderá ser o mais indicado. Após a cirurgia o braço será colocado em repouso num sling durante 2-4 semanas, período após o qual se deverá inicial um plano de tratamento em fisioterapia.

Exercícios terapêuticos para as rupturas do bicípite

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma ruptura do bicípite. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.

Alongamento do bicípite
De joelhos, com as costas alinhadas, apoie os punhos numa mesa/cadeira, com as palmas das mãos viradas para cima. Mantenha a posição durante 20 segundos.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.




Fortalecimento dos supinadores do antebraço
Em pé, com o cotovelo a 90o e encostado ao tronco, com o elástico na palma da mão, virada para baixo. Rode a a mão para cima e volte lentamente á posição inicial.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


Fortalecimento do bicípite
Com o cotovelo a 90o e encostado ao tronco, e a palma da mão virada para cima. Com a outra mão ofereça resistência, impedindo o antebraço de se mover. Faça força para dobrar o cotovelo.  Mantenha a pressão por 8 segundos.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


  


Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.




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