A ruptura completa do tendão distal do bicípite braquial é relativamente rara (cerca de 3%. 96% são
na cabeça longa e 1% na cabeça curta) e há pouca informação para orientar os fisioterapeutas
na reabilitação após a lesão e reparação cirúrgica subsequente.
O mecanismo mais comum de
lesão é uma única carga inesperada colocada sobre a articulação do cotovelo.
Sente-se
um “pac” que é audível seguido pela formação de contorno anormal da face
anterior do braço.
A perda de função é substancial, havendo perda total de
torque produzido pelo bicípite braquial e a recuperação pode ser lenta.
Os dois tipos de procedimentos
cirúrgicos usados são a técnica de incisão única e a técnica de incisão dupla
(Figuras 2 e 3).

A reabilitação pós-cirúrgica
normalmente segue duas fases:
- Imobilização (primeiras 6 semanas de pós-operatório)
- Fortalecimento/alongamento (dos músculos atrofiados e eventual regresso a actividades funcionais)
A descrição do protocolo
de reabilitação utilizado neste estudo de caso pode ajudar a guiar os
fisioterapeutas na reabilitação de um paciente com uma ruptura de tendão distal
do bicípite braquial que foi reparado cirurgicamente.
Apresentação de caso clínico
- Homem, de 38 anos, que fazia treinos de resistência 4-5x/semana.
- Foi submetido a reparação cirúrgica do tendão distal do bicípite direito após um acidente de bungee jumping.
- A cirurgia foi realizada 15 dias após a lesão inicial usando uma técnica de incisão única.
- O paciente apresentou-se na fisioterapia com o cotovelo a 90º, numa cinta de apoio, e com indicação do médico para não realizar flexão ativa do cotovelo ou supinação de antebraço.
- O exame físico da região lesada revelou uma deformidade visível e palpável do ventre do músculo bicípite braquial, principalmente na região distal, com uma pequena cicatriz na fossa antecubital direita, onde o tendão do bicípite tinha sido reparado cirurgicamente, sem quaisquer sinais de infecção.
- A amplitude de movimento ativa foi avaliada bilateralmente, revelando limitações significativas quando comparado com o lado contralateral, com dor de 3/10 nos finais de amplitude de movimento.
- Não foram realizados testes de força muscular na primeira avaliação por indicação médica.
Tratamento
Foram feitas pequenas adaptações
ao protocolo inicialmente sugerido pelo médico assistente:
Descritas no anexo:
Resultados
Na oitava semana, o
paciente relatou que tinha pleno funcionamento do braço e não tinha défices em
nenhuma das atividades da vida diária (AVD).
Conclusão
Neste estudo de caso, a
taxa de evolução na amplitude de movimento do cotovelo foi mais rápida do que o
que se estava à espera pelo protocolo estabelecido, o que levou os autores a
realizar exercícios que permitiram avançar para o fortalecimento da musculatura
da parte superior das costas e cintura escapular, limitando qualquer exercício que
envolvesse o bicípite.
Embora o plano global de
tratamento não tenha diferido significativamente do protocolo médico solicitado,
é opinião dos autores que a amplitude de movimento completa pode ser alcançada
antes da 6ª semana de reabilitação, e, portanto, iniciada uma lenta transição
para fortalecimento do bicípite braquial em segurança.
Horschig A, Sayers SP, Lafontaine T, Scheussler S. Rehabilitation of a surgically repaired rupture of the distal biceps tendon in an active middle aged male: a case report. Int J Sports Phys Ther. 2012 Dec;7(6):663-71.