O músculo bicípite localiza-se na face anterior do seu braço e permite-lhe dobrar o cotovelo e rodar o antebraço para cima. Também ajuda a manter o ombro estável.
A extremidade superior do
bicípite tem dois tendões que se unem aos ossos do ombro. A cabeça longa insere-se no topo da articulação do ombro (glenóide). A cabeça curta insere-se
numa proeminência óssea anterior da omoplata, o processo coracóide.
A extremidade inferior do
bicípite tem um tendão, chamado de tendão bicipital, que se insere na tuberosidade radial, uma pequena protuberância num dos ossos do antebraço (rádio) perto do seu cotovelo.
Tendinite do
bicipíte foi o termo originalmente usado para descrever o espectro de lesões
que iam desde a inflamação do tendão à ruptura parcial. No entanto, o estudo da
histopatologia determinou que nem sempre existe processo inflamatório nestas
lesões, pelo que são agora denominadas de tendinopatias do bicípite.
Estas lesões ocorrem na cabeça longa do tendão do bicipíte,
que passa na face anterior do úmero, entre as inserções
dos músculos supraespinhoso e subescapular, e são a principal causa de
dor no ombro no adulto.
As tendinopatias do
bicipíte são causadas pela irritação/inflamação deste tendão, e tendem a
ter um início agudo (súbito). Existe frequentemente história de uma lesão
específica anterior. No entanto também se poderá dever a pequenas lesões
(conhecidas como microrupturas) associadas ao
uso excessivo do tendão ou a ficção causada por uma síndrome de conflito
articular do ombro. Se, depois de cada microruptura, não for dado tempo de
recuperação suficiente, o tendão não se restabelece na totalidade. Isto
significa que ao longo do tempo, os danos no tendão vão-se acumulando, podendo
dar origem a esta lesão.
Lesões mais graves geralmente estão associadas a
tendinopatias da coifa dos rotadores, enquanto as rupturas do bicipíte
acontecem sobretudo a pessoas de maior idade.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
- Dor ou sensibilidade na parte da frente do ombro, que piora com a elevação do braço.
- Dor que se estende ao longo do braço, até ao cotovelo.
- Sons ocasionais ou sensação do ombro “fora do sítio”
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e
exame atento do ombro, incluindo à sua função motora, é necessária para ajudar
no diagnóstico de uma tendinopatia do bicipíte. Pelo facto de haver várias
condições clínicas com sintomas semelhantes a confirmação do diagnóstico deve ser feita através de uma ecografia ou RM, que servirá também
para avaliar a gravidade da lesão.
Tratamento
O primeiro objectivo do tratamento será
reduzir a dor e a inflamação. Na maioria dos casos, o tratamento inicial é
conservador, incluindo os seguintes procedimentos:
Descanso: Evite os
movimentos que provocam os sintomas. Evite gestos repetitivos dos membros
superiores, principalmente os que envolvam elevação.
Analgésicos e anti-inflamatórios: analgésicos como
o paracetamol são geralmente úteis. Ocasionalmente, analgésicos mais fortes
podem ser necessários. Os anti-inflamatórios, como o ibuprofeno ou o
diclofenaco, poderão ser necessários para controlar a inflamação.
Gelo: Aplique uma
compressa de gelo na área lesada,
colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
Aplicação de TENS e ionização poderá ajudar a reduzir a
inflamação.
Após esta primeira fase, geralmente entre os 5-7 dias
após a lesão, deverão ser introduzidos outros procedimentos com o objectivo de
melhorar a amplitude de movimento e restabelecer a força muscular:
- Quando a dor permitir iniciar exercícios de mobilidade do ombro e cotovelo, com mobilizações ao longo de toda a amplitude de movimento disponível.
- Alongamentos dos músculos na face anterior do ombro e braço.
- Massagem de mobilização de tecidos sobre a zona do tendão e músculo.
- Exercícios de reforço muscular progressivo do bicipíte.
- Reintrodução gradual ao desporto/actividade, começando com exercícios de treino, sem contacto e lentamente aumentar o grau de exigência dos exercícios.
Se sua condição não melhorar com o tratamento conservador, e os sintomas se mantiverem inalterados por mais de 2 meses,
uma cirurgia pode ser necessária.
A cirurgia para a tendinite do bíceps é normalmente realizada por artroscopia. Durante a cirurgia o tendão será
reparado, próximo à sua inserção no osso, pode ser necessário remover a área
lesada do tendão ou, nos casos mais graves desprender a inserção do bicipíte
(tenotomia).
Exercícios terapêuticos para as tendinopatias do bicípite
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma
tendinopatia do bicípite. Deverão
ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição
de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Alongamento
do bicípite
De joelhos, com as costas alinhadas, apoie os punhos numa
mesa/cadeira, com as palmas das mãos viradas para cima. Mantenha a posição
durante 20 segundos.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde
que não desperte nenhum sintoma.
Em pé, com o cotovelo a 90o e
encostado ao tronco, com o elástico na palma da mão, virada para baixo. Rode a
a mão para cima e volte lentamente á posição inicial.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Fortalecimento dos bicípites
Em pé, com os cotovelos junto ao tronco. Puxe o elástico até os
cotovelos estarem a 90o. Desça lentamente para a posição inicial.
Repita entre 8 e 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma
Antes de iniciar estes exercícios você deve
sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
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