domingo, 29 de novembro de 2015

Claudicação na infância, o porquê e o que fazer

Em um momento ou outro, quase todas as crianças têm episódios de claudicação. Na grande maioria das vezes é causada por ferimentos menores e melhora por si só. 
No entanto a claudicação que dura mais de uma semana e não melhora representa um desafio para pais e profissionais de saúde:

Como isso afeta a criança? De onde é que vem? Qual é o tipo de tecido que é o responsável? Será que requer tratamento? Quão séria é a lesão?... 
Vamos ver as causas e o que deve fazer!

Causas


A causa mais comum de claudicação é uma pequena lesão. Lesões em crianças são geralmente óbvias, mas o mancar persistente após uma lesão pode ser um sinal de que existe uma pequena fratura subjacente por exemplo. 

A maioria das outras causas de claudicação não é comum. Doenças ósseas graves e distúrbios do sistema nervoso são muito raros.


Exame clínico


Quando levar seu filho a uma consulta por causa de um mancar inexplicável, o médico irá perguntar primeiro sobre a história clínica do seu filho, atividades recentes, e saúde em geral. Também irá pedir-lhe para descrever o mancar e quando ele ocorre.

Quanto mais informações fornecer, melhor ele será capaz de determinar a causa da claudicação. Por exemplo, se você tem um histórico familiar de artrite reumatóide, deverá menciona-lo. Ou se o seu filho teve, recentemente, uma tosse, dor de garganta, ou erupção cutânea, é possível que um vírus ou bactéria esteja a causar inflamação articular. Se o seu filho tem febre, é possível que o mancar se deva a uma infecção óssea ou articular.

Depois de discutir os sintomas e história médica, o seu filho será examinado. Nomeadamente, observada a marcha. As crianças mais jovens nem sempre conseguem descrever o local onde dói, mas observando-os com cuidado a caminhar pode muitas vezes mostrar o lado do corpo que está afetado. 

Por exemplo, se uma criança se inclina para um lado quando está num pé, muitas vezes é sinal de que está inconscientemente a tentar tirar um pouco do peso da anca dolorosa. Ou se um pé está menos tempo no chão do que o outro, pode ser um sinal de dor nessa perna.

O médico irá palpar as pernas do seu filho à procura de pontos sensíveis, inchaço ou hematomas. Poderá ser possível determinar se o problema está num músculo, articulação, ou osso.

As articulações da anca e joelho serão vistas ao pormenor, procurando sinais de dor, inchaço e perda de amplitude de movimento. Limitação do movimento em qualquer direção, ou dor nas amplitudes extremas, apontam para essa articulação como a causa da claudicação.

Se parece que a dor é proveniente do joelho, o médico fará um exame mais cuidadoso dos ligamentos e movimentos do joelho. Inchaço ou movimentos anormais podem indicar uma lesão nos ligamentos. 

A coluna da criança também será examinada para a dor, rigidez, curvatura (escoliose), ou marcas incomuns na pele (erupção cutânea ou manchas).

Se o seu filho não tem nenhuma dor, o médico irá procurar evidências de anomalias congénitas ou doenças do sistema nervoso que podem estar a causar o claudicar. 
Alguns dos sinais de um distúrbio do sistema nervoso incluem um tendão de Aquiles encurtado, dedos em garra, ou um arco plantar muito alto. Além disso, um exame neurológico cuidadoso pode detectar desequilíbrios na força muscular ou nos reflexos que podem indicar um problema que envolve o cérebro ou medula espinal.

O médico pode recomendar exames, como o raio-X para ajudar a determinar a causa exata da claudicação do seu filho. O raio-X será feito em áreas do corpo onde existe dor, inchaço, ou perda de amplitude de movimento.

Se os raios X estiverem normais e a causa da claudicação não for clara, um TAC pode ser útil para detetar uma fratura subtil, uma infeção óssea, ou um tumor ósseo.
A ressonância magnética (RM) poderá ser indicada se a dor do seu filho é bem localizada, mas os raios-x dão normais. A RM pode mostrar inflamação das articulações, fraturas, infecções e tumores ósseos.
Uma ecografia dos tecidos moles pode ser pedida para procurar liquido numa articulação. Isso é particularmente útil para a anca, onde o inchaço é difícil de ver.

Estudos de laboratório
Os estudos de laboratório são particularmente úteis em condições inflamatórias, tais como doenças virais, e pode ser útil para identificar a causa de inchaço das articulações por artrite reumatóide juvenil ou a doença de Lyme.






Sawyer JRKapoor MThe limping child: a systematic approach to diagnosis. Am Fam Physician. 2009 Feb 1;79(3):215-24.

Fisioterapia baseada na evidência para a vertigem posicional paroxística benigna – estudo de caso clínico

A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é normalmente atribuída à deposição de cristais de cálcio circulantes (otólitos) em 1 dos 3 canais semicirculares do ouvido interno (canalitíase), mais frequentemente no canal semicircular posterior, ou à aderência desses cristais à cúpula do canal semicircular (cupulolitíase).

Existem vários tipos diferentes de VPPB, sendo que a canalitíase do canal posterior ocorre mais frequentemente (cerca de 85% a 95% de todos os casos). Isto deve-se a este canal estar na posição mais dependente da gravidade quando a pessoa está em pé ou em decúbito dorsal, tendo de se mover contra a força gravitacional para que os otólitos saiam de forma espontânea deste canal.

Embora os sintomas só durem cerca de 60 segundos de cada vez, 80% dos pacientes apresentam nistagmo rotativo e 47% queixam-se de uma sensação de enjoo com atividades como rolar na cama, extensão da coluna cervical e flexão do tronco.

A VPPB é a desordem vestibular mais comum de todas e inicia-se frequentemente entre os 50 e os 70 anos. Nesta faixa etária o número de crises de VPPB afecta cerca de 15% da população/ano; no entanto, essa taxa aumenta se a VPPB for secundária a traumatismo craniano.

O padrão ouro para o diagnóstico da VPPB inclui a presença de nistagmo durante o teste posicional, especificamente o Dix-Hallpike para canal posterior. Um resultado positivo para a Dix-Hallpike inclui uma breve latência dos sintomas por 1 a 5 segundos, seguido nistagmo de até 60 segundos. Com a repetição do teste os sinais tornam-se menos intensos.

A consequência mais significativa de VPPB não tratada, especialmente em adultos mais velhos, é o aumento da probabilidade de quedas devido a um reduzido sentido de equilíbrio.

Apresentação do caso clínico


  • Paciente mulher de 74 anos, que se apresentou com tonturas que duravam há já 2 meses.
  • Ela relatou que a sensação de tontura ocorreu pela primeira vez, enquanto observa a sua neta a jogar um jogo de vídeo.
  • Os sintomas de “cabeça a andar à roda” e náusea eram piores quando entrava e saía da cama, mas também ocorreram ao olhar para baixo para ler ou quando olhou para cima para trocar uma lâmpada.
  • Embora a sensação tenha sido descrita como grave, a paciente admitiu que os sintomas duraram menos de 1 minuto antes de desaparecer, e, se evitasse muitos movimentos e mudanças da posição da cabeça conseguia evitar os sintomas.
  • A paciente negou qualquer perda de audição, zumbido, dores de cabeça ou dor de garganta. Não tem histórico de hipertensão nem apresenta qualquer hipotensão ortostática.
  • Como a paciente não preenchia os critérios típicos para outras doenças otológicas ou neurológicas (tabelas abaixo), o diagnóstico diferencial foi reduzido a VPPB do canal posterior do tipo canalitíase.

  • Devido a isso, um plano de exame foi feito, que incluiu o Dizziness Handicap Inventory (DHI) e a manobra de Dix-Hallpike, que deu positivo.
  • No início do seu atendimento em fisioterapia, a pontuação DHI era 14/100 com pontos obtidos devido a respostas positivas para olhar para cima, inclinar-se e movimentos rápidos da cabeça. Também tinha dificuldade entrar e sair da cama e expressou frustração com esses sintomas.

Tratamento e resultados


A paciente foi informada e concordou com o diagnóstico, prognóstico e plano de cuidados da fisioterapeuta. Ela foi vista por 2 vezes adicionais ao longo de 3 semanas.

A paciente foi tratada com a manobra de Epley para a canalitíase do canal posterior do lado direito nas primeira e segunda visitas; as manobras posturais e de Epley foram repetidas na segunda visita porque ela ainda tinha um Dix-Hallpike positivo na segunda sessão.



Na terceira sessão essa manobra já era negativa.

Na sua terceira sessão em 4 semanas a paciente foi considerada sem VPPB por Dix-Hallpike negativo, tendo também relatado abolição das queixas subjetivas. Foi-lhe facultado material de educação para possível recorrência da VPPB, de acordo com as diretrizes da prática clínica baseada na evidência e foi dada alta à paciente.

Em 4 semanas, a paciente tinha retomado as leituras que fazia para a neta, tinha mudado lâmpadas, e aumentou a facilidade com que se movia na cama e com que fazia movimentos do pescoço, flexão tronco e estabelece supina vertigem ou náusea deixaram de ser produzidas. A sua pontuação DHI reduziu para 0/100, que estava dentro da diferença clinicamente significativa de 11 pontos, e continuava negativa para o teste de Dix-Hallpike.


Wahlgren A, Palombaro K. Evidence-based physical therapy for BPPV using the International Classification of Functioning, Disability and Health model: a case report. J Geriatr Phys Ther. 2012 Oct-Dec;35(4):200-5

Mobilização e alongamento vs injeção de corticoesteróide no tratamento da fascite plantar

Um estudo publicado recentemente na Foot Ankle International comparou a eficácia da mobilização articular combinada com exercícios de alongamento (MA & EA) vs injeção de corticoesteróides (IC) no tratamento da fasceite plantar (FP). 

Um total de 43 pacientes (idade média 45,5 ± 8,5 anos, variando entre 30-60 anos; 23 do sexo feminino) com FP foram aleatoriamente designados para receber ou MA & EA (n = 22) ou ICs (n = 21). 

MA & EA foram aplicados 3 vezes por semana durante 3 semanas para um total de 9 consultas de fisioterapia (ver Protocolo de reabilitação para fasceite plantar). O grupo IC recebeu uma injecção no início do estudo. 

As capacidades funcionais dos pacientes foram avaliadas através do Foot and Ankle Ability Measure (FAAM), e a dor foi avaliada utilizando a Escala Visual Analógica (EVA). Os resultados destes testes foram recolhidos no início deste estudo e em follow-ups às 3 semanas, 6 semanas, 12 semanas e 1 ano.

Os resultados demonstraram melhorias significativas no alívio da dor e resultados funcionais de ambos os grupos às 3, 6 e 12 semanas de follow-ups comparativamente à linha de partida. Na comparação entre grupos, no follow-up de 1 ano, os resultados funcionais e de dor foram significativamente melhores apenas no grupo MA & EA, enquanto que nas 3, 6 e 12 semanas o grupo IC conseguiu melhores resultados no alívio da dor e resultados funcionais. 

Este estudo demonstrou que, embora ambos os grupos tenham alcançado melhorias significativas às 3, 6 e 12 semanas de follow-ups, o grupo IC apresentou melhores resultados, enquanto que apenas o grupo MA & EA conseguiu que essas melhorias fossem mantidas no tempo entre as 12 semanas e o 1 ano.


Celik D, Kuş G, Sırma SÖ.. Joint Mobilization and Stretching Exercise vs Steroid Injection in the Treatment of Plantar Fasciitis: A Randomized Controlled Study. Foot Ankle Int 2015 Sep 23

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Plano de exercícios para tendinites no punho


Aqui estão alguns exemplos de exercícios de reabilitação típicos para tendinites do punho.Comece cada exercício lentamente. Se começar a ter dor interrompa o plano.O seu médico ou fisioterapeuta irão dizer-lhe quando pode começar estes exercícios e quais deles irão funcionar melhor para si.Faça Download do pdf para impressão, já com a descrição escrita dos exercícios.

1. Flexão e extensão do punho



2. Prono-supinação do antebraço




3. Desvio cubital e radial do punho


4. Alongamento dos flexores do punho


5. Alongamento dos extensores do punho


Os cuidados de acompanhamento são uma parte fundamental do seu tratamento e segurança. Não deixe de comparecer a todos os tratamentos de fisioterapia agendados.

Faça Download do pdf para impressão, já com a descrição escrita dos exercícios.

domingo, 22 de novembro de 2015

Mobilização neurodinâmica em pacientes com fibromialgia

Um estudo publicado recentemente na Archives of Physical Medicine and Rehabilitation procurou examinar os efeitos de um programa de mobilização neurodinâmica activa na dor, neurodinâmica, auto-percepção do estado de saúde e fadiga em pacientes com fibromialgia

Foram incluídos 48 pacientes neste estudo, alocados aleatoriamente para um programa de mobilização neurodinâmica activa ou para um grupo de controlo, as intervenções foram realizadas duas vezes por semana e incluem os exercícios descritos na imagem.

A dor foi avaliada com o "Brief pain inventory"; a neurodinâmica foi avaliada por meio de testes neurodinâmicos para membros superiores e inferiores. O estado funcional foi avaliado com o Índice de Incapacidade Health Assessment Questionnaire Disability Index e a fadiga auto-percebida foi avaliada com a Fadigue Severety Scale.

Entre os dois grupos-se verificaram-se diferenças significativas nos valores de dor, neurodinâmica dos membros superiores e inferiores, no estado funcional, e fadiga. Pelo que se concluiu que um programa de mobilização neurodinâmica activa é eficaz na melhoria da dor, neurodinâmica, estado funcional e fadiga em pacientes com fibromialgia.


Torres JR, Martos IC, Sánchez IT, Rubio AO, Pelegrina AD, Valenza MC.. Results of an Active Neurodynamic Mobilization Program in Patients With Fibromyalgia Syndrome: A Randomized Controlled Trial.. Arch Phys Med Rehabil 2015; 96(10)

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Manipulação no tratamento de dor lombar - norma de orientação clínica

Objetivo: 

Identificar pacientes com dor lombar que provavelmente irão melhorar com a manipulação da coluna vertebral.

Norma:

  1. Duração dos sintomas <16 dias
  2. Pelo menos uma anca com > 35° de rotação interna
  3. Hipomobilidade lombar 
  4. Ausência de sintomas distais ao joelho
  5. Fear-avoidance beliefs questionnaire - work subscale com pontuação <19
Probabilidade de sucesso






Childs JD, et al. A clinical prediction rule to identify patients with low back pain most likely to benefit from spinal manipulation: a validation study. Ann Intern Med. 2004; 141(12): 920-8.
Cleland JA, et al. The Use of a Lumbar Spine Manipulation Technique by Physical Therapists in Patients Who Satisfy a Clinical Prediction Rule: A Case Series. J Orthop Sports Phys Ther. 2006; 36(4): 209–214.
Flynn T, et al. A clinical prediction rule for classifying patients with low back pain who demonstrate short-term improvement with spinal manipulation. Spine. 2002; 27(24): 2835-43.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Algoritmo de classificação da dor lombar para selecção da abordagem terapêutica

A abordagem de tratamento segundo a classificação da dor lombar descreve o modelo segundo o qual o clínico toma decisões de tratamento com base na apresentação clínica do paciente. 

O objetivo principal desta abordagem é identificar características de base que predizem a capacidade de resposta positiva a quatro estratégias diferentes de tratamento. 

Primeiro nível de classificação: Esta etapa consiste em determinar se o caso é adequado para serviços de fisioterapia, ou se é necessário um encaminhamento para outros profissionais.



Segundo nível de classificação: Esta etapa envolve a determinação da gravidade da condição e do grau de incapacidade do paciente.


  • Fase I é a fase aguda, onde o objetivo é o alívio dos sintomas.
  • Fase II é a fase subaguda quando o alívio dos sintomas e rápido retorno à função normal são incentivados.
  • Fase III é para aqueles que devem retornar atividades físicas exigentes, mas demonstraram má condição física.


Terceiro nível de classificação: Esta etapa envolve a classificação do paciente em uma das quatro categorias (manipulação, estabilização, exercício específico ou tração) de forma a direcionar o seu tratamento com base nos seus sinais/sintomas.


Subgrupos


Manipulação
O tratamento para esta categoria inclui tipicamente mobilização e/ou manipulação, bem como exercícios de amplitude de movimento. Os pacientes que se enquadram nesta categoria tipicamente seguem os seguintes critérios: início recente dos sintomas, os sintomas localizados apenas nas costas, hipomobilidade na coluna lombar, pontuações baixas no "Fear-avoidance belief questionnaire". Se o paciente se enquadrar na norma de orientação clínica para manipulação lombar.

Estabilização
O tratamento para esta categoria inclui exercícios que focam fortalecimento do tronco e/ou de controlo motor. Isto poderia incluir exercícios direcionados para o transverso abdominal e erctores da espinha bem como o reforço generalizado do tronco. Os pacientes que se enquadram nessa categoria normalmente seguem os seguintes critérios: mais jovens em idade, teste de instabilidade lombar positivo, movimentos aberrantes, SLR >90 graus, episódios recorrentes. Se o paciente se enquadrar na norma de orientação clínica para estabilização lombar.

Exercício específico
O tratamento para esta categoria inclui exercícios ou intervenções manuais que se concentram em centralizar e abolir sintomas do paciente. O tratamento mais comum incluiria uma forma de extensão lombar repetida e/ou mantida. Em alguns casos, exercícios de deslizamento lateral ou flexão repetida/mantida poderão ser mais indicados. Os pacientes que se enquadram nessa categoria tipicamente irão seguir os seguintes critérios: sintomas que irradiam para a extremidade inferior, uma forte preferência por ou estar sentado ou estar a caminhar, centralização e periferização com os movimentos repetidos da coluna lombar.

Tração
O tratamento para esta categoria inclui tração lombar manual e/ou mecânica. Os pacientes que se enquadram nesta categoria normalmente seguem os seguintes critérios: dor irradiada para o membro inferior, periferização dos sintomas com extensão, reprodução dos sintomas ao executar o SLR no membro sem sintomas.


Hebert JJ1, Koppenhaver SL, Walker BF. Subgrouping patients with low back pain: a treatment-based approach to classification. Sports Health. 2011 Nov;3(6):534-42.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Desenvolvimento do bebé pré-termo

Primeiro que tudo, o que é um bebé pré-termo (ou prematuro)?

É um bebé que nasce pelo menos três semanas antes da data de gestação completa, ou seja, com menos do que 37 semanas - o termo completo é de 40 semanas. 
Ao contrário do que foi advogado por alguns durante vários anos, especialmente com o aumento do número de cesarianas praticadas, as ultimas semanas de gravidez não devem ser negligenciadas e englobam fases importantes do crescimento do feto.

Dependendo de quão cedo o bebé nasce, ele ou ela pode ser:

  • Prematuro tardio, nascidos entre 34 e 37 semanas de gravidez
  • Muito prematuros, nascidos com menos de 32 semanas de gravidez
  • Extremamente prematuros, nascidos com menos de 25 semanas de gravidez


A maioria dos nascimentos prematuros ocorre na fase de pré-termo tardia. Devido a muitos avanços recentes, mais de 90% dos bebés prematuros que pesam 800 gramas ou mais sobrevivem. Aqueles que pesam mais de 500 gramas têm uma hipótese de mais de 60% de sobrevivência, embora a probabilidade de complicações seja maior.

Quanto mais cedo o bebé nasce, mais graves serão os seus problemas de saúde. Embora os bebés nascidos muito prematuros sejam uma pequena percentagem de todos os nascimentos, esses prematuros extremos representam uma grande proporção do número de mortes infantis. Alguns bebés prematuros necessitam de cuidados especiais e passar semanas ou meses internados numa unidade de cuidados intensivos neonatais.

E o que acontece depois?

Os prematuros necessitam muitas vezes de cuidados especiais após sair da unidade de cuidados intensivos neonatais. Além das visitas regulares ao enfermeiro e médico de família, é dada atenção especial ao desenvolvimento do sistema nervoso, incluindo a aquisição das habilidades motoras, como sorrir, sentar, e andar, bem como a postura e o tónus muscular. Para além disso devem realizar exames auditivos e oculares periódicos.

A Fala e o desenvolvimento comportamental também são áreas importantes durante o acompanhamento. Alguns bebés prematuros podem necessitar de terapia da fala ou fisioterapia à medida que crescem.

Marcos do desenvolvimento neonatal dos prematuros:


Semana 22 da gravidez (idade gestacional)
  • Lanugo (penugem característica do feto) cobre o corpo inteiro.
  • Aparecem as sobrancelhas e cílios.
  • Aparecem as unhas nos dedos das mãos e pés.
  • O bebé está mais ativo com maior desenvolvimento muscular.
  • A mãe pode sentir o bebé a mover-se.
  • O batimento cardíaco fetal pode ser ouvido com um estetoscópio.


Semanas 23 a 25 de gestação (idade gestacional)
  • A medula óssea começa a produzir glóbulos.
  • As vias aéreas inferiores dos pulmões desenvolvem-se, mas ainda não produzem surfactante (uma substância que permite que os alvéolos se abram para que ocorram as trocas gasosas).
  • O bebé começa a armazenar gordura.


Semana 26 da gravidez (idade gestacional)
  • Sobrancelhas e cílios estão bem formados.
  • Todas as partes do olho estão desenvolvidas.
  • O bebé tem o reflexo de moro e de preensão palmar.
  • As pegadas e impressões digitais estão a formar-se.
  • Formam-se os alvéolos pulmonares.


Semanas 27 a 30 de gestação (idade gestacional)
  • Rápido desenvolvimento cerebral.
  • Sistema nervoso desenvolvido o suficiente para controlar algumas funções do corpo.
  • As pálpebras abrem e fecham.
  • Sistema respiratório, embora imaturo, desenvolvido ao ponto de as trocas gasosas serem possíveis.


Semanas 31 a 34 de gestação (idade gestacional)
  • Um rápido aumento na quantidade de gordura corporal ocorre.
  • Movimentos respiratórios rítmicos ocorrem, mas os pulmões não estão totalmente maduros.
  • Os ossos estão totalmente desenvolvidos, mas ainda são maleáveis.
  • O corpo do bebé começa a armazenar ferro, cálcio e fósforo.


Semana 38 da gravidez (idade gestacional)
  • Lanugo começa a desaparecer.
  • Aumenta a gordura corporal.
  • Unhas chegam às pontas dos dedos.


Semanas 39 a 42 de gestação (idade gestacional)
  • Lanugo desaparece exceto nos braços e ombros.
  • Unhas estendem-se para além das pontas dos dedos.
  • Pequenos brotos mamários estão presentes em ambos os sexos.
  • Cabelo agora é mais forte e espesso.




Cunningham FG, Leveno KJ, Bloom SL, et al. Fetal growth and development. In: Cunningham FG, Leveno KL, Bloom SL, et al, eds.Cunningham FG, Leveno KJ, Bloom SL, et al. Fetal growth and development. In: Cunningham FG, Leveno KL, Bloom SL, et al, eds. Williams Obstetrics. 23rd ed. New York, NY: McGraw-Hill; 2010:chap 4.

Ross MG, Ervin MG, Novak D. Placental and Fetal Physiology. In: Gabbe SG, Niebyl JR, Simpson JL, eds.Ross MG, Ervin MG, Novak D. Placental and Fetal Physiology. In: Gabbe SG, Niebyl JR, Simpson JL, eds. Obstetrics: Normal and Problem Pregnancies. 6th ed. Philadelphia, Pa: Saunders Elsevier; 2012:chap 2.



terça-feira, 10 de novembro de 2015

Plano de exercícios para dor lombar

Aqui estão alguns exemplos de exercícios de reabilitação típicos para dor lombar.
Comece cada exercício lentamente. Se começar a ter dor interrompa o plano.
O seu médico ou fisioterapeuta irão dizer-lhe quando pode começar estes exercícios e quais deles irão funcionar melhor para si.
Faça Download do pdf para impressão, já com a descrição escrita dos exercícios.

1. Pressão com os cotovelos

2. Extensão de perna e braço alternados

3. Joelho ao peito 

 4. Movimento de tilt da pélvis

5. Alongamento dos ísquio-tibiais


6. Alongamento dos flexores da anca














Os cuidados de acompanhamento são uma parte fundamental do seu tratamento e segurança. Não deixe de comparecer a todos os tratamentos de fisioterapia agendados.

Faça Download do pdf para impressão, já com a descrição escrita dos exercícios.

Tratamento imediato após cirurgia de coluna lombar usando a abordagem “graded motor imagery”: estudo de caso clínico

No nosso cérebro existem “mapas” de representação de todo o nosso corpo que são mantidos ao longo da vida preservando a sua plasticidade, ou seja, podem ser estimulados e melhorados ou negligenciados e piorarem por, por exemplo, diminuição do movimento e/ou dor.

A nova abordagem Graded motor imagery (GMI), que utiliza vários processos táteis e cognitivos (discriminação direita esquerda; imagética; terapia com espelho), tem demonstrado eficácia na diminuição da dor, incapacidade e restrições de movimento devido a dor músculo-esquelética.

No entanto, existe pouca informação sobre as alterações corticais em pacientes que se submetem a cirurgia lombar, assim como do efeito terapêutico do GMI nestes pacientes.


Apresentação do caso clínico

Um paciente de 56 anos de idade foi submetido a cirurgia lombar devido a dor lombar, dor nas pernas e défice neurológico progressivo. Imediatamente após a cirurgia iniciou um programa de seis sessões de fisioterapia com uma abordagem de GMI.

Vinte e quatro horas antes e 48 horas após a cirurgia foram gravadas várias medidas psicométricas, de movimento físico e acuidade tátil. Apesar do aumento previsível pós-operatório na dor, receio de mover, disfuncionalidade e restrições do movimento, o limiar de dor à pressão, a discriminação de dois pontos e acuidade tátil foram bastante melhorados.

Os resultados revelaram que as técnicas aplicadas imediatamente após a cirurgia causaram melhorias acentuadas no movimento (melhoria média/sessão na flexão de 3.3 cm; no straight-leg-raise média 8,3°/sessão) e um efeito hipoalgésico imediato.


A GMI pode fornecer aos fisioterapeutas uma terapêutica “hands-off” que seja apropriada para o paciente na fase pós-operatória aguda e que seja benéfica na melhoria do prognóstico.


Louw A, Schmidt SG, Louw C, Puentedura EJ.. Moving without moving: immediate management following lumbar spine surgery using a graded motor imagery approach: a case report.. Physiother Theory Pract 2015; 31(7)

domingo, 8 de novembro de 2015

Ultra-som terapêutico na melhoria da dor e função física do joelho com osteoartrite: revisão sistemática e metanálise

O ultra-som tem sido utilizado há mais de seis décadas, tendo demonstrado um longo histórico de segurança e eficácia em inúmeras aplicações clínicas, nomeadamente em tratamentos para a osteoartrose do joelho, com poucos casos documentados de efeitos adversos.


Este estudo, publicado na Clinical Rehabilitation em Outubro deste ano, faz uma revisão sistemática procurando artigos científicos nas bases de dados: CENTRAL, Embase, MEDLINE, CINAHL, Fisioterapia Evidence Database. 

Dez ensaios clínicos randomizados (num total de 645 pacientes, submetidos a tratamentos de ultra-sons com frequências de 1MHZ, modo continuo ou pulsado,  com intensidade entre 1-1,5W/cm2, e tempos de exposição entre 3-5 minutos) preencheram os critérios de inclusão desta metanálise. 


Resultados


O ultra-som terapêutico mostrou um efeito positivo sobre a dor. Para a função física, o ultra-som terapêutico foi vantajoso na redução do Western Ontario and McMaster Universities physical function Score.

Em termos de segurança, nenhuma ocorrência de eventos adversos causados ultra-som foi relatada. 

Os autores sugerem que o ultra-som terapêutico é benéfico para reduzir a dor do joelho e melhorar as funções físicas em pacientes com osteoartrite do joelho e deverá ser um tratamento seguro.


Zhang C, Xie Y, Luo X, Ji Q, Lu C, He C, Wang P.. Effects of therapeutic ultrasound on pain, physical functions and safety outcomes in patients with knee osteoarthritis: A systematic review and meta-analysis.. Clin Rehabil 2015 Oct 8