As
facetas interapófisárias existem na parte posterior das vértebras e são
responsáveis pela articulação de uma vértebra com as suas adjacentes (superior
e inferior). Estas articulações trabalham em conjunto com os discos intervertebrais para formar uma unidade
de funcional, permitindo o movimento da
coluna vertebral e dando ao mesmo tempo estabilidade a esta estrutura através
dos seus ligamentos.
Ao longo da coluna os ângulos e orientações das
facetas interapofisárias vão mudando, alterando
também os graus de movimento
possíveis em cada região da coluna vertebral.
Durante certos movimentos da
coluna vertebral, alongamento ou forças compressivas
são aplicadas sobre as articulações interapofisárias. Se estas forças forem excessivas e para além do que a articulação consegue suportar, pode ocorrer lesão das facetas
articulares. Isto pode implicar danos na cartilagem que reveste a faceta ou ruptura do tecido conjuntivo que envolve a articulação.
A síndrome das facetas interapofisárias ocorre
normalmente devido a um movimento de flexão excessiva, a movimentos de torção combinada com
flexão ou a posições mantidas em anteriorização da cabeça, também poderão resultar de um traumatismo directo no pescoço,
sobre a região da articulação.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
É frequente em pacientes que conduzem bastante, passam
longos períodos de tempo ao computador ou com profissões que obriguem a uma
hiperextensão mantida da coluna cervical. O ataque normal de dor aguda
no pescoço que envolve as facetas articulares ocorre de repente e sem aviso prévio. É comum a pessoa referir por exemplo que esteve a pendurar um
candeeiro no tecto e que depois já não conseguiu mexer o pescoço.
Os sintomas mais comuns associados a esta condição são espasmos musculares adjacentes à
área de lesão, provocando uma alteração de alinhamento vertebral e uma postura
de defesa característica.
Os sintomas podem variar muito e ser confundidos com uma hérnia discal, já que a dor também poderá irradiar ao longo dos
membros superiores.
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica,
exame da coluna vertebral são necessários para ajudar no diagnóstico de uma
síndrome das facetas interapófisárias. A confirmação do diagnóstico muitas vezes começa com um raio-X à coluna cervical, no entanto, é muitas vezes
efectuada a ressonância magnética (RM) de forma a descartar processos degenerativos ou alterações estruturais que comprometam o trajecto dos nervos
que saem da coluna.
Tratamento
Numa fase inicial, em que os sintomas estão bastante exacerbados o
tratamento deve incluir:
- Repouso no leito, numa posição que seja confortável
- Deverá aconselhar-se com o seu médico antes de iniciar qualquer medicação. Nos casos de dor persistente a medicação analgésica, quando tomada de uma forma regular durante um período determinado de tempo poderá ajudá-lo a manter-se activo.
- O paracetamol é geralmente suficiente se tomado de forma regular. Para um adulto, isto significa 1000 mg (geralmente dois comprimidos de 500 mg), quatro vezes ao dia.
- Analgésicos anti-inflamatórios. Eles incluem o ibuprofeno, o diclofenaco ou naproxeno.
- Um relaxante muscular, como o diazepam é prescrito às vezes por alguns dias, se os músculos das costas estiverem muito tensos e desencadearem a dor.
- A aplicação de calor local ou um banho quente pode ajudar a aliviar os espasmos musculares
Após a fase aguda
deve ser iniciado um plano de tratamento em fisioterapia, que deverá incluir:
- Manter-se activo: No passado, o conselho era para descansar até que a dor aliviasse. Sabe-se agora que isso está errado. Continuar com as actividades normais na medida do possível torna a recuperação mais rápida e diminui a probabilidade de desenvolver dor crónica. Como regra, não faça nada que cause muita dor. No entanto, terá que aceitar algum desconforto numa fase inicial. Não há nenhuma evidência que comprove que um colchão firme é melhor do que qualquer outro tipo de colchão para as pessoas com dor nas costas.
- Electroterapia: correntes interferenciais e ultra-som na região dos ligamentos posteriores da articulação, com o objectivo de reduzir o edema e controlar a inflamação.
- Mobilização e manipulação articular, com o objectivo de realinhar a articulação e de lhe restaurar a normal mobilidade. Devem ser realizadas por profissionais experientes e apenas após a confirmação do diagnóstico.
- Um plano de exercícios terapêuticos deverá ser elaborado pelo seu fisioterapeuta de forma a fortalecer os músculos que suportam a coluna e estimular os estabilizadores.
Exercícios terapêuticos para a síndrome das facetas interapofisárias
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma
síndrome das facetas interapofisárias. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição
de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Adução das omoplatas
Em pé ou sentado,
com os cotovelos dobrados. Puxe os ombros e cotovelos para trás e para baixo.
Mantenha a posição durante 8 segundos. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Correcção postural da cervical e ombros
Em pé ou sentado, rode os
ombros para trás e para baixo, enterre o queixo e imagine que tem uma linha a
puxar-lhe o topo da cabeça. Mantenha esta posição durante 20 segundos.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Flexão/extensão da coluna vertebral
De joelhos, apoiado nas palmas
das mãos, que estão alinhadas com os ombros. Inspire fundo, enquanto deixa a
coluna arquear em direcção ao chão e roda a cabeça para a frente. Expire
completamente, enquanto contrai os abdominais e enrola a coluna e pescoço.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
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