Entrevista com:
Prof. Doutor Daniel Marinho
P.: Uma das suas áreas de
investigação relaciona-se com métodos de melhoria da performance desportiva,
nomeadamente na natação. Atualmente debate-se a questão das alterações
fisiológicas decorrentes do excesso de treino, sobretudo nos jovens
atletas, acarretando muitas vezes implicações para o seu normal desenvolvimento
e saúde. Pode dar-nos a sua opinião sobre este tema?
Obrigado pela questão. Na minha
opinião a prática desportiva é muito importante e tem vantagens muito grandes
no desenvolvimento físico, mental e emocional de um jovem. Contudo, é preciso
estar muito atento aos sinais de fadiga, ao aparecimento de lesões e alguma contraindicação
que possa haver. Em qualquer dos casos, é minha opinião que um processo
controlado e bem orientado tem mais vantagens do que desvantagens.
P.: A prática desportiva é
inquestionavelmente um fator de desenvolvimento pessoal a vários níveis,
sobretudo para as crianças e jovens. Que conselhos práticos pode dar aos pais
que pretendem que os seus filhos pratiquem algum tipo de desporto? Desportos
individuais ou coletivos, devem os pais deixar escolher ou apresentar opções
aos filhos?
Tal como referi, a prática
desportiva é essencial no desenvolvimento. A escolha da modalidade/variante
deve ser algo definido entre os pais e os filhos, tendo em conta os gostos
deles, grupo de amigos, e as condições existentes para essa prática.
Fundamentalmente, as crianças não devem estar obrigadas a praticar algo, o que
não quer dizer que por vezes os pais não tenham que insistir ou levar a
que a criança sinta essa vontade (uma questão de educação).
P.: Foi recentemente distinguido como Melhor
investigador do Ano pela International Society of Swimming Coaching, sendo
reconhecido o seu envolvimento direto, e da sua equipa, com atletas e o trabalho
"fora do laboratório", o que entende que pode ser melhorado no
panorama investigação em Portugal para agilizar o processo de aplicação do
conhecimento científico à prática?
Excelente questão. Fundamentalmente é
envolver as pessoas que estão no terreno. Tentar perceber de que forma a
investigação pode ajudar os técnicos desportivos, perceber o que pode ser uma
mais-valia para os técnicos e atletas. E depois fazer o trabalho de formação
com esse técnicos, ajudando-os, se necessário, na aplicação desses dados no
terreno.
P.: Para terminar, algum novo projeto
de investigação nesta área que pensa merecer especial atenção? Ou sugestão de
temas que seriam interessantes investigar no futuro?
Para mim em particular, quero
continuar nesta área de investigação. Contudo, temos alguns projetos em
andamento (outros em projeto apenas) nomeadamente da aplicação da dinâmica
computacional de fluidos na natação e noutras atividades aquáticas (canoagem,
remo, por exemplo). Para além disso, não só a questão do treino é importante.
Temos alguns projetos sobre os efeitos de diferentes práticas desportivas, por
exemplo, o efeito de aulas de hidroginástica, de diferentes programas de atividade
(mais volume, mais intensidade, ...) na condição física.
Daniel Marinho
Professor na Universidade da Beira
Interior
Licenciado em desporto e educação
física pela UP
Doutorado em ciências do desporto pela UTAD, docente na
universidade da beira interior.
Treinador de natação.
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