quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Dor de cabeça de origem cervical


A dor de cabeça (ou cefaleia) de origem cervical é a dor provocada por lesões/disfunções nas estruturas da coluna cervical que irradia para a cabeça.
Geralmente este tipo de cefaleias afecta apenas um lado da cabeça e pode localizar-se mais na base da nuca, se a coluna cervical inferior estiver afectada, ou irradiar pelo lado da cabeça até à região superior do olho.
Estudos indicam que as vértebras C2-C3 são a fonte mais comum de cefaleia de origem cervical, representando cerca de 70% dos casos.
As estimativas da prevalência de cefaleia de origem cervical variam de 1% a 4% na população geral e cerca de 17% entre os pacientes com dores de cabeça severas. Após distensão traumática da coluna cervical cerca de 53% dos pacientes desenvolverão dor de cabeça de origem cervical. Elevados níveis de stress também são um factor de risco para esta condição, devido ao aumento de tensão muscular na região do pescoço e ombros.


Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor que começa no pescoço e se irradia para a região da nuca e/ou frontal, e para o ombro ipsilateral.
  • Dor que é agravada pelo movimento do pescoço ou em posições mantidas, como ao computador.
  • Formigueiro ou dormência desde a base do pescoço à base da nuca.
  • Por vezes existe uma sensação de latejar que percorre a nuca pelo lado da cabeça até à região superior do olho.

O diagnóstico é orientado para descartar outras possíveis origens para essa dor de cabeça e para descobrir qual é a disfunção cervical que está a causar a dor. Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica completa, exame neurológico e motor da cervical e ombro, é geralmente suficiente para o diagnóstico.


Tratamento

            Numa fase inicial, em que os sintomas estão bastante exacerbados o tratamento deve incluir:
  • Repouso no leito, se necessário, numa posição que seja confortável
  • Segundo estudos recentes a medicação analgésica e anti-inflamatória não revela qualquer efeito benéfico nesta condição
  • A aplicação de calor local na cervical ou um banho quente pode ajudar a aliviar os espasmos musculares e a relaxar as restantes estruturas.
  • Certifique-se de que mantém uma boa postura. Verifique se a sua posição sentada, no trabalho ou no computador é a mais correcta (com a cabeça alinhada com as costas e o ecrã em frente à linha dos olhos). 

RPG e Pilates poderão melhorar a postura do pescoço, mas o seu valor no tratamento da dor não é certo.
Os benefícios das mobilizações e manipulações são bastante discutíveis e muitas vezes os resultados obtidos não são os esperados, sobretudo quando se tratam das primeiras vértebras cervicais. Deverão ser realizadas por profissionais experientes e apenas após a confirmação do diagnóstico.
          Após a fase aguda devem ser realizados todos os testes e avaliações necessários para diagnosticar qual a origem dos sintomas e prosseguir com o tratamento mais adequado para cada um dos casos (hérnia discal cervical; alterações degenerativas da coluna cervical; síndrome postural; distensão traumática da coluna cervical).

Veja aqui um estudo de caso clínico.

Exercícios terapêuticos para dores de cabeça de origem cervical

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de cefaleias originadas por disfunção na cervical. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.

 

Correcção postural da cervical e ombros
Em pé ou sentado, rode os ombros para trás e para baixo, enterre o queixo e imagine que tem uma linha a puxar-lhe o topo da cabeça. Mantenha esta posição durante 20 segundos.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.
  




 Flexão/extensão da coluna vertebral
De joelhos, apoiado nas palmas das mãos, que estão alinhadas com os ombros. Inspire fundo, enquanto deixa a coluna arquear em direcção ao chão e roda a cabeça para a frente. Expire completamente, enquanto contrai os abdominais e enrola a coluna e pescoço.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma. 



 Alongamento da cadeia posterior
Sentado, com os braços atrás da cadeira, estique lentamente a perna puxando a ponta do pé para si. Mantenha a posição durante 8 segundos. Repita com a outra perna.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.



 Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
  

1 comentário:

João Moreira disse...

A abordagem de Dean Watson não seria de importante divulgação?

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