Entrevista
com:
Prof.
Doutor Fernando Ribeiro
P.:
O que acha da realidade da investigação em fisioterapia em Portugal?
R.: Os últimos anos têm sido profícuos no que
respeita à produção científica na área da Fisioterapia em Portugal. Uma
pesquisa rápida, por exemplo, na Pubmed permite localizar vários trabalhos de
investigação realizados nesta área em Portugal ou em parcerias internacionais.
De facto, temos hoje um número muito razoável de fisioterapeutas que
regularmente publicam em revistas internacionais, com excelente fator de
impacto, o produto da sua investigação. Na minha opinião, felizmente a produção
de conhecimento nesta área continuará a crescer nos próximos anos na exata
medida em que o número de fisioterapeutas com grau de doutor também crescerá.
P.:
Para o doente nem sempre é fácil a decisão de aceitar fazer parte de uma investigação, sobretudo porque se trata da sua saúde, as dúvidas e receios são
sempre redobrados. O que pode dizer aos nossos leitores que estejam nessa
situação?
Posso dizer que na investigação existe um conjunto
de regras e princípios éticos que devem ser sempre observados e respeitados. Os
projetos de investigação têm que ser aprovados por uma comissão de ética que é
um garante da observância e promoção de padrões éticos em todas as etapas do processo
científico. Para além disso, todos os projetos de investigação a envolver seres
humanos devem incluir um Consentimento Informado e todas as dúvidas deverão ser
esclarecidas pelo investigador. Deixe-me dar-lhe alguns exemplos: quando se
solicita a participação num projeto de investigação para além das informações
sobre o projeto, devem ser descritos os desconfortos e riscos prováveis,
inclusivamente o tempo de duração previsto para o envolvimento do voluntário no
estudo; devem ser apresentados os benefícios que podem ser esperados com a
realização do projeto; devem ser esclarecidas as alternativas que existem para
a sua situação clínica; deve ser assegurado que o voluntário tem o direito de
não participar ou de se retirar do estudo, a qualquer momento, sem que isto
represente qualquer tipo de prejuízo no seu tratamento presente ou futuro;
devem ser dadas garantias de confidencialidade e privacidade às informações
recolhidas; etc..... Inclusivamente as formas de ressarcimento das despesas
decorrentes da participação no projeto, caso existirem, devem ser explicitadas
(por exemplo, despesas de deslocação).
P.:
Para terminar, algum novo projeto de investigação na calha? Ou sugestão de
temas que pensa serem interessantes investigar no futuro?
R.: Presentemente, temos em curso alguns projetos
financiados na área da reabilitação cardíaca e do papel do exercício
terapêutico na regeneração endotelial. Temos também a firme convicção de
continuar com os trabalhos que temos realizado sobre os determinantes da
propriocepção articular.
A definição de temas interessantes é complexa,
depende de vários fatores inclusivamente da motivação intrínseca do
investigador. No entanto, não podemos ignorar que existem áreas/temas mais
suscetíveis de receberem financiamento do que outras e que este também é um
fator a pesar na altura de definir áreas/projetos/linhas de investigação.
Prof. Doutor Fernando Ribeiro
Docente no Instituto Politécnico de Saúde do Norte, CESPU, crl e
Investigador no Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer da
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Fernando Ribeiro é Licenciado em Fisioterapia, Mestre em Ciências
do Desporto especialização em Atividade Física para a 3ª Idade, tendo realizado
o seu Doutoramento em Atividade Física e Saúde, financiado pela Fundação para a
Ciência e Tecnologia (FCT), na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
com investigação na área da reabilitação cardíaca. É atualmente investigador
responsável/participante de vários projetos de investigação financiados pela FCT
e QREN e pelo CITS. É revisor de várias revistas cientifica nacionais e
internacionais. Desde 2007, publicou 33 artigos científicos em coautoria e 1
editorial a convite em revista com revisão entre pares, 39 resumos em revistas
indexadas/atas de congressos, 2 capítulos de livros internacionais e de 61
comunicações (poster ou orais) em congressos nacionais e internacionais. Tem experiência de ensino em cursos de pré e
pós-graduação.
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