A bursite é a inflamação de uma bolsa
(um fino saco de líquido sinovial). Estas bolsas
estão localizadas nos pontos de fricção, especialmente onde há tendões ou músculos
que passam por cima do osso, e têm como principal função diminuir o atrito
entre estas estruturas. Embora uma bolsa geralmente contenha muito pouco
líquido, no caso de se lesionar pode inflamar e encher-se de líquido, causando
a bursite.
No entanto, neste caso específico, tem-se vindo a
descobrir que não é tanto a bolsa trocantérica (localizada sobre a proeminência
óssea do grande trocanter e sob o médio nadegueiro e tensor da fascia lata, na
face lateral da anca) mas sobretudo outros tecidos desta região, como músculos, tendões
e fáscias, que poderão estar na origem dos sintomas.
Assim tem-se introduzido o termo mais genérico Síndrome de dor trocantérica em
vez de apenas bursite trocantérica.
Esta lesão pode resultar de um traumatismo agudo ou de
micro-traumas provocados por esforços repetitivos. Os traumatismos agudos incluem contusões por quedas,
em desportos de contacto e outras fontes de impacto. Os micro-traumas
provocados por esforços repetitivos incluem a irritação da bolsa trocantérica devido ao atrito
provocado pela banda ílio-tibial, que é uma extensão do tensor da fáscia lata,
com consequente lesão desta estrutura muscular. Essa irritação, repetitiva e cumulativa, ocorre muitas vezes em corredores e outros desportistas, mas também pode ser
vista em indivíduos menos activos.
Outros factores predisponentes incluem uma discrepância no
comprimento dos membros, fraqueza
muscular do abdutor da anca, e cirurgia com abordagem lateral da anca. Cerca de 80% dos casos
de síndrome de dor trocantérica ocorrem em mulheres.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
Nos casos de traumatismos agudos, o paciente pode lembrar-se do impacto que causou a lesão.
- Dor aguda na região lateral da anca, agravada pela pressão sobre a extremidade óssea do grande trocanter.
- A dor pode irradiar para baixo pela face lateral da coxa, geralmente não passando para baixo do joelho.
- A dor piora quando está deitado de lado, sobre a anca afectada.
- Poderá acordar de noite por causa da dor.
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e
exame atento à anca são geralmente suficientes para diagnosticar a síndrome de
dor trocantérica. Uma
ecografia ou RM poderão ser pedidas para diferenciar quais as estruturas
afectadas.
Tratamento
A maioria dos pacientes com síndrome de dor trocantérica reage bem ao tratamento com fisioterapia. O tratamento, no caso de ser
uma lesão aguda, tem como objectivo inicial controlar os sinais inflamatórios,
através de:
Descanso: Evite caminhar e
estar muito tempo de pé. Andar a pé pode significar um
agravamento da sua lesão. Se necessário numa fase
inicial, use canadianas
Gelo: Aplique uma
compressa de gelo na área lesada,
colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
Repita 2 a 3 vezes por dia.
Analgésicos e
anti-inflamatórios não-esteróides poderão ser receitados pelo médico para
controlar o processo inflamatório e aliviar as dores.
Assim que os
sintomas diminuírem, deve ser iniciado um programa de fisioterapia. As técnicas
que revelam maior eficácia nesta condição:
- Exercícios de alongamento progressivo, principalmente do tensor da fáscia lata.
- Aplicação de ultra-som e TENS poderá ser benéfica para aliviar a dor.
- Exercícios de fortalecimento dos abdutores da coxa, sobretudo o glúteo médio, serão necessários para o retorno à actividade e para diminuir o risco de recidivas.
- A aplicação de gelo no final dos exercícios para prevenir sinais inflamatórios.
Caso nenhuma destas intervenções for eficaz,
injecções de uma mistura de corticosteróides e anestésicos locais aplicadas na
zona inflamada por um ortopedista poderão aliviar a dor e a inflamação, no
entanto a sua acção é apenas temporária.
Exercícios terapêuticos para a síndrome de dor trocantérica
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma síndrome
de dor trocantérica. Deverão
ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição
de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Auto
massagem dos glúteos
Deitado de lado, com uma bola na região glútea. Com a
ajuda de braços e pernas pressione a bola em pequenos movimentos circulares.
Repita o movimento durante 30 a 90 segundos, desde que não desperte nenhum
sintoma.
Alongamento activo do tensor da fascia lata
Em pé, com a perna
a alongar cruzada atrás da outra. Empurre a anca no sentido da perna a alongar.
Mantenha a posição
durante 20 segundos.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Fortalecimento dos Abdutores da coxa
Sentado, com um elástico à
volta dos joelhos e os pés bem apoiados. Faça força para afastar os joelhos.
Mantenha a posição durante 8 segundos. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.
Antes de iniciar estes exercícios você deve
sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
Butcher JD, Salzman KL, Lillegard WA. Lower extremity bursitis. Am Fam
Physician. 1996 May 15;53(7):2317-24.
Paluska SA. An overview of hip injuries in running. Sports Med. 2005;35(11):991-1014.
1 comentário:
há 3 anos sofro com bursite trocanderica, ou peridentinite do glúteo mínimo e médio do quadril esquerdo(resultados da RM) JÁ TENTEI DE TUDO, ATE TOC, infiltrações, etc, e nada resolveu. Não existe cirurgia para esses casos? Me sugeriram PRP, adiantaria? Tenho 51 anos, sexo feminino, e não adepta a esportes . Aguardo resposta. joseluiz-rosi@ig.com.br
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