A espondilolistese é um termo médico utilizado para descrever o
deslizamento anormal de uma vértebra em relação à vértebra que se posiciona
imediatamente abaixo desta. Este deslizamento acontece quando a parte posterior
da coluna lombar (onde se forma o canal medular) perde a sua integridade,
permitindo o deslizamento anormal de uma vértebra sobre a outra, que geralmente
se dá no sentido anterior (anterolistese) mas também poderá acontecer no
sentido posterior (retrolistese).
À perda de integridade do arco posterior da coluna
dá-se o nome de espindolólise, e esta é a principal causa da espondilolistese.
A espondilólise é
muito comum e, como na maioria dos casos é assintomática, muitas vezes é
identificada por acaso, num exame de imagem direccionado a outro problema. No
entanto, à medida que esta se desenvolve, o tecido fibroso que liga o centro da
vértebra ao arco dorsal vai-se tornando mais fraco. Condições como pequenos
traumatismos ou mesmo ficar de pé muito tempo podem provocar ainda mais
fragilidade, que por sua vez leva à instabilidade das vértebras lombares,
resultando por fim numa espondilolistese verdadeira.
A incidência
de espondilólise é 3-6% na população em geral. A prevalência é maior nos
adolescentes com doença de Scheuermann, atletas e ginastas (até 12%), e jovens
do sexo feminino. O risco da espondilólise progredir para uma espondilolistese
é de cerca de 4-5%, e esta é mais comum entre as vértebras L4-L5 e L5-S1.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
- Dor na lombar, que piora com a actividade e pode ter associada compressão da raiz nervosa, levando irradiação da dor e dor ciática.
- Alterações sensoriais decorrentes da compressão do nervo.
- Atrofia muscular dos glúteos.
- Nos casos mais graves, pode observar-se alteração dos esfíncteres anal e uretral, devido à compressão da cauda equina.
- As crianças e adolescentes costumam ter postura anormal (aumento da lordose lombar) e uma forma característica de caminhar.
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica,
exame da anca, lombar e sacroiliaca, exame neurológico e postural são necessários para ajudar ao diagnóstico de uma espondilolistese. A confirmação do diagnóstico muitas vezes
começa com um raio-X à coluna lombar, no entanto, a ressonância
magnética (RM) é o principal meio de diagnóstico,
pois permite visualizar a articulação, nervos e
estruturas adjacentes em detalhe.
Tratamento
O tratamento conservador
é usualmente indicado quando o deslizamento equivale a menos de 50% do tamanho
do corpo vertebral e em que os sintomas neurológicos não existem ou são
reduzidos. O tratamento inicial deve incluir:
- Repouso, evitando movimentos como o de elevação, flexão para a frente com os joelhos esticados e todos os desportos.
- O seu médico poderá prescrever medicamentos anti-inflamatórios para controlar a infecção e diminuir a dor
- Uma infiltração com cortico-esteróides pode ser aplicada por um ortopedista, sobretudo se o paciente apresentar dor pela perna ou dormência.
- Poderá ser usada uma cinta de suporte lombar para evitar o movimento excessivo entre as vértebras. Assim que os sintomas aliviarem a cinta deve ser progressivamente retirada.
- Exercícios de correcção postural, e fortalecimento dos músculos abdominais profundos para promover a estabilização da coluna vertebral e a redução da dor
- Fazer exercício na bicicleta estática pode ser benéfico, pois promove a flexão da coluna, evitando uma lordose exagerada, e não implica impactos sobre a coluna, como a corrida ou desportos de contacto.
Quando o deslizamento é maior
que 50% do tamanho da vértebra e os sintomas neurológicos afectam a qualidade
de vida a cirurgia será o tratamento mais adequado. As vértebras afectadas
são fixadas às vértebras adjacentes, que estejam normalmente alinhadas. Geralmente
o disco intervertebral também é removido. Apesar de terem bons resultados a
longo prazo, principalmente em jovens atletas, este tipo de cirurgias é
complexo e pode levar a possíveis complicações, como pseudartrose, compressão
nervosa ou pé pendente, a decisão de se submeter a cirurgia deverá ser bem
ponderada e todas as opções de tratamento não cirúrgico deverão ter sido
tentadas anteriormente.
Exercícios terapêuticos para a espondilolise e espondilolistese
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação, por
tratamento conservador, de uma espondilolise/espondilolistese. Deverão ser
realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Posição de congruência das facetas articulares
Deitado, apoie-se
nos cotovelos. Mantenha a posição durante 30 a 90 segundos. Retorne lentamente
à posição inicial.
Repita entre 2 a 4 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Rotação
da coluna lombar
Deitado, com os joelhos dobrados e os braços ao
longo do corpo. Rode ambas as pernas para um lado, depois para o outro.
Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Fortalecimento do transverso do abdómen
Deitado, com o
elástico à volta da cintura. Pressionar o fundo das costas contra o chão e
tentar diminuir o diâmetro da cintura. Mantenha a contracção durante 8
segundos. Retorne lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 e 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Antes de iniciar estes exercícios você deve
sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
Kalichman L, Hunter DJ. Diagnosis and conservative management of
degenerative lumbar spondylolisthesis. Eur Spine J. 2008 Mar;17(3):327-35.
Cohen SP, Raja
SN. Pathogenesis, diagnosis, and treatment of lumbar zygapophysial (facet)
joint pain. Anesthesiology.
2007 Mar;106(3):591-614
5 comentários:
Bom dia
Meu nome é Vanessa, tenho 36 anos e tenho espondilolistese grau 2. Desde criança eu era atleta e não sei o real motivo de ter esse problema.
Há 13 anos fui proibida de praticar o surf e jiu jitsu. Com isso, tive muito aumento de peso, enfraquecimento dos músculos e dificuldade de alongamento.
Há um ano iniciei re educação alimentar e agora dentro do meu peso gostaria muitooooo de voltar as atividades. Porém fui liberada com cautela por 2 ortopedistas que consultei, mas contradiz oque os fisioterapeutas me falam. Eles alegam que irá piorar minha listese se eu fortalecer abdômen e não seria bom eu voltar a praticar nenhuma das duas modalidades.
E agora??? Como devo fazer para fortalecer os músculos sem me prejudicar? Não posso mesmo fortalecer abdômen????? Me ajudem, por favor!!!! Obrigada.
E-mail: nessinhadallegrave@gmail.com
Boa noite! Vanessa dallegrave, sua duvida também é a minha. Qual tipo de exercícios podemos fazer, porque os ortopedistas me disseram que nem caminhada posso fazer..
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Olá. Vocês devem sim fortalecer a musculatura profunda para estabilizar as vértebras. O trabalho de recuperação da força muscular e necessário sim, além de o objetivo ser a retomada das funções e movimentos hoje comprometidos. O Pilates tem uma metodologia para este tipo de quarto e recuperação da função perdida. Mas tem que ser com um bom profissional. Vcs moram onde? Em qual cidade?
Olá meu nome é Rachel, meu diagnóstico do raio x foi esse "Acentuação da lordose lombar! Espondilolistese grau 1 de L5 sobre S1. Associado a espondilólise. Discopatia degenerativa em L5-S1." Sinto muita dor por causa do frio e estou acima do peso, e estou fazendo caminhada porém comecei notar que também me dói aí a fisioterapeuta diminuiu as caminhadas tipo um dia outro não e também não caminhar mais que meia hora. Caminhei ontem e hoje numa frequência rápida e começou a me doer e também deu pra doer as pernas de vez em quando..
Eu não posso fazer caminhadas? Minha ortopedista diz que tenho que fazer musculação para fortalecer a musculatura... Esse meu diagnóstico é grave ou eu tratando com fisioterapia vai melhorar as dor? Tô fazendo dieta porque preciso emagrecer por causa do peso... Como faço pra melhorar as dor? Eu sou ansiosa também fico nervosa acho que isso piora também...me de uma Luz! Trabalho com limpeza... Será que devo usar cinta pra corrigir a postura durante o trabalho?
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