Entrevista com:
Fisioterapeuta João Tedim
Fisioterapeuta João Tedim
P.: Para a maioria da
população geral, a osteopatia ainda é pouco conhecida. Consegue resumir-nos os princípios gerais da osteopatia e explicar-nos as principais diferenças para a fisioterapia convencional?
A Osteopatia é uma
abordagem de diagnóstico e terapia manual das disfunções de mobilidade
articular e tecidular em geral, no que diz respeito à sua influência no
aparecimento das patologias.
É uma escola de medicina que se baseia na teoria de que o
corpo é um organismo vital onde a estrutura e a função estão em relação direta.
A doença é uma alteração desta relação, e o papel da Osteopatia é uma correção
manipulativa dessas anomalias.
A Osteopatia foi
desenvolvida pelo médico Dr. A. T. Still desde 1874 nos Estados Unidos, como
uma disciplina da medicina, tendo criado a primeira escola em 1892. Desde então
foi sendo desenvolvida e espalhada por todo o mundo, sendo considerado um
método de tratamento holístico, completo e global.
Desde o seu início, a Osteopatia apoia-se em 4 princípios
fundamentais:
• A
estrutura governa a função: se a estrutura (ossos, músculos, órgãos…)
apresentarem boa mobilidade, a sua função (de mobilidade, respiratória,
cardíaca, digestiva…) será a desejável e a doença será prevenida.
• A
unidade do corpo: o bem-estar do ser humano é ótimo quando existe
equilíbrio no organismo (orgânico, articular, postural, Homeostasia).
• A lei
da artéria: o sangue é o meio de transporte dos elementos que asseguram a
imunidade natural do organismo. Uma alteração leva a uma pobre circulação
arterial, e como consequência o retorno venoso será mais lento e provocará
acumulação de toxinas, o que facilita o aparecimento da patologia.
• A lei
da auto-cura: se todas as condições anteriores estiverem presentes, o corpo
tem em si mesmo todos os meios e a capacidade para eliminar ou suprimir a
patologia e a ausência de saúde.
A patologia/ doença é uma reação
total do organismo, uma vez que uma estrutura ou uma função anormal de uma
parte do corpo terá uma influência anormal sobre o corpo inteiro.
A disfunção osteopática (articular, fascial, visceral ou
craneal) pode ser definida como uma alteração da mobilidade de um tecido ou
elemento articular, e o tratamento manual da disfunção consiste na normalização
da função, que interrompe o arco reflexo patológico e favorece a resolução
total ou parcial do processo patológico.
O tratamento é feito através de manipulações articulares,
técnicas estruturais, funcionais, articulatórias, de stretching, de
músculo-energia, miofasciais…
São indicações do
tratamento osteopático:
• Disfunções
Músculo-Esqueléticas: todos os tipos de dores na coluna (cervical,
torácica, lombar, bacia) protusão e hérnia discal, pubalgia, bloqueios
articulares, alterações fasciais, posturais…
• Disfunções
Viscerais: refluxo gastro-esofágico, hérnia de hiato, alterações
respiratórias e cardíacas, prostatites, cistites, alterações de fígado e
vesícula biliar, ptose abdominal, obstipação intestinal (prisão de ventre)
• Disfunções
Craneanas: cefaleias e enxaquecas, distúrbios visuais e auditivos, otites,
rinites, zumbidos, acúfenos, alterações vestibulares e do equilíbrio,
vertigens, disfunções da articulação temporo-mandibular (dor ao mastigar, abrir
a boca…)
• Disfunções
Ginecológicas: alterações do ciclo menstrual; síndrome pré-menstrual; dores
menstruais, alterações hormonais, incontinência urinária e outras alterações
urinárias, infertilidade
Acima de tudo, a grande diferença em
relação à Fisioterapia convencional, é a importância que a Osteopatia dá à
componente craneal e visceral e as suas relações/ influências no sistema
músculo-esquelético e no aparecimento da dor e das disfunções orgânicas.
P.: Tem aplicado
técnicas de osteopatia a mulheres com dificuldade em engravidar. Pode
explicar-nos qual foi o seu raciocínio clínico para começar a adotar este tipo
de intervenção?
Tudo começou quando surgiu na família um caso de infertilidade
em que a abordagem médica tinha fracassado.
Portanto, tendo em conta os princípios da Osteopatia que referi
anteriormente, se os elementos que contribuem para o bom funcionamento do
aparelho reprodutor feminino apresentarem boa mobilidade, se forem bem
inervados e irrigados, em teoria funcionariam bem!
Assim, fiz a minha avaliação e verifiquei que de facto alguns
dos elementos estavam em disfunção, facto que fui verificando nas várias
pacientes em que intervim. E ao ir normalizando estas disfunções, os resultados
foram surgindo!
P.: E resultados?
Sabendo que existem ainda poucos estudos que avaliem este tipo de intervenção,
é um objetivo seu fazer investigação nesta área? Em que moldes?
Os resultados são muito, muito positivos! Até ao momento, a
grande maioria dos casos tiveram sucesso!
De facto, é meu objetivo fazer uma investigação científica
válida que comprove os bons resultados deste tipo de abordagem, muito
provavelmente será o tema da minha tese de doutoramento.
A investigação nesta área é quase inexistente, uma vez que é
muito difícil comprovar objetivamente e controlar todas as variáveis que
interferem com esta disfunção.
Mas, com muito trabalho tudo se faz!!
P.: Para as leitoras que estão a tentar engravidar, pode dar algumas dicas úteis?
Um aspeto fundamental que, não só a mulher, mas o casal deve ter
muito em conta, é que o stress e a ansiedade perante a situação de
infertilidade é um fator muito prejudicial. Para além disto, é preciso ter em
conta, que o problema não é sempre da mulher! Pode ser do homem, ou até mesmo
dos dois. Por isso é necessário fazer um estudo para identificar “quem é o
problema”. Também o stress laboral ou social é um fator prejudicial.
Ao nível da alimentação, é benéfico ter uma dieta saudável e
equilibrada de forma a não sobrecarregar os outros sistemas. Devem ser evitados
os lácteos, os açúcares e o álcool.
E por fim, consultar um osteopata para obter ajuda.
Fisioterapeuta João Tedim
Fisioterapeuta e Osteopata na Clínica de Fisioterapia e
Recuperação da Maia
Fisioterapeuta do clube de andebol Maiastars
Docente da Licenciatura em Fisioterapia – Universidade Fernando Pessoa
Docente da Pós-Graduação em Reabilitação no Desporto – Universidade Fernando Pessoa
Membro diretivo do Grupo de Interessem em Terapia Manual da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas
Fisioterapeuta do clube de andebol Maiastars
Docente da Licenciatura em Fisioterapia – Universidade Fernando Pessoa
Docente da Pós-Graduação em Reabilitação no Desporto – Universidade Fernando Pessoa
Membro diretivo do Grupo de Interessem em Terapia Manual da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas
Resumo curricular
Licenciado em Fisioterapia – Universidade Fernando Pessoa
Certificate in Orthopaedic Manual Therapy – Curtin University, Australia
Osteopata C.O. – Escuela de Osteopatia de Madrid
Master en Técnicas Osteopáticas del Aparato Locomotor - Escuela de Osteopatia de Madrid / Universidade de Girona
Licenciado em Fisioterapia – Universidade Fernando Pessoa
Certificate in Orthopaedic Manual Therapy – Curtin University, Australia
Osteopata C.O. – Escuela de Osteopatia de Madrid
Master en Técnicas Osteopáticas del Aparato Locomotor - Escuela de Osteopatia de Madrid / Universidade de Girona
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