A fasceíte plantar é uma lesão por esforços repetidos sobre a fáscia plantar (uma forte tira de tecido, como um ligamento, que
se estende desde o calcanhar até os
ossos do médio-pé). A fáscia
plantar suporta e dá forma ao
arco plantar e também age como um
amortecedor de choques durante a marcha, a corrida e qualquer actividade que
envolva impacto do pé no solo.
Apesar de fasceíte (como tendinite) levar a pensar em
inflamação, esta raramente está presente. Cargas frequentes sobre a fáscia causam micro-rupturas (com ou sem inflamação
associada), que evoluem rapidamente
para um processo degenerativo do tecido conjuntivo na fáscia. Nesta fase é dado o nome de tendinose em vez de uma tendinite.
A maior incidência é sobre as mulheres, entre os 30 e
os 60 anos, mas pode surgir em homens e em idosos. Como é uma lesão originada
por esforços repetidos também é muito comum entre desportistas, pelo que estes
devem procurar calçado desportivo que tenha um bom suporte para o arco plantar,
procurar pisos regulares para praticar desporto e alongar regularmente os
músculos do tendão de Aquiles (barriga da perna), de forma manter uma boa
amplitude de movimento.
Alguns factores de risco comuns incluem:
- Obesidade,
- Profissão que obrigue a estar em pé durante longos períodos de tempo,
- Esporão do calcâneo,
- Pés chatos,
- Pouca amplitude da flexão do pé.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
- Dor no calcanhar nos primeiros passos depois de levantar da cama ou após longos períodos sem peso sobre o pé
- Sensibilidade ao toque na planta do pé, na zona imediatamente à frente do calcanhar
- Amplitude de flexão do pé diminuída e/dor ao estiramento da planta do pé
- A pessoa pode claudicar ou andar mais sobre a ponta do pé
- A dor agrava quando se tenta andar descalço em pisos duros ou subir escadas
- Muitos pacientes referem ter tido um aumento no seu nível de actividade antes do início dos sintomas
- Padrão de marcha característico
O diagnóstico é baseado nos sintomas
e na avaliação
clínica. Os pacientes podem apresentar
um ponto de maior sensibilidade junto à tuberosidade medial do calcâneo. A dor
na fáscia plantar é particularmente evidente com a flexão dorsal do pé e dos
dedos, que provoca o estiramento da fáscia. O exame clínico tem em consideração,
entre outros, o historial médico do paciente, o nível de actividade física e os
sintomas locais. O médico pode optar por utilizar estudos de imagem como raio-x,
ecografia e ressonância magnética em lesões crónicas.
Tratamento
O tratamento conservador (sem recorrer a cirurgia) é quase sempre bem sucedido, no entanto a fáscia, assim como os ligamentos, leva bastante tempo a curar na totalidade. Está descrito que a maioria dos pacientes estará melhor nove meses após o início dos sintomas. No entanto uma combinação de diferentes tratamentos pode ajudar a acelerar a recuperação.
Os tratamentos que demonstraram ter maior eficácia para a fasceíte
plantar:
- Alongamento da fáscia plantar e do tendão de Aquiles (exercícios descritos abaixo)
- Mobilizações e manipulações da articulação do tornozelo e da articulação entre o calcanhar e o tálus (ou astrágalo) demonstraram poder aliviar a dor por completo ao final de 6 tratamentos.
- Ionização com ácido acético combinada com ligadura de tape para descompressão da região plantar demonstraram reduzir a dor ao final de 4 semanas
- Palmilha para suporte do arco plantar revela eficácia no retorno à actividade normal
A cirurgia pode ser considerada em casos muito difíceis, geralmente é recomendada somente se a dor não diminuiu após 6-12 meses com tratamentos conservadores. A
fasciotomia implica o destaque parcial da fáscia plantar da sua inserção no osso. Também pode envolver a remoção de um esporão no calcâneo, se este estiver presente. A cirurgia nem
sempre é bem sucedida, e
pode causar algumas complicações, como infecção, aumento da dor, lesões
dos nervos nas proximidades, ou ruptura da fáscia plantar, assim deve ser
considerada como um último recurso.
Exercícios terapêuticos para a fasceíte plantar
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma
fasceíte plantar. Deverão
ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição
de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Alongamento da planta do pé
Em pé, com a perna esticada, apoie o calcanhar no chão
e a ponta do pé na parede, o mais alto que conseguir, dentro do limite do
confortável. Mantenha essa posição por 20 segundos.
Repita entre 3 a 6 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Alongamento
dos gémeos
De pé,
com as mãos ao nível dos ombros apoiadas na parede. Colocar a perna a alongar
esticada e atrás, dobrar à frente o joelho da outra perna, com as costas
alinhadas. Mantenha essa posição por 20
segundos.
Repita entre 3 a 6 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Reforço muscular dos
gémeos
Em pé,
apoiado numa cadeira, coloque-se em pontas dos pés. Desça lentamente até todo o
pé apoiar no chão. Repita este movimentos entre
8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.
Antes de iniciar estes exercícios você deve
sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
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